Os livros de novena têm um papel fundamental na vida espiritual dos fiéis, servindo como um guia para a oração e para a aproximação do sagrado. Essas obras, quando bem fundamentadas na tradição cristã, com profundidade teológica, tornam-se instrumentos poderosos de transformação interior e comunhão com Deus.

Um dos autores que se dedica a essa missão é o padre Pedro Rubens F. Oliveira, conhecido por suas obras “Novena da Esperança – Rezando nove meses com Maria” e “Novena dos sete sonhos de São José”. Seus livros unem devoção, reflexão e espiritualidade, ajudando os leitores a cultivar uma fé mais viva e uma relação mais íntima com o divino.

Segundo o padre Pedro Rubens, “as novenas são muito mais que repetições de orações; são caminhos de perseverança, confiança e abertura à ação de Deus em nossas vidas”. Suas obras buscam ensinar não apenas a rezar, mas também a mergulhar no mistério da fé, especialmente por meio das figuras de Maria e São José, modelos de entrega e fidelidade.

Em um mundo cada vez mais acelerado e distante do silêncio interior, os livros de novena oferecem um espaço sagrado para o diálogo com Deus, fortalecendo laços familiares, comunitários e, sobretudo, espirituais.

Como os livros de novena podem ajudar as pessoas a desenvolver uma vida de oração mais profunda e consistente?

Pe. Rubens – A forma de oração que chamamos de novena, basicamente, é um tempo forte de oração em nove momentos. Portanto, as novenas visam um aprofundamento e fortalecimento da fé, renovação da esperança e exercício com vista ao amor. Os livrinhos de novenas são guias de oração que podem ser utilizados pessoalmente, mas, de preferência, deveriam reunir família, vizinhos e/ou comunidades, inclusive podendo hoje ser até virtualmente, ultrapassando distâncias e fronteiras.

Padre Pedro Rubens F. Oliveira, autor das obras: Novena da Esperança – Rezando nove meses com Maria e Novena dos sete sonhos de São José. Foto: Arquivo Paulinas

Qual é o papel da devoção a Maria e São José no fortalecimento da fé, especialmente nos momentos de dificuldade?

Pe. Rubens – Maria é mãe da Igreja; José, seu esposo, é patrono e protetor da Igreja. Os dois estão carregados de simbolismos, despertando muita identificação do povo de Deus e, assim, muita devoção. São José é patrono dos(as) trabalhadores(as), e, segundo as Escrituras, exemplo de homem justo, mas também alguém que encontrava Deus nos sonhos. O Papa Francisco resgatou a devoção a São José Sonhador, e, com essa intuição, criei a “Novena dos sete sonhos de São José” (Paulinas, 2024). Maria desperta ainda maior devoção, por muitos motivos, por exemplo: 1) porque assume o papel de mulher e mãe; 2) porque inculturou a fé, como podemos perceber nos diversos rostos e vestimentas que são representados nas imagens; 3) porque assumiu vários títulos que são atribuições (Conceição, Graças, Medianeira etc.) e mediações de encontro com as necessidades humanas (Nossa Senhora da Saúde, dos Aflitos, dos Prazeres etc.). Nessa linha, propus uma novena a Nossa Senhora, Mãe da Esperança (Loyola e Paulinas, 2025).
        
 Em um mundo marcado pelo imediatismo, como as novenas nos ensinam a virtude da paciência e da confiança em Deus?

Pe. Rubens – As virtudes da paciência e da confiança, como todas as outras, crescem a partir de práticas, de exercícios: a gente aprende a nadar, nadando... A novena é um exercício espiritual a partir das devoções populares. A oração, em geral, e a novena, em particular, são remédios para todo imediatismo, porque nos fazem parar para refletir, escutar a voz do coração, aprofundar o sentido da vida, para não sermos carregados pela avalanche de preocupações. As novenas que proponho não são meros exercícios de repetição, mas uma reflexão de situações da vida à luz da Bíblia, com cânticos, pausas, conversas, além de incluir a arte, imagens, representações, poesia, cordel, enfim, ampliando os horizontes de sentido e solidariedade. 

De que forma a prática das novenas pode unir famílias e comunidades em uma experiência espiritual compartilhada?

Pe. Rubens – Embora algumas pessoas gostem de rezar no silêncio de seus corações, as novenas são, sobretudo, para momentos comunitários. As novenas são momentos fortes em paróquias e comunidades, por ocasião das festas de padroeiros. As novenas podem ser uma pausa e motivo de encontro para vizinhos, familiares, inclusive usando os meios digitais, possibilitando rezar com pessoas que estão distantes. 

Quais conselhos o senhor daria para quem deseja começar a rezar novenas, mas sente dificuldade de manter a constância na oração?

Pe. Rubens – Esse tipo de oração pode ser feito em nove dias seguidos (mais comum, para intensificar) ou uma vez por mês, ou ainda segundo o grupo combinar, segundo as possibilidades e a criatividade (oração extensiva à vida). O mais importante é fazer essa “corrente” de oração, de mãos dadas com outras pessoas. Mas atenção: não é porque alguém falta uma ou outra vez que a corrente está quebrada, inclusive porque a pessoa pode e deve retomar o tema perdido, unindo-se aos demais pela oração e comunhão espiritual. As novenas devem ser adaptadas ao ritmo da vida, pois deveriam ser formas de encontrar Deus presente na vida cotidiana.

Essas reflexões reforçam a importância da literatura religiosa como ferramenta de evangelização e crescimento espiritual, mostrando que a oração é um diálogo amoroso que nos conduz ao coração de Deus.

 

Confira os livros com novenas do padre Rubens:

Novena dos sete sonhos de São José – O Papa Francisco destacou sua devoção a São José, chamando-o de “homem forte e silencioso” que cuida da Igreja mesmo dormindo. A devoção a São José Sonhador é marcante no Brasil, inspirando nomes, cidades e comunidades. Esta novena propõe meditar sobre sete sonhos de São José – quatro bíblicos e três da tradição popular –, convidando-o a interceder pelas famílias. O cardeal Tolentino Mendonça elogia a obra do padre Pedro Rubens, sj, destacando sua abordagem teológica e pastoral. A novena ajuda os fiéis a transformar suas vidas em “sonhos de Deus”.

Novena da Esperança: rezando nove meses com Maria – A novena a Nossa Senhora da Esperança propõe um caminho de oração mensal (dia 25 ou data próxima), acompanhando Maria desde a Anunciação até o Advento. Rezada em família ou comunidade, presencial ou virtualmente, ela busca renovar a esperança no Reinado de Deus. O cardeal Tolentino Mendonça destaca no prefácio que Maria ensina uma esperança real e cotidiana, alicerçada no amor de Jesus, e elogia o padre Pedro Rubens por guiar os fiéis nessa contemplação orante.