Bem-aventurado Tiago Alberione, fundador da Família Paulina. Foto: Arquivo Família Paulina
Focalizamos, com grande admiração e devoção, a pessoa do Fundador da Família Paulina, o bem-aventurado Pe. Tiago Alberione que, atendendo desde pequeno, a sugestão do pai – “Giacomo, fà luce!” (Tiago, faz luz) - e, jovem, na intimidade com Jesus Mestre Eucarístico, sentiu-se todo envolvido, compreendendo as realidades eclesiais e sociais e, o compromisso com o “Vinde a mim todos”(cf. Mt 11,28).
Ponto de partida para anunciar o Evangelho, o jovem Alberione entendeu, na noite da passagem do século XIX para XX, na centralidade em Jesus Cristo, o programa de vida: “Vinde a mim todos”. Na Catedral de Alba, em sinodalidade, nascia a missão universal paulina.
Alguns anos depois, a Família Paulina saía em missão para levar a Palavra e trazer as pessoas para Jesus, atendendo ao convite: “Vinde a mim todos”. Nesta missão, Alberione vive muitas ousadias. Aqui lembramos algumas delas.
Batalhões e canhões de guerra se defrontam, pregadores e pregadoras se unem para a revolução da paz pela Palavra
Em meio à Guerra e a tanta morte e fim, nasceu em 1914, a Família Paulina. Num fundo de galpão, máquinas tipográficas, Padre Alberione e dois adolescentes anunciavam, como na gruta de Belém, a Palavra de Deus, a paz às pessoas que Ele ama. Quem cuidava das máquinas não era um funcionário. Era um apóstolo, um pregador da Palavra.
Pe. Alberione pensou, a princípio, numa organização de leigos a serviço da evangelização (AD 24); depois de um discernimento maior, decidiu que seriam pessoas consagradas, homens e mulheres, “paulinos e paulinas”. Família Paulina.
Não às fábricas de armas. Não aos bombardeios. Não aos milhões de mortos!
Sim, ao som das impressoras da Palavra. Sim, a milhões de vidas! Ousadia nº 1.
Velocidade à Palavra: a primeira motorista e instrutora e a figurinista
Irmã Maria Timotea Jovine entrou na Congregação das Irmãs Paulinas, na comunidade de Roma, em 1932, aos 23 anos. Fez a primeira profissão, em 20 de agosto de 1935.
Em 10 de setembro, obteve a carteira de motorista. Foi a primeira Filha de São Paulo da província italiana com licença para dirigir automóveis e tornou-se a “instrutora de direção” de outras Irmãs. Era preciso dirigir para chegar a mais lugares e pessoas com a Palavra de Deus.
Foto: Arquivo Paulinas
Desta época foram registradas fotos de Paulinas utilizando Vespa (espécie de moto pequena) saindo para a propaganda. Era a urgência para levar a Palavra.
Em 1951, Irmã Maria Timotea Jovine passou a realizar um trabalho especial: o de figurinista para conceber, criar e executar os figurinos utilizados pelos personagens, atores dos filmes produzidos pelo recém-criado departamento de cinema, San Paolo Film.
Foto: Arquivo Paulinas
Ela mesma falou da experiência: “Comecei este novo trabalho em janeiro de 1951 e o realizei até o verão de 1954. Foi Mestra Tecla (co-fundadora das Irmãs Paulinas) quem me forneceu os tecidos e enfeites necessários para os trajes e também uma coleção de 30 livros intitulada "Trajes e Costumes". Passou a vestir os atores para melhor vestir e apresentar a Palavra de Deus.
Alberione deu um passo à frente desde o início, abrindo às Irmãs a possibilidade de trabalhar numa livraria. Antes das Paulinas, eram poucas as mulheres que trabalhavam em livrarias. Ousadia nº 2.
