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“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”. (BOFF, 1999)
Cuidador é a pessoa identificada com forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de doação.
A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”.
Antes de tudo, o cuidador é companhia da pessoa que precisa. Acompanha-a, se necessário, ao hospital, nos exames e consultas, e também, no ambiente onde vive.
Esta pessoa, geralmente leiga, assume funções para as quais, na grande maioria das vezes, não está preparada. Por isso, para exercer todos estes cuidados, deve passar por cursos preparatórios e treinamentos próprios.
Como cuidar
O presidente da Alzheimer’s Disease International (ADI), no livro “Você não está sozinho”, Nori Graham, diz que “uma das maneiras mais importantes de ajudar a pessoa é oferecer-lhe informação. As pessoas que possuem informações, estão mais bem preparadas para controlar a situação em que se encontram”.
O ato de cuidar não caracteriza o cuidador como um profissional de saúde, portanto o cuidador não deve executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais de saúde, tais como: aplicações de injeção no músculo ou na veia, curativos complexos, instalação de soro e colocação de sondas, etc. Nestes casos, o cuidador deve chamar os profissionais de saúde.
Um Guia Prático
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, criou, em 2008, um Guia Prático do Cuidador onde trata do cuidado, da pessoa do cuidador, dos serviços disponíveis, dos direitos do cuidador e da pessoa cuidada, dos benefícios previdenciários, da legislação, telefones úteis, cuidados no domicílio, higiene.
Trata também dos dez passos para uma alimentação saudável, de exercícios, sobre como prevenir e cuidar das escaras, os problemas de sono, cuidados com a medicação e outros. Este Guia pode ser acessado em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf
Como a pessoa cuidada quer ser tratada
A pessoa cuidada quer ser tratada conforme a sua idade. Os adultos e idosos não gostam quando os tratam como crianças. Mesmo doente ou com limitações, a pessoa cuidada precisa e tem direito de saber o que está acontecendo ao seu redor e quer ser incluída nas conversas.
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Por isso, é importante que a família e o cuidador continuem compartilhando os momentos de suas vidas, demonstrem o quanto a estimam, falem de suas emoções e sobre as atividades que fazem, mas acima de tudo, é muito importante escutar e valorizar o que a pessoa fala. Cada pessoa tem uma história que lhe é particular e intransferível, e que deve ser respeitada e valorizada.
É fundamental respeitar a dignidade da pessoa cuidada e não discutir em sua presença, fatos relacionados com ela, agindo como se ela não entendesse, não existisse, ou não estivesse presente. Isso vale tanto para o cuidador, a família, os amigos e profissionais de saúde.
Testemunho de uma cuidadora
Conversamos com a técnica de enfermagem, em São Paulo, Marciana de Paiva, que, há cinco anos, exerce a profissão de cuidadora de idoso. Marciana fala dos desafios da "arte de cuidar", como a responsabilidade assumida muitas vezes no lugar da família, "para tudo o que acontecer". "A gente se entrega totalmente ao idoso, como se fosse da nossa família".
Diz ainda Marciana que é satisfatória esta profissão porque "a assumimos por amor".
O cuidado em casa
O cuidado em domicílio proporciona o convívio familiar, diminui o tempo de internação hospitalar e, dessa forma, reduz as complicações decorrentes de longas internações. Para isso, o cuidador deve contar com a ajuda de outras pessoas, da família, amigos ou vizinhos.
Para oferecer uma vida ainda mais satisfatória, é necessário o trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família. Assim, a família tem um melhor apoio e a pessoa a ser cuidada pode ser mantida em casa convivendo com os familiares, mantendo os laços afetivos.
Como diz Boff, “o cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”.