Reflexão feita por Silvonei José Protz, jornalista da Rádio Vaticano responsável pelo Portal Vatican News. Foto: Regional Sul 2 da CNBB
A mensagem do Papa Francisco conclui enfatizando que o esforço para "encontrar as palavras certas" para construir "uma civilização melhor" é exigido de todos, mas, em particular, é uma responsabilidade confiada aos trabalhadores da comunicação, e para eles invoca o Senhor para que, com sua profissão marcada pela "verdade na caridade", possam nos ajudar a nos redescobrir como irmãos e irmãs e "sentir que somos guardiões uns dos outros".
O Papa Francisco tem enfatizado a importância de se comunicar com o coração em um tempo de contrastes. Em suas mensagens, ele tem destacado que a comunicação deve estar a serviço do bem comum, e não apenas para promover interesses particulares.
O Papa tem sublinhado que, em um mundo cada vez mais polarizado, a comunicação deve buscar a construção de pontes entre as pessoas, em vez de acentuar as divergências. Ele tem defendido a importância de uma comunicação autônoma, baseada na honestidade, na transparência e no respeito mútuo.
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Além disso, o Papa destaca a importância da escuta atenta e empática como parte fundamental do processo comunicativo. A comunicação não deve ser unilateral, mas sim um diálogo aberto e construtivo, no qual as diferentes perspectivas possam ser ouvidas e compreendidas.
Arquitetos de uma comunicação integral
Em suma, o Papa Francisco enfatiza que a comunicação com o coração é fundamental para construir uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, em que as diferenças sejam valorizadas e os conflitos possam ser resolvidos por meio do diálogo e da compreensão mútua.
O Papa nos convida - mais uma vez - a sermos arquitetos de uma comunicação integral que não diz respeito apenas a uma parte de nós - para fins parciais ou interesses instrumentais - mas que envolve a totalidade da pessoa, todo o nosso ser.
Falar "com o coração" não é ceder ao sentimentalismo (ou sensacionalismo), tão em voga hoje em dia, mas tem a ver com uma tarefa muito exigente: “comunicar e doar si mesmo”. De alguma forma, tomando como exemplo o testemunho de São Francisco de Sales, a Mensagem sugere que somos o que comunicamos. Ou, pelo menos, é assim que deve ser.
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É por isso que um dos pontos-chave do documento (a décima mensagem de Francisco aos profissionais da comunicação) é a citação do santo padroeiro dos jornalistas - "basta amar bem para dizer o bem".
Para o Papa, comunicação é movimento. Ela existe se for em saída, caso contrário, é um eco que se agita cansativamente em uma sala vazia. Ela vem de um coração pulsante que - junto com o sangue em nossas veias - também faz circular nossas expectativas, nossos desejos e nossos sonhos.
Silvonei José Protz, jornalista, doutor em comunicação e professor universitário em Roma. Jornalista da Rádio Vaticano responsável pelo Portal Vatican News. Dirige uma equipe de jornalistas que produz programas em Língua Portuguesa para 400 emissoras brasileiras e que chegam a mais oito países, entre eles Angola e Moçambique.
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