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Com muita frequência ouço jovens e adultos pronunciarem a frase “minha vida, minhas regras” e fico me perguntando até que ponto merece credibilidade. 

Pois bem, sabemos que a vida não se resume em uma escolha, mas sim, em um dom. Se quiseres fazer a experiência, fique 10 minutos com o seu nariz e a boca fechados e você morrerá por falta de ar. Mas te pergunto: quem te oferece, de modo gratuito e incondicional, esse mesmo ar? Já experimentou ficar dias sem comer? E pergunto novamente: quem te oferece o alimento que chega até a sua mesa para saciar a sua fome?

Recentemente vivi uma experiência muito interessante, pois, ao entrar em um restaurante para almoçar, o garçom me apresentou o cardápio e disse que eu podia fazer a combinação que eu desejasse. Então, logo tracei uma analogia com a Palavra de Deus, pois com Ele não é assim. Nós não vivemos uma religião à la carte, ou seja, só colocar em nosso prato o que nos convém, logo, se eu não quero o Sacramento da Confissão eu não o trago para a minha vida; se não quero receber o Sacramento do Matrimônio, vou viver do meu modo; se eu não quero honrar o domingo, não vou à missa, se faço da minha casa as minhas regras, posso comungar do jeito que eu achar melhor, afinal, quem são os homens para me criticarem? Sou católico sim, e para a estatística do censo do IBGE sou muito importante!

Caríssimos, a vida é exigente, da mesma forma que Deus também é exigente. Não queira viver de futilidades. Não fomos feitos para servir a Deus na vivência de uma  religião fitness, ou light, ou de um Deus que permite todas as coisas, ao contrário, tudo depende de ordem. Pergunto-lhes: Qual é mesmo o lema da nossa bandeira? Pois é, aqui, a ordem também existe. Somos convidados a tentar e não desistir. Temos sede e, por isso, não nos afastamos da nossa fonte.

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O combate que traçamos nunca será com Deus, mas conosco mesmos, com as várias cascas com que vamos nos cobrindo para vivermos de modo superficial e disfarçado. Mas Deus, em sua infinita misericórdia, nos aguarda e nos concede o livre arbítrio. 

De fato, somos livres para fazermos as nossas escolhas, contudo, somos prisioneiros dos nossos resultados. Com a minha experiência profissional, e lá se vão 30 anos de escritório no campo, também, do Direito de Família, vejo muita gente fazer de sua casa a sua própria regra, mas, ainda não conheci ninguém que faça essa escolha de vida, consiga viver de modo livre e, consequentemente, feliz. Quantas perturbações essas famílias vivem no campo da saúde, da paz, do amor.

No entanto, existe um verbo pelo qual sou apaixonada, chama- se recomeçar. Em Deus esse verbo tem ainda mais força e poder. Por isso, seja qual for o seu momento de vida, permita que o Senhor Jesus faça morada em sua casa para que, a partir d’Ele e com Ele, você seja capaz de fazer as melhores escolhas.

Seja corajoso para viver os mandamentos da lei de Deus, seja honesto para recebê-lo em corpo e em sangue, na Eucaristia. Essa é a escolha mais difícil que podemos fazer. Somente os fortes fazem essa escolha  e essa é a nossa decisão.

Às vezes, não colocamos Deus em primeiro lugar porque temos medo de que nos falte o trabalho, o sustento, a família. Mas eu posso te afirmar, quem escolhe Deus tem tudo, nada falta. Quem vive alicerçado na Palavra é revestido de coragem e bravura, não em homens, mas no próprio Senhor Jesus.

Como reflexão, deixo para você o Salmo 90 versículos 1,2,3,4,7,15 e 16, que diz assim:  

"Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, dize ao Senhor: ‘Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio’. É ele que te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com suas plumas; Sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção [...] Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita: tu não serás atingido [...] Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória. Será favorecido de longos dias, e mostrar-lhe-ei a minha salvação".

Por fim, deixo-lhe uma curiosidade: Você sabia que o Código de Direito Canônico protege a nossa fé de modo a tornar imprescritível direitos e obrigações referentes à vida espiritual dos fiéis? Fica a dica que está no Livro 1 - cânon 199, 3º.

Cláudia Maurício Silva é advogada, atuante no campo do Direito Civil e Direito de Família há 30 anos; é professora e doutoranda em Direito Canônico.