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Amizade social se concretiza em solidariedade ao Rio Grande do Sul

Um caminho de reconstrução, de entreajuda entre irmãos

Foto: Freepik

O Papa Francisco lembra que é nossa missão viver a amizade social, ou seja, todos somos irmãos e irmãs em Cristo. Temos que percorrer um caminho de diálogo, de construção da cultura do encontro, de entreajuda. Isto exige de nós conversão de mentalidade, de olhar, de sentir, de relacionar-se. Trata-se de uma conversão do coração a partir do Evangelho, para a fraternidade.

Desde 28 de abril de 2024, o Rio Grande do Sul sofre com as chuvas, ventos e enchentes.

As tempestades foram causadas por uma frente fria associada a uma área de baixa pressão sobre o mar. Junto a este sistema, houve a atuação de um fluxo de umidade vindo do norte do país. Durante este período, várias cidades receberam de 500 a 700 mm de chuva, equivalente a um terço da média histórica de precipitação para todo um ano, e em muitas outras a precipitação ficou entre 300 e 400 mm. Os rios transbordaram. Esta tragédia afetou com mais intensidade a região de Porto Alegre, onde as chuvas e o represamento da vazão do Guaíba causado pelo vento provocaram um repique nas cheias.

Muitas foram as vítimas humanas: no dia 3 de junho eram 172 mortos, 41 desaparecidos, 806 feridos, 30,4 mil em abrigos, 572,7 mil desalojados.
Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes, enxurradas e deslizamentos em 476 dos 497 municípios gaúchos. Em Porto Alegre, a prefeitura estima que, ao menos, 157,7 mil foram diretamente afetados. 

O arcebispo de Santa Maria (RS) e Presidente do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leomar Antônio Brustolin, compartilhou, por meio de um artigo, o seu sentimento diante do agravo da situação.

Ao redor, muita dor e feridas que Deus vai curar

O arcebispo afirma: “Nesse momento, ao contemplarmos ao redor, vemos mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções. Nosso coração fica perturbado, nos perguntamos: o que podemos aprender disso tudo? Não temos respostas. Também o mal físico é um mistério”.

Dom Leomar constata que um grande flagelo veio sobre as cidades e vilas e que muito se perdeu. Garantiu que todos rezam por aqueles que partiram, mas aconselha que para os que ficaram, é necessário, diante de Deus, aprender a viver e a conviver. 

O arcebispo enfatiza que não será a morte, o luto e as lágrimas que definirão a última palavra sobre a vida. Tampouco a destruição, o deslizamento e os alagamentos roubarão a esperança. “Somos um povo que sabe em quem depositou sua fé. A água que sacia a sede, limpa o que está sujo, refresca o calor e rega o que está seco, voltará a ser sinal de vida, de renovação e liberdade”. 

Muita fé e solidariedade 

O documento do Presidente do Regional Sul 3 destaca os sinais de fé e solidariedade: “o empenho das instituições governamentais, militares e civis dedicadas à defesa da vida, o envolvimento de nossas comunidades eclesiais, abrindo suas portas para acolher os que perderam tudo”.
Seguindo as orientações do Papa Francisco, as dioceses fizeram das comunidades Hospitais de Campanha para socorrer imediatamente quem precisa. Há coletas de doações que estão sendo realizadas em todo Estado.

Toda a rede de agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos dos estados de São Paulo, Paraná, Região Nordeste, e parte das unidades do próprio Rio Grande do Sul, passaram a coletar e transportar gratuitamente os donativos às vítimas sem custo aos doadores, como itens da cesta básica, higiene pessoal e vestuário.

Vários artistas e celebridades nacionais fizeram arrecadações, doações e campanhas para vítimas das enchentes.

Solidariedade e amizade social Internacional

O governo do Uruguai enviou um helicóptero Bell 212 da Força Aérea Uruguaia com tripulação para ajudar nas ações de resgate e distribuição de suprimentos. As autoridades uruguaias também se ofereceram para enviar um avião KC-130H (com tripulação), dois drones (com operadores) e lanchas de resgate (com tripulação).   

