São José Maria Tomasi. Foto: teatinos.org
Dizem que o fruto não cai muito longe da árvore. Esse ditado popular se ajusta perfeitamente à vida de São José Maria Tomasi (1649-1713). Natural da Sicília, na Itália, ele cresceu num ambiente muito católico: suas irmãs mais velhas eram religiosas e seu tio era padre teatino. Desde criança, ele já estava habituado ao silêncio, à vida de oração, adorava estudar os textos de liturgia e as línguas antigas.
Não foi difícil decidir seguir a vida religiosa em 1664 em Palermo, na mesma casa onde seu tio era sacerdote, a Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos. Era um homem de grande inteligência e, ao mesmo tempo, de simplicidade: sabia hebraico, aramaico, grego, latim e espanhol. Dedicava grande parte de seu dia para os estudos, frequentando as principais bibliotecas de Roma, buscando principalmente livros antigos, que tinham sido esquecidos.
Ao escavar os textos litúrgicos da Igreja dos primeiros séculos, seu objetivo era atualizá-los para o seu tempo. Queria reconduzir a liturgia romana à sua original pureza e esplendor. Seus estudos lançaram as bases da liturgia cristã e, por isso, foi aclamado como “príncipe da liturgia romana”.
Vigário provincial dos Teatinos do Brasil, padre Lucas Gobbo. Foto: teatinos.org
“Sua contribuição com a Igreja de Roma em questões morais, teológicas e litúrgicas é imensa. Dizemos que ‘a alma de um Teatino é uma alma reformadora’ e José Maria não foi diferente. Antes mesmo do Concílio Vaticano II, já defendia que as missas fossem rezadas ‘vesus popolum’ (de frente para o povo) e na língua vernácula (na própria língua)”, explica o vigário provincial dos Teatinos do Brasil, padre Lucas Gobbo.
As paulinas Tomasi
O curioso na história da família do santo é que as vocações religiosas não são assunto do passado. Atualmente, as irmãs paulinas contam com três Tomasi: Esther, Tarcila e Maria Ema.
Da esquerda para a direita: Ema, Esther e Tarcila. Foto: Arquivo Pessoal
Elas se orgulham do primo santo e conhecem bem sua biografia. “Minhas primas fizeram uma grande pesquisa sobre a origem da nossa família, estiveram ao longo de dois anos nos lugares onde José Maria Tomasi viveu. Conservo nossa história e tenho a missão de propagá-la agora aos meus sobrinhos”, afirma a irmã Esther Maria Tomasi.
José Maria Tomasi foi escolhido como cardeal pelo papa Clemente XI, no consistório de 1712. Título esse que ele aceitou por obrigação. Tomasi negou todas as pompas cardinalícias, como carruagens, palácio e serviçais. Morreu com fama de santidade em janeiro de 1713. Ao prepararem seu corpo, foi sepultado com uma batina preta, porque até suas vestes de cardeal deu aos pobres.
“Muitas vezes, José Maria Tomasi passa despercebido dos nossos olhares. Talvez pensemos que ele seja mais um daqueles ‘santos prontos’ que a Igreja nos oferece. É que Tomasi sempre foi um homem muito discreto em todo seu agir. Ele nos ensina a fazer do nosso ordinário o extraordinário”, declara padre Lucas Gobbo.
Aos pobres o que é deles
Mesmo após receber o título de cardeal, ele seguiu usando a simples batina teatina, ensinando pessoalmente a catequese para as crianças e doando todo o seu salário às pessoas mais necessitadas. Aos que o criticavam, dizia: “os pobres pedem aquilo que é deles”.
Foi beatificado por Pio VII em 1804 e canonizado por João Paulo II no dia 12 de outubro de 1986. “A vida do nosso santo foi de um ardor apostólico extraordinário. Era um homem apaixonado pela eucaristia, íntimo da palavra de Deus, zeloso com os pobres e devoto da Virgem Maria – tanto que no seu último suspiro recorreu ao seu auxílio. São José Maria Tomasi nos faz acreditar que é possível viver a santidade no cotidiano”, finaliza o padre Lucas Gobbo.
Com a colaboração do Pe. João Victor dos Santos Silva, CR e Ir. Daniel Rosolem Aielo, CR.