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“Sou grato por ser usado como instrumento da ação de Deus”

Conheça a trajetória de vida do empresário Martinho Rocha, marcada pela fé católica

O empresário Martinho Rocha e o papa Francisco. Foto: Arquivo Pessoal

Raros e preciosos, o incenso de resina, a mirra e o ouro foram os primeiros presentes de Natal oferecidos ao Menino Jesus pelos Reis Magos, um reconhecimento de sua realeza, divindade e plena humanidade.

A forma mais pura e natural do incenso é extraída da goma de plantas balsâmicas que crescem somente no norte da África e no sul do Oriente Médio. Quem conhece muito bem toda a cadeia produtiva do incenso é o empresário Martinho Rocha, dono da Milagros, uma empresa brasileira especializada em incensos para uso litúrgico.

Martinho é de São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Formado em Agronomia, foi produtor de filmes publicitários por quase vinte anos até fazer o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, no ano 2000.

Ele não sabia, mas realizar o trajeto de Compostela mudaria a sua vida. Confira seu testemunho a seguir:

“Sou de uma família católica, mas na adolescência me distanciei da Igreja, fui estudar em São Paulo e não tinha a religião presente em meu dia-a-dia, mas sempre senti muito a providência de Deus. Aos 40 anos fui fazer o Caminho de Compostela e isso foi um divisor de águas na minha vida. Voltei a ter contato com religião católica, pois todas as manhãs nas hospedarias havia uma oração ou uma missa. Nas dificuldades do trajeto esses momentos foram muito reconfortantes. O conflito espiritual fez com que eu assumisse que sou católico apostólico romano e isso passou a dirigir a minha vida.

O caminho aborda as fases da vida, tem o Códice de Santiago que representa o nascimento, a região montanhosa dos Pirineus que representa a vida, a morte na parte desértica da Espanha e o renascimento quando se chega na Galícia, mais uma paisagem de montanha, cheia de verde. A gente passa por estes estágios de transformação interna. Mas não tive essa percepção durante o caminho. Saí achando que eu era a mesma pessoa, mas foi um ledo engano. O caminho de Santiago me deu o pão que é a minha profissão (a Milagros tem esse nome espanhol em homenagem ao caminho), e depois ao fazer o Caminho da Fé aqui no Brasil conheci aquela que viria a se tornar minha esposa, a Renata.

 

Somos pais de duas meninas lindas, Alice e Olivia, sou muito grato pela família que concebi. Percebo que temos que ter a percepção, a sensibilidade de ouvir o que Deus fala para a gente, e Ele fala de várias maneiras. Sou atento aos sinais, pequenas coisas para mim tem um significado enorme. Montar a empresa em 2002 foi uma batalha, mas isso não abalou minha convicção de que eu estava no caminho certo, Deus manteve meu foco e continuei dedicado ao trabalho com os incensos. Sou grato por ser usado como instrumento da ação de Deus.

O caminho mudou toda a minha vida, ele me colocou de volta ao eixo. Descobrir o universo do incenso foi encantador. Ele simboliza na Igreja não só o perfume, mas a fumaça que eleva nossas orações para Deus. Através dessa adoração somos envolvidos pelo perfume de Cristo e compartilhamos este aroma entre nós pelo mundo.

Em 2007, por conta do CELAM e da canonização de Frei Galvão, o comitê organizador do Brasil entrou em contato perguntando se poderíamos fornecer incenso para a visita do papa Bento XVI. 

O primeiro santo brasileiro do maior país católico do mundo que tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira – e de quem sou devoto – , merecia um novo incenso! Criei o incenso N. S. Aparecida colocando um pouco de erva cidreira na receita para dar um pouco do sotaque caipira do brasileiro. Depois de oito meses recebemos uma mensagem do Vaticano perguntando que incenso era aquele azul com gotas douradas que eles tinham gostado muito. Fui convidado para ir ao Vaticano com a minha família em 2012. Que emoção! Não consigo explicar nem entender até hoje que benção foi aquela. 

Outro orgulho é o incenso Urbi et Orbi, que criamos por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Ele é feito com gomas e resinas dos cinco continentes representando a união dos povos com o objetivo de alegrar o Papa Francisco que veio para este evento. Ao ser queimado ele une a todos numa fumaça única e indissolúvel subindo ao céu em adoração e louvor, expandindo para o mundo o suave perfume de Cristo.

Para o futuro quero poder criar as minhas filhas com dignidade e continuar melhorando a vida das pessoas. É o que tento fazer neste mundo difícil de hoje, onde há forças contrárias e muitas dificuldades, mas me mantenho firme no propósito de servir a Deus”.

“Suba a Vós minha oração pelo perfume e pela fumaça do incenso”, Salmo 141

 

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