A grande “dor de cabeça”, o “problema vital” do Pe. Alberione
Uma ousadia imensa era ser santo e formar santos apóstolos da imprensa. No dia 26 de janeiro de 1919, festa da Conversão de São Paulo, Alberione sugere um curso intensivo de santidade. Entre muitas outras coisas, disse: “abram os ouvidos e não durmam com o coração, fiquem despertos.
O Senhor os chama a uma santidade altíssima. Deus colocou em vocês um tesouro sem preço, um tesouro que os anjos invejam: a vocação à boa imprensa. Vocês estão aos pés de uma grande montanha, subam até em cima, olhem o horizonte: é todo o mundo! Sobre vocês pesa um milhão, três milhões, dez milhões de almas. Eu lhes garanto que um bom jornalista salva mais que isto. Eis porque vocês devem ser muito santos. Sejam santos como Deus é santo.” Ousadia nº 3.
“Passo à frente”- a presença da mulher na Igreja
Foi na Constituição do Brasil, de 1988, que as mulheres passaram a ser vistas pela legislação brasileira com direitos iguais aos homens.
Alberione, logo depois da ordenação sacerdotal, começou a redação do livro A mulher associada ao zelo sacerdotal, publicado em 1915.
O livro aborda: “A mulher pode e deve tornar-se cooperadora do zelo sacerdotal”. “Em que obras a mulher, nos dias de hoje, pode colaborar com o zelo sacerdotal”. Expõe o perfil da atuação da mulher na ação pastoral. Merecem destaque aqui as encorajantes considerações de Alberione sobre o que a mulher pode realizar na ação pastoral por meio da imprensa.
Teresa, a primeira mulher a assumir a missão de comunicar com a boa imprensa, sob a direção de Alberione, dizia com frequência à comunidade que começava a se formar: “passo à frente”. Já em 1918, na primeira terra de missão, Susa, na Itália, grandes passos. Além do jornal da diocese La Valsusa, que as irmãs dirigem, imprimem e distribuem, também imprimem e distribuem as cartas pastorais, folhetos da Ação Católica e produzem o boletim Nel canto del fuoco (Ao pé da lareira), idealizado por elas para as paróquias de Susa, adotado depois pelos párocos da Diocese. Distribuíam La Valsusa pelas ruas e o boletim entregavam às famílias. Tudo com a marca: Tipografia São Paulo.
Foto: Arquivo Paulinas
Conhecendo o trabalho das Irmãs em Susa, o Cônego Chiesa diz a elas: “Num piscar de olhos eis que vocês subiram na cátedra para ensinar a uma diocese inteira, enquanto cooperam para enviar uma boa palavra a tanta gente. Qual pregador na diocese de Susa tem um auditório tão numeroso como o de vocês? Cada jornal pode ser lido por outras pessoas e quando quiser: no trem, na rua, em casa, de dia, de noite...”
Confiança inabalável em Maria Rainha dos Apóstolos
O grande santuário dedicado a Maria Rainha dos Apóstolos, em Roma, é o fruto da fidelidade a um voto feito no início da desastrosa Segunda Guerra Mundial, com seus 55 milhões de mortos. Durante o bombardeio aéreo sobre Roma, no final de 1943. Se Nossa Senhora preservasse da morte a Família Paulina, apenas terminada a guerra, Alberione prometeu que lhe construiria um Templo. Nenhum membro da Família Paulina morreu por causa do conflito. De fato, “o lugar da promessa está mais ou menos no centro da igreja construída; e as palavras lapidares: ‘No final do ano mariano – saímos incólumes da terrível guerra. Vós, ó Maria, nos salvastes com uma proteção que tem algo de milagroso. Sede bendita! 8 de dezembro de 1954’” (CISP 596).
Ao redor do Santuário da Mãe estão todas as casas da Família Paulina. Ousadia nº 4.
