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A audaciosa Tarsila do Amaral

Os 50 anos da morte da pintora servem de pretexto para mostrar o seu legado às novas gerações

 

Tarsila do Amaral em 1925. Crédito: Retrato de Tarsila do Amaral via Picryl.com

 

Ela é lembrada por conta da repercussão da Semana de Arte Moderna. Mas, a verdade é que Tarsila do Amaral não participou da exposição, estava em Paris e só chegou em São Paulo meses após o encerramento da famosa semana de 1922, quando se juntou a Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia.

É claro que seu pensamento vanguardista ecoou por aqui. No período de seu relacionamento com Oswald de Andrade teve sua fase mais relevante para a arte brasileira. As obras produzidas entre 1922 e 1928 foram decisivas para o que mais tarde chamaríamos de Arte Moderna Brasileira.

Este ano são comemorados 50 anos de sua morte (17 de janeiro), motivo para conhecer sua biografia e mostrar o seu legado às novas gerações. “Entender a obra e o legado da Tarsila do Amaral é importante para conhecer a Arte Moderna, os anos de 1920 e o papel das artistas mulheres. E ainda, talvez o mais importante de tudo: se inspirar em sua incrível trajetória pessoal e artística”, destaca a professora do Departamento de História da Arte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Ana Hoffmann.

Na vanguarda

Tarsila do Amaral é uma das mais importantes artistas do primeiro modernismo no Brasil. Junto com Anita Malfatti, constitui um importante capítulo da Arte Moderna Brasileira. Pertencente a uma família de latifundiários paulistas, inicia sua formação ainda criança no Colégio Sacré Coeur de Barcelona (Espanha), mas ao voltar para a cidade de São Paulo, estuda com o pintor Pedro Alexandrino, pelo qual conhece Anita Malfatti. Em 1920, vai para Paris (França) onde estuda na Académie Julien e tem contato com as vanguardas européias. Ao voltar ao Brasil em 1922, encontra os protagonistas da Semana de Arte Moderna que tinha acabado de acontecer em fevereiro daquele ano.

Fotografia realizada no contexto da Exposição de Tarsila do Amaral no Rio de Janeiro, em 1929. Da esquerda para a direita: Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Elsie Houston, Benjamin Péret e Eugênia Álvaro Moreyra

Ao lado dos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, as duas pintoras Tarsila e Anita, formam o “grupo dos cinco”, um núcleo intelectual dos debates em torno dos novos conceitos de arte moderna na década de 1920 na cidade de São Paulo.

Cultura cotidiana

O Abaporu, obra que credencia Tarsila como uma das fundadoras do Modernismo brasileiro, foi capa e grande inspiração para Oswald escrever seu Manifesto Antropófago. A pintura era o ponto de partida do texto, que tinha o objetivo de “devorar” influências de outros países e construir uma nova arte brasileira.

O movimento modernista brasileiro tinha como características a liberdade de expressão, a subjetividade e a ruptura com os padrões estéticos do passado.  Era um movimento que prezava pela independência e valorização da cultura cotidiana brasileira. “Ele representou um momento de renovação artística onde encontramos produções com elementos modernos como nas obras de Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, entre outros”, completa Ana Hoffmann.

Obra “Paisagem”, de 1948
Crédito: Coleção MAM SP / Foto: Romulo Fialdini

Ao avaliar sua vida, é impossível não associar seu nome a palavras como “coragem”, “determinação”, “audaz”. Tarsila casou-se três vezes, namorou, viajou, foi rejeitada por parte da família. Mesmo em sua fase posterior aos anos 1930, se mantém como uma das principais artistas brasileiras do século 20, entre as mais importantes mulheres nas artes. 

 

Juliana Borga é jornalista, três vezes vencedora do Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa. É mãe coruja da Helena e adora escrever sobre temas que colaboram para um mundo mais humano e solidário. Instagram: @juborgajornalista

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