Foto: Jonny Gios - Unsplash
Abril é marcado por vários eventos importantes: o final da quaresma, a celebração da Páscoa, e entre as comemorações do Jubileu pelos 2025 anos da Encarnação de Jesus, recordamos o Jubileu dos doentes (5-6), dos adolescentes (25 e 27) e das pessoas com alguma deficiência (28 e 29).
Outro importante acontecimento é a canonização do Bem-aventurado Carlos Acutis, um adolescente italiano que faleceu de leucemia aos 15 anos.
Ele documentava os milagres eucarísticos e as aparições de Maria num site criado por ele mesmo. Era conhecido por sua alegria e habilidades com o computador, bem como, pela profunda devoção à Eucaristia, tema central de sua vida. Esse ciber-apóstolo da Eucaristia será canonizado no dia 27 de abril de 2025.
Quanto à nossa caminhada com a Carta aos Romanos, tema escolhido para o Mês da Bíblia 2025, refletiremos sobre o texto de Rm 3,21-31.
No mês passado, num olhar panorâmico sobre os primeiros dois capítulos de Rm, foi possível perceber como o autor prova que todos pecaram e, portanto, não há ninguém que possa obter a justificação por seus méritos.
Isso é expresso de forma sintética no poema em Rm 3,9-20, composto por vários trechos do Antigo Testamento, quando o autor afirma que não somente a humanidade é marcada pelo pecado, mas todo o universo, por ser atingido pelo pecado do ser humano.
Mas, ao invés de se manifestar a ira divina, Deus revelou sua justiça, enviando o Filho para instaurar seu projeto de amor e justificar a humanidade. O verbo justificar pode ser interpretado como “declarar justo” ou “tornar uma pessoa justa”.
Assim, o texto afirma que Cristo “justificou” a humanidade por meio de sua paixão, morte e ressurreição, sendo esta apresentada diante de Deus como “justa”, independentemente da Lei.
Isso quer dizer que não foi por meio dos méritos, mas por pura gratuidade de Deus. A palavra “justiça” é um conceito relacional, e significa uma adequada relação com Deus e com o próximo, assim justificar é sinônimo de redimir.
A justiça manifestada em Jesus Cristo restaura, portanto, a ruptura das relações (com o outro, consigo e com Deus), expressa pelos termos “injustiça” e “impiedade” (Rm 1,18–3,20).
Desse modo, podemos afirmar que: a) a justiça de Deus é um dom gratuito; b) a redenção é acessível a todos os que estão dispostos a acolher Jesus Cristo; c) há igualdade entre judeus e gregos no plano salvífico divino, e d) as pessoas são justificadas por meio da fé.
Em Rm 3,21-31, nota-se que o v. 21, estabelece uma conexão com o que foi dito em 1,18–3,20 em relação ao pecado e com Rm 1,16-17, ao referir-se ao Evangelho como revelação da justiça de Deus.
A imagem do “instrumento de expiação” (Rm 3,25) é utilizada para referir-se ao evento-Cristo e é proveniente do ambiente cultual. “Instrumento de expiação” nos reporta à Festa das Expiações, prescrita em Lv 16,2.13-15, e designava algo que deveria ser colocado sobre a cobertura da arca da Aliança já fechada, na qual era aspergido o sangue do cordeiro para expiar os pecados e purificar o santuário, que porventura fosse contaminado pelos pecados da classe sacerdotal e do povo.
Assim, era visto como o lugar da manifestação da misericórdia de Deus, da condescendência divina, servindo de mediação para o encontro entre Deus e a humanidade.
Nos versículos seguintes, a Carta afirma que os pecadores são justificados por iniciativa divina, a justificação é doada por Deus por meio da morte e ressurreição de Jesus, sem nenhum mérito da parte humana. Por isso, o Filho realiza a redenção, sendo, portanto, o lugar da benevolência de Deus, que o autor chama de “justiça”.
Ao concluir, podemos dizer que a redenção é universal (v. 26e), abarca toda a extensão do tempo (v. 26c), assume uma dimensão “trinitária” e está conectada com um aspecto fundamental que é a fé (vv. 25-26). No v. 31, o autor afirma que a Lei não foi eliminada, porque ela é santa, mas foi plenificada com a encarnação de Jesus, o Messias esperado.
Nesta Páscoa, celebramos a Paixão morte e ressurreição, mas também a redenção concedida por Jesus Cristo. Ao recordar nosso batismo, na noite da vigília pascal, tomamos consciência de que também nós somos coparticipantes desse mistério pascal, passando pela morte de Jesus, nas águas do batismo, e tendo a ressurreição como horizonte do nosso viver, como razão de nossa esperança. Assim, convidamos você minha irmã e irmão, a refletir durante esse período esse lindo texto de Rm 3,21-31.
Pausa para reflexão
- O que significa ser justificados pela fé?
- Como Rm 3,21-31 pode nos ajudar a refletir sobre o ser redimido?
- O que significa celebrar a ressurreição de Jesus como razão de nossa esperança?
Para aprofundar o conhecimento sobre a Carta aos Romanos, sugerimos o subsídio do Serviço de Animação Bíblica – SAB / Paulinas: Mês da Bíblia. Carta aos Romanos: “a esperança não decepciona” (Rm 5,5). São Paulo: Paulinas, 2025.
Material referente a Carlos Acutis, damos como sugestão o livro de FRANÇA, Ágda. Carlos Acutis: testemunho jovem. Paulinas: São Paulo, 2025.