Foto: Freepik

Em 10 de maio, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca dos Estados Unidos, John Kirby, anunciou uma doação de 120 mil dólares e o presidente Joe Biden disse que "os Estados Unidos estão ao lado do Brasil neste momento difícil". Os governos da Alemanha, Chile, Emirados Árabes Unidos, Itália, Israel, Japão, Paraguai, Portugal, Reino Unido, Venezuela, entre outros, também ofereceram ajuda e manifestaram solidariedade.

No dia 5 de maio, após proferir o Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco expressou sua solidariedade às vítimas das enchentes. Através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados, o Papa doou 100 mil euros (equivalente a 500 mil reais), repassados para o Regional Sul 3.

O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ofereceu apoio às vítimas das enchentes, trabalhando com diversas entidades para fornecer itens essenciais e auxílio na emissão de documentos e reforçando equipes locais para apoio psicológico. A agência estima que serão necessários cerca de 16 milhões de reais para ajudar com as necessidades mais urgentes na região. 

Em 14 de maio, o Novo Banco de Desenvolvimento, instituição financeira do BRICS, anunciou 5,75 bilhões de reais no financiamento de obras de reconstrução, recursos que devem ser transferidos de forma direta para o governo gaúcho e também por meio de parcerias com outras instituições financeiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Comunicação em amizade social solidária

As emissoras de televisão como a RBS TV (afiliada da TV Globo), Record RS, SBT RS, Band RS, Rede Pampa (filiada da RedeTV!) e a TVE RS (filiada da TV Brasil) modificaram as suas programações para exibir boletins e especiais sobre as enchentes, além da cabeça de rede de cada canal realizarem as suas respectivas coberturas e Campanhas.

As emissoras nacionais, como a Record, SBT e a Rede Bandeirantes, também mobilizaram seus principais apresentadores para ancorarem os telejornais direto das cidades afetadas. 

Além disso, as emissoras também realizaram especiais solidários para doações, como a TV Globo, abrindo doações no site Paraquemdoar.com.br, além de organizar o Futebol Solidário, unindo ex-futebolistas e famosos em um duelo com as equipes recebendo os nomes de União e Esperança direto do Maracanã, com os valores dos ingressos sendo destinados às ONGs ligadas aos afetados pela enchentes.

Jornais impressos, como o Zero Hora, Diário Gaúcho e Pioneiro tiveram a circulação suspensa e optaram por disponibilizar gratuitamente seus conteúdos digitais.

As enchentes tiveram expressiva repercussão na imprensa internacional, sendo noticiadas por jornais e agências de notícias de outros países, como o The New York Times, a BBC, a Reuters, a Xinhua, El País, The Guardian, Financial Times, Le Monde e a France-Presse. O jornal Wall Street Journal afirmou que a tragédia faz parte de fenômenos climáticos extremos causados pelo aumento das temperaturas no mundo.

Foi nesse contexto que nasceu a plataforma - Salva RS -, um aplicativo criado de forma voluntária e independente por um grupo de professores das áreas de Comunicação, Ciência da Computação e Arquitetura da UniRitter – e colocado no ar menos de 24 horas após o início das enchentes.

Com o objetivo de centralizar os pedidos de socorro que surgiam em diferentes grupos de ajuda e evitar a dispersão de recursos e esforços, o aplicativo contou com duas interfaces distintas: "Preciso de Resgate" e "Consigo Resgatar".

Os pedidos de socorro são automaticamente transformados em pontos de geolocalização em um mapa e a rota até o local, traçada em tempo real, é compartilhada com aqueles que têm condições de ajudar.

"Deus cuida"

O presidente do Regional Sul 3, dom Leomar, em vídeo, fala que Deus cuida e ressalta, também, a solidariedade dos bispos, da Igreja e do povo.
 

Solidariedade prestando socorro de qualquer lugar

O Regional Sul 3 organizou uma campanha para socorrer os diversos municípios. Quem desejar contribuir pode fazer um Pix para a CNBB Regional Sul 3: 33685686001041 (CNPJ).

 

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