Os meios de comunicação no Concílio Ecumênico
Em 1959, Alberione recebeu do Papa João XXIII, um questionário em preparação ao Concílio Vaticano II, solicitando propostas sobre quatro âmbitos da vida da Igreja: teológico, jurídico, formativo e litúrgico. Alberione se diz convencido de que o Concílio é “o grande fato histórico religioso do século”. Entre suas propostas, está esta: que se levem mais em conta os meios modernos para a difusão da verdade.
No dia 3 de outubro de 1962 recebeu do Papa João XXIII o convite para participar das sessões conciliares, na qualidade de fundador e superior geral. Padre Alberione aceita e, pontualmente participa das quatro sessões com discrição, gratidão e muita oração. No dia 4 de dezembro de 1963, o Concílio aprova o decreto Inter mirifica sobre os meios de comunicação. A Igreja fala de meios “maravilhosos”. Pe. Alberione e toda a Família Paulina acolhem com grande alegria a aprovação dos “meios mais rápidos e eficazes de fazer o bem”! Ousadia nº 5.
Ousadia de “perscrutar os sinais dos tempos” e criar formas geniais para evangelizar
Momento solene para toda a Família Paulina foi o reconhecimento eclesial da missão do padre Alberione, na audiência do dia 28 de junho de 1969, quando o Papa São Paulo VI disse:“A Pia Sociedade de São Paulo, com as diversas ramificações e com o volume da sua produção e habilidade da sua irradiação, tornou-se tão grande e vital que constitui um fato notável na vida da Igreja neste século. Ela realizou, ante et post literam, muitos postulados do Concílio Ecumênico no campo das comunicações sociais. De bom grado brindamos um reconhecimento, elogio e encorajamento. […]. Devemos ao vosso fundador, aqui presente, ao caro e venerado padre Alberione, a construção do vosso monumental instituto. Em nome de Cristo, nós lhe agradecemos e o abençoamos. Ei-lo: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, recolhido nos seus pensamentos, que correm da oração à obra (segundo a fórmula tradicional: ora et labora), sempre dedicado a perscrutar os “sinais dos tempos”, isto é, as formas mais geniais para se chegar às almas, o nosso padre Tiago Alberione deu à Igreja novos instrumentos para se comunicar, novos meios para dar vigor e vastidão ao seu apostolado, nova capacidade e nova consciência sobre o valor e a possibilidade da sua missão no mundo moderno e com meios modernos”. Ousadia nº 06.
Como? Alberione nos bastidores e São Paulo vivo hoje!
As pessoas costumam atribuir a si seus feitos: eu falei...eu criei...eu fiz! Se tivesse este critério, Alberione poderia atribuir a si iniciativas pelo mundo inteiro, poderia colocar-se no centro e acima dos demais, atraindo todas as atenções. Nada disso! Fica nos bastidores, e diz que o fundador é outro: São Paulo vivo!
O programa de Paulo é o programa da Família Paulina: Meu viver é Cristo. (cf. Fl 1,21). Entre vocês não quis nada saber, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. (cf. 1Cor 2,2). E como comunicar Jesus? Se São Paulo vivesse hoje, seria jornalista, Paulo Apóstolo fez quatro viagens missionárias pregando Cristo Jesus e foi o primeiro Apóstolo a escrever. Foi o que mais escreveu! E Alberione, onde fica? Nos bastidores. No palco, São Paulo para o anúncio do Evangelho. A Ele foi consagrada a Família Paulina (AD 64).
Para o bem-aventurado Tiago Alberione, São Paulo é o verdadeiro pai, mestre, modelo, protetor, fundador da Família Paulina. Ele costumava dizer que não fomos nós que escolhemos São Paulo, mas foi o Apóstolo que nos escolheu. Ousadia nº 7.
Muitas outras ousadias alberionianas poderíamos acrescentar aqui. E você, pode contribuir nesta bela recordação. Assim, com Alberione, podemos dizer: “Tudo nos vem de Deus! Tudo nos leva ao Magnificat!”