Beato Tiago Alberione, fundador da Família Paulina.
Uma fulgurante luz iluminava as palavras de Jesus “Vinde a mim todos”, escritas na pequenina porta do Sacrário da catedral de Alba, Itália, quando o coração de Alberione foi tocado por Deus. Era não só a noite da passagem do século 19 ao 20, mas também a noite do nascimento da vocação e missão profética de Tiago Alberione.
A luz transformou-se em semente que lançou raízes profundas na Igreja e aos poucos germinou em inúmeras terras, línguas e culturas para levar a todos a Palavra de Deus, promover a humanização fraterna da humanidade com os mais variados meios, formas e linguagens de comunicação.
Ao celebrar os 140 anos do nascimento de Alberione, fazemos memória da fonte geradora e transmissora da nova luz profética e intuição carismática alberioniana na Igreja.
Alberione escolhido por Deus
O fogo da purificação acrisolou sua vida, despojou-o da ambição e desejo de grandeza e poder, como escreve em seu diário pessoal:
“Eu era um filho adorado pelos pais, amado pelos irmãos, admirado pelos companheiros e as mais belas esperanças pareciam me sorrir; eu sonhava a felicidade e a grandeza, me comprazia no amor, eu dirigia frequentemente meu pensamento ao sepulcro, que me parecia doce e desejável; eu o amava, com amor de menino...”
Foram anos tempestuosos para o meu natural, fatais para meu instinto que ansiava o louvor e a grandeza. Aos 18 anos... as desilusões vieram uma após outra, um abismo após outro, mas a graça de Deus e de Maria me salvou. E agora tenho vontade de viver... me sinto forte (cf. Alberione, Diario giovanile, p.56).
Alberione experimentou o insondável mistério da vida. Após essa tempestade, afirma: “A mão de Deus esteve sempre sobre mim”.
Alberione à procura de um caminho
Consciente das graves situações da Igreja provocadas pelo racionalismo moderno e pