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O trabalho é realizado pelas pessoas criadas à imagem de Deus que são chamadas a prolongar, ajudando-se mutuamente, a obra da criação. O trabalho honra, portanto, os dons do Criador e os talentos recebidos. O valor principal do trabalho está ligado ao próprio homem que é seu autor e destinatário. “O trabalho é para o homem, e não o homem para o trabalho”. Assim, diz São João Paulo II, na encíclica Laborens exercens.
O que diz a Bíblia sobre o trabalho
Na Bíblia são frequentes as referências ao trabalho.
No Antigo Testamento aparecem diversas profissões exercidas pelo homem; por exemplo: o médico (Eclo 38,7), o farmacêutico (Eclo 38,7), o artesão-artista (Ex 31,1-5), o artífice do ferro (Is 44, 12) - esta expressão poder-se-ia referir ao trabalho do operário siderúrgico de hoje - o oleiro (Jr 18, 3-4), o agricultor (Is 5, 1-2), o estudioso (Ecl 39, 1-8), o navegador Sl 107 (108), o trabalhador da construção (Gn 11, 3), o músico (Gn 4, 21), o pastor ( Ex 3, 1; 1 Sm 16, 11) e o pescador (Ez 47, 10).
E são conhecidas as belas palavras dedicadas ao trabalho das mulheres (Pr 31, 15-27).
No Novo Testamento, o próprio Jesus, nas suas parábolas sobre o Reino de Deus, refere-se constantemente ao trabalho humano: o trabalho do pastor (Jo 10, 1-16), do agricultor (Mc 12, 1-12), do médico (Lc 4, 23), do semeador (Mc 4, 1-9), do servo (Lc 12, 42-48), do administrador ( Lc 16, 1-8), do pescador ( Mt 13, 47-50), do comerciante (Mt 13, 45-46), e do lavrador (Mt 20, 1-16).
E fala também das diversas atividades das mulheres (Mt 13, 33; Lc 15, 8-9).
Apresenta o apostolado sob a imagem do trabalho braçal dos ceifeiros (Mt 9, 37; Jo 4, 35-38) ou dos pescadores (Mt 4, 19). E, enfim, refere-se também ao trabalho dos estudiosos (Mt 13, 52).
Em Atos dos Apóstolos, uma mulher, Lídia, da cidade de Tiatira, era comerciante de púrpura (At 16,14). Também em Atos, Paulo forma equipe com Priscila e Áquila na fabricação de tendas e velas de barcos (At 18,3).
Cristo, o homem do trabalho: muitos dos seus primeiros ouvintes em Nazaré “ficavam admirados e exclamavam: " Donde lhe veio tudo isso? E que sabedoria é essa que lhe foi dada? ... Porventura não é este o carpinteiro " ...?”.
Em Atos dos Apóstolos, uma mulher, Lídia, da cidade de Tiatira, era comerciante de púrpura (At 16,14). Também em Atos dos Apóstolos, Paulo forma equipe com Priscila e Áquila na fabricação de tendas e velas de barcos (At 18,3).
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O trabalho e a justiça na Doutrina Social da Igreja
Para a Igreja, a vida em sociedade deve cumprir os requisitos da justiça, fomentando a verdadeira liberdade e afirmando a dignidade humana. Assim, o trabalho é fundamental para a vida humana.
Rerum Novarum (Das Coisas Novas), Leão XIII, 1891
Esta encíclica trata das injustiças e desigualdades da Revolução Industrial, observando as soluções falhas do socialismo e da luta de classes. O Papa Leão XIII defende os direitos dos trabalhadores afirmando a dignidade do trabalho, o direito à propriedade privada e a formação de associações profissionais.
Quadragesimo Anno (Quadragésimo Ano), Pio XI, 1931
Quarenta anos depois da Rerum Novarum, esta encíclica discute as falhas do socialismo e do liberalismo econômico. A Igreja é chamada a falar sobre questões sociais. O Papa Pio XI pede um restabelecimento da ordem social, com base no princípio da subsidiariedade, frente às crescentes concentrações de riqueza e poder no mundo.
