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A esperança tem rosto, ouvidos e coração

Em sua mensagem para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco pede para desarmar a comunicação, sonhar juntos e partilhar, com leveza, a esperança que está nos corações

Foto: Pexels

A cada ano, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no dia da Ascensão do Senhor, neste ano, em primeiro de junho, o Pontífice envia uma mensagem a todos os fiéis do mundo com o objetivo de pedir orações, provocar reflexão e ações em favor de uma comunicação humana, fraterna, que siga os passos de Jesus de Nazaré.

Neste ano de 2025, em sintonia com o Jubileu da esperança, o Papa exorta a sermos pessoas de esperança, a dar razões para a esperança, vivendo-o como um projeto comunitário.

Francisco contextualiza os tempos conturbados em que vivemos, nos quais predomina a desinformação, a polarização, centros de poder que controlam os dados e informações como nunca visto. Apela à importância do trabalho comprometido de jornalistas e comunicadores, com coragem e responsabilidade pessoal e coletiva, e convida a serem comunicadores de esperança, “segundo o espírito do Evangelho”.

A partir do olhar de uma comunicação “armada” que gera medo, desespero, preconceito, rancor, fanatismo, ódio, Francisco pede para “desarmar a comunicação”.

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Ele constata que, com frequência, a comunicação “não gera esperança” pelas informações falsas, “habilmente distorcidas”. Comunicações que ferem pela agressividade, guerras verbais, sobretudo pelas redes sociais, e se expressa na competição, vontade de dominar e manipular os outros e a opinião pública. E diz com firmeza: “não podemos render-nos a esta lógica”.

Citando a Encíclica do Papa Bento XVI, sobre a esperança cristã, número dois, afirma: “A esperança não é um otimismo passivo, pelo contrário, é uma virtude ‘performativa’, capaz de mudar a vida. ‘Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova’”.

Com leveza, dar razões para nossa esperança

Conforme o texto bíblico da primeira carta de São Pedro, a esperança cristã se concretiza no testemunho da comunidade que acredita e confessa que Jesus é o Senhor. A esperança cristã tem o rosto de Jesus Ressuscitado.

Os cristãos fazem ressoar a beleza do amor de Deus, por meio do amor vivido que suscita, desperta a pergunta: “Por que vocês vivem assim? ” Trata-se do testemunho e não de palavras vazias. 

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O Papa também orienta para que a comunicação dos cristãos seja realizada com mansidão e proximidade, lembrando os discípulos de Emaús, que caminham com Jesus, mas não o reconhecem. E após diálogo e escuta, sentem arder o coração, pelo modo como o Ressuscitado interpretava as Escrituras. Eles vivenciam o encontro e o reconhecimento de Jesus no caminho, na sintonia, no encontro profundo.

Sonhos de Francisco: esperar juntos

Francisco recorda que o Jubileu tem implicações sociais, por isso, é preciso pensar em mensagens de esperança e misericórdia para quem está nas prisões, ser próximo dos que sofrem de toda forma e estão à margem.

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Novamente, o Papa encoraja comunicadores e comunicadoras a descobrirem e contarem histórias, muitas vezes escondidas, mas que edificam. Ser como garimpeiros de ouro para descobrir pepitas, e dar a conhecer histórias de esperança, olhando para os últimos. “Este tipo de comunicação pode ajudar a tecer a comunhão, a fazer-nos sentir menos sós, a redescobrir a importância de caminhar juntos”, diz o Papa.

Alguns sonhos de Francisco: fazer-nos companheiros de viagem em tempos conturbados; falar ao coração e despertar atitudes de abertura e amizade; ser capaz de apostar na beleza da esperança, mesmo em situações de desesperança; ser capaz de gerar empatia e abertura ao outro; fazer uma comunicação que ajude a “reconhecer a dignidade de cada ser humano e a cuidar juntos da nossa casa comum”.

O convite a sermos comunicadores que consideram o outro, sujeito do processo, interlocutor, próximo - seja leitor, ouvinte, internauta -, e possa participar, abrindo canais de interação para compartilhar suas histórias. 
Somos peregrinos de esperança, que é sempre comunitária!
  
Helena Corazza pertence à Congregação das Irmãs Paulinas, jornalista, doutora em Ciências da Comunicação pela USP, escritora, coordenadora de cursos no SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação), co-autora do livro “Pastoral da Comunicação, diálogo entre fé e cultura” e “Espiritualidade do comunicador”, Paulinas - SEPAC, entre outros. 

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Tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações 2025 na íntegra, clique aqui

 

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