Vocação Paulina

“Todo amor termina em vocação”

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Recentemente, através das redes sociais, reencontrei uma amiga de infância com a qual eu não falava há mais de 30 anos.

Quando ela soube que eu era uma religiosa consagrada, me fez a seguinte pergunta: “Mas por que você se tornou uma freira?” A resposta estava na ponta da minha língua, mas eu respondi com outra pergunta: “E você? Por que se casou?” Ela me respondeu de imediato: “Porque encontrei o amor da minha vida.” Assim, respondi: “Foi por este mesmo motivo que escolhi ser religiosa. Porque encontrei o Amor da minha vida.”

Chamada por amor

A frase que dá título a este artigo é da música do Pe. Zezinho, “Se tu nos amas”, e reflete muito bem esta experiência. Toda vocação é um chamado por amor e para o amor.

Assim, a vocação à vida consagrada, como toda experiência de amor, é algo que não se explica. E, se buscamos demais as explicações, acabamos perdendo o sentido da lógica da vocação, o qual é a gratuidade. Vocação é graça!

Esta foi a experiência de São Paulo, que ele tão bem descreve na sua carta aos Gálatas: “Mas, quando aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça” (Cf. Gl 1, 15).

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São Paulo, como qualquer um de nós, aos olhos humanos, não tinha méritos para ser chamado. Poderíamos até elencar, como costumamos fazer, os motivos de impedimento para o seu chamado. O primeiro deles seria o fato de ele ter sido perseguidor dos seguidores de Jesus (Cf. At 8, 1-3).

Mas o Senhor Jesus usou toda a sua ternura e misericórdia com ele, chamando-o para uma grandiosa missão: “Porque ele é um instrumento eleito por mim para levar meu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel” (Cf. At 9, 15). O restante da história do apóstolo Paulo todos conhecemos bem. Ele tornou-se um incansável anunciador daquele que “o amou e se entregou por ele” (Cf. Gl 2, 20).

Doar a vida

São Paulo nos dá este exemplo, mas também podemos constatar essa ação da graça na vida de tantos vocacionados e vocacionadas que, ao longo da história, deram suas vidas por amor.

Mas este amor não é sinônimo de exclusividade. Quando o Senhor chama uma pessoa à vida consagrada, ele quer que este amor seja intenso e partilhado.

A regra é esta: se você me ama, ame seu próximo! Este amor é absoluto e só encontra sentido quando se torna concreto na vida em comunidade e na missão específica à qual somos chamados.

Pequenas ações feitas com amor

E quando se trata de missão, mais uma vez é São Paulo que vem em nosso socorro. Na primeira carta aos Coríntios, ele afirma: “Façam tudo com amor” (Cf. 1 Cor 16, 14).

Portanto, a missão não é fazer coisas extraordinárias, que mereçam aplausos ou likes, mas nas pequenas ações feitas com amor, no pequeno, no escondido, no simples, naquilo que ninguém vê, mas que aos olhos de Deus é grandioso! Isto é, no serviço aos pequenos, àqueles que não contam na sociedade.

Não se pode esquecer também de que toda experiência de amor precisa ser alimentada, cuidada, cultivada. Assim também é a vocação à vida consagrada.

Sem esta atenção e cuidado, o amor pode acabar esfriando, sendo substituído por “coisas” passageiras que desviam nosso olhar do Amor que quer ser único e definitivo em nossa vida.

Foto: Juliene Barros

Como cultivar este amor? Com a oração! Ela é o alimento que faz sempre crescer a vocação. É o termômetro de nossa relação amorosa com Deus. É aquele encontro entre pessoas apaixonadas que acontece também no silêncio, na escuta, nas lágrimas, na gratidão.

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