Mater et Magistra (Mãe e Mestra), João XXIII, 1961
A encíclica confirma a Igreja como mestra e guardiã dos pobres e oprimidos. O Papa João XXIII pede às pessoas que vivam como comunidade e trabalhem pelo bem comum. Dá atenção especial à situação dos agricultores em economias agrícolas em depressão.
Pacem in Terris (Paz na Terra), João XXIII, 1963
O Papa João XXIII examina as relações em vários níveis: entre indivíduos, comunidades e nações. A encíclica fala da necessidade de proteger os direitos humanos e destaca como a paz se baseia na confiança mútua, alcançada através da unidade dos assuntos humanos e fundamentada no respeito mútuo e na lei de Deus.
Populorum Progressio (O Desenvolvimento dos Povos), Paulo VI, 1967
Esta encíclica dirige atenção à crescente marginalização dos pobres. O Papa Paulo VI explora os elementos essenciais do desenvolvimento humano integral e as condições necessárias para o crescimento solidário entre todos os povos.
Laborem Exercens (Sobre o Trabalho Humano), João Paulo II, 1981
O Papa João Paulo II convida os fiéis a se envolverem na transformação dos sistemas socioeconômicos. A encíclica ressalta a importância do trabalho como fundamento da existência humana, e cujo significado só pode ser entendido quando a dignidade do trabalho é enfatizada.
Sollicitudo Rei Socialis (A Solicitude Social da Igreja), João Paulo II, 1987
Continuando o tema do desenvolvimento da Populorum Progressio, o Papa João Paulo II analisa o estado do desenvolvimento global nos últimos 20 anos. Nesta encíclica, ele ressalta a importância da necessidade de considerar a natureza moral do desenvolvimento, a plenitude do ser.
Centesimus Annus (Centésimo Ano), João Paulo II, 1991
Publicada no 100º aniversário da Rerum Novarum, esta encíclica faz uma crítica aos atuais sistemas econômicos, observando que em alguns sistemas, a necessidade humana coletiva não pode ser atendida por meio de seus mecanismos. João Paulo II conclama as nações a investirem no bem comum da humanidade.
Deus Caritas Est (Deus É Amor), Bento XVI, 2005
Compreendendo o amor de Deus pela humanidade, o mandamento do amor suscita um compromisso renovado como resposta a esse amor. Esta encíclica articula a atividade caritativa da Igreja como expressão do amor de Deus. A caridade deve fundamentar-se no encontro pessoal com Cristo, que desperta o sentido do amor ao próximo.
Caritas in Veritate (A Caridade na Verdade), Bento XVI, 2009
O Papa Bento XVI aprofunda os ensinamentos sociais da Igreja, fundamentando-os no amor e na verdade. A justiça está ligada à caridade e os fiéis são chamados a praticar a justiça para o bem comum. A construção de um futuro de paz, justiça e amor depende dos valores fundamentais da justiça e da caridade.
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O Papa Francisco fala, em diversos momentos, sobre o trabalho. Diz ele:
“E Deus criou” (Gn 1, 27). Um Criador. Criou o mundo, criou o homem, e deu ao homem uma missão: administrar, trabalhar, continuar a criação. A Bíblia usa trabalho para descrever esta atividade de Deus: “Tendo Deus acabado no sétimo dia a obra que fizera, descansou de todo o seu trabalho” (Gn 2, 2). E confia esta atividade ao homem: “Tendes de fazer isto, conservar aquilo, trabalhar para criar comigo - como se tivesse dito assim - este mundo, para que continue” (cf. Gn 2, 15.19-20). A tal ponto que, o trabalho é apenas a continuação da obra de Deus: o trabalho humano é a vocação do homem recebida de Deus no fim da criação do universo (Papa Francisco, “O trabalho é a vocação do homem”,1º de maio de 2020)
