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“Brain rot”: a podridão cerebral de uma vida iluminada pelo brilho das telas

 

Foto: Pexels

O dicionário de Oxford, baseado na opinião de especialistas, anunciou que a palavra do ano de 2024 é brain rot (“podridão cerebral”). Mas, por que "podridão cerebral"?

Esta suposta degradação cerebral ou intelectual é atribuída ao consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade, considerado trivial ou pouco desafiador, que experimentamos na era digital. 

Um dos sinais da podridão cerebral é o vício em redes sociais. O resultado é que esse ritmo acelerado da vida digital sobrecarrega o sistema nervoso, causando intensa ansiedade e estresse.

Do ponto de vista social e político, as democracias estão ameaçadas mundo afora pela incapacidade de pensamento de grande parte da população (Hannah Arendt).

Vale destacar que somos uma sociedade cada vez mais acelerada. Desse modo, como nos autoconstruir e nos realizar, se o pouco tempo que temos é ocupado com coisas que não edificam, mas apenas nos mantém distraídos e eternos fugitivos de nós mesmos?

É oportuno relacionar os desafios do presente com as ideias do sociólogo alemão Hartmut Rosa sobre a aceleração social. Segundo ele, o fenômeno da aceleração pode ser dividido em três aspectos:

1º) aceleração técnica — o uso de aparatos tecnológicos para encurtar o tempo gasto em atividades como transporte, produção e comunicação; 
2º) aceleração das transformações sociais — o aumento do ritmo das transformações nas estruturas políticas, culturais, religiosas e científicas; 
3º) aceleração do ritmo de vida — o aumento da frequência de ações e vivências por unidade de tempo.

Falta tempo

Isso nos leva à sensação de falta de tempo, algo muito comum hoje em dia. Os dias ainda possuem 24 horas, mas, em nossa percepção, parecem ter apenas 18 horas — ou, para alguns, até menos. Portanto, não são os dias que estão mais curtos, mas sim que eles estão mais atarefados como nunca na história.

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No contexto em que somos afetados por um turbilhão de informações, torna-se cada vez mais difícil o ser humano se esculpir como pessoa. Somos moldados pelas cobranças e metas impostas pelos superiores e, se não bastasse, como carrascos de nós mesmos, dobramos esses objetivos e nos esquecemos de que somos seres limitados. Admitir isso é o começo da cura para a sociedade da aceleração e do cansaço (Byung-Chul Han).

É essencial questionar um estilo de vida que tem apenas potencializado doenças como a depressão, a ansiedade e a Síndrome de Burnout. Portanto, enquanto sociedade, as questões centrais sobre esse tema são: como puxar o freio de mão e refletir sobre o que nos tornamos? 

Vida offline

Especialistas orientam sobre a necessidade de estabelecer um limite para o tempo de tela. Nesse sentido, uma boa dica é silenciar aplicativos e notificações que te causam distração. Portanto, precisamos resgatar antigos hábitos não digitais, tais como: a prática de algum esporte, ouvir boas músicas, praticar a meditação, ler livros, “jogar conversa fora” com os amigos, etc. Uma vida mais offline vale a pena! Experimente.

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Autoconhecimento e uma vida menos online são caminhos que contribuem para uma vida mais potente e com menos “degeneração cerebral”.

Por último, e não menos importante, precisamos pensar em uma felicidade mais coletiva e menos individualista. Essa é uma das alternativas para atenuarmos os impactos negativos de uma sociedade dominada pelas big techs.

Por fim, nos resta uma terrível certeza: quando trocamos o brilho do olhar pelo brilho das telas, isso é um grande sinal de que algo na existência humana não está nada bem. 

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