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“Santos ao pé da porta”

No calendário tem um dia de todos os santos. Estamos incluídos nesta data porque todos somos chamados a ser santos. E não longe disto, porque a santidade está “ao pé da porta”, como diz o Papa Francisco. Então, aqui também é céu?

Foto: Pexels

Em um de seus mais belos documentos, a Exortação Apostólica sobre ser santo no mundo de hoje, “Gaudete et Exsultate”, o Papa Francisco afirma que o Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte. E diz mais, muito mais.  O Senhor, na história da salvação, salvou um povo. 

Deus salva e santifica um povo

Ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus nos atrai tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular de povo.

A santidade está lá, onde os pais criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. E quando o Papa fala da santidade “ao pé da porta”, ele se refere aos que vivem perto de nós e comunicam a presença de Deus. Quem entende muito disto são os pobres e as crianças.

O Reino pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, aos que o acolhem com um coração simples e humilde. Jesus é enviado para "evangelizar os pobres" (cf. Lc 4,18). Afirma que "o Reino dos Céus é deles" (cf. Mt 5,3), foi aos "pequenos" que o Pai se dignou revelar o que permanece escondido aos sábios e aos entendidos.

Como as crianças entendem de santidade?

Jesus disse que o Reino dos céus é das pessoas que se parecem com as crianças (cf. Lc 18,16). E como elas veem o céu, a santidade?

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Certa manhã Lourdes passou pela igreja e levou consigo seu filho Gabriel, de 4 anos. Enquanto ela rezava, Gabriel passeava pela igreja, olhando tudo. A igreja era linda, nos grandes vitrais imagens de santos e cenas do Evangelho. A atenção de Gabriel ficou presa na beleza da luz do sol cujos raios atravessavam os vitrais.

De vez em quando, ele fazia suas perguntas:

-  Mamãe, o que é isso? O que é aquilo? – Dizia, mostrando os vitrais iluminados. 
A mãe, respondia: 
- São os santos, meu filho. 
E, Gabriel, feliz com a resposta da mãe, corria pelo corredor da igreja.
O tempo passou, Gabriel cresceu e começou a catequese. 
Um dia, a catequista perguntou aos catequizandos:
- Vocês sabem quem são os santos? 
Gabriel, depressa, ergueu o braço. 
- Eu sei...
- Sim? Gabriel, quem são os santos?
- São aqueles que deixam a luz de Deus passar, disse Gabriel.
Bela e sábia resposta. E nós, deixamos passar a luz de Deus em nós?  O que impede que se passe a luz de Deus numa pessoa?  Como recuperar a luz de Deus e comunicá-la?

E o que dizem os pobres?

Documento do Vaticano II, a Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, nos sugere:
“Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo que “participam também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo (LG 12).

Os mais humildes, os pobres, conhecem os sinais de santidade.
Naquele encontro com Jesus (cf. Mc 10, 17-21), alguém manifestou o desejo de herdar a vida eterna. Jesus lhe diz que deve viver os mandamentos. E mais: “Vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me”. Despojar-se, ser pobre, é a condição.

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Numa periferia da grande cidade, anos atrás, no Dia de Todos os Santos, fazia-se a partilha em grupos sobre ser santo. Homem de fé, disse Raimundo:

- Eu entendo assim: nossa santidade começou no Batismo. A gente recebeu acesa a vela da fé, que vai iluminando nossa vida. Vamos vivendo o querer de Deus, seus mandamentos e assim a vela vai se queimando. Vai se gastando... Até que um dia, Deus nos chama definitivamente para si. A vela se apaga. É o que parece.  Na verdade, ela não se apaga! É que a luz da gente se mistura com a luz de Deus! Nós nos misturamos com a luz imensa de Deus. Isto é santidade! Assim, entendemos e vivemos o “Alegrai-vos e exultai! ” de que fala Jesus, no discurso das bem-aventuranças.

Ser santo é viver no céu

O que é céu? Foi falando sobre isto às crianças que Padre Zezinho compôs a bonita música “Aqui também é céu”. Do álbum “Deus é Bonito”. Quem canta são os Canarinhos Liceanos:

“O céu não fica lá em cima. Aqui também é céu. Depende do que a gente faz com a paz que o nosso Rei nos deu”. 

Então, céu não é um lugar?  Conforme o Catecismo da Igreja Católica, “céu" não designa um lugar, mas Deus presente no coração dos justos (cf. CIC 2802). Podemos viver o céu agora, onde estamos, se Deus está no nosso coração.

Deixe que a luz do seu Batismo ilumine cada momento de sua vida. Este é o caminho de santidade. Deixe que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opte por Ele, escolhe Deus sem cessar” (cf. Gl 5, 22-23), diz o Papa Francisco (GE 15). 

E, descubra os santos ao “pé da sua porta”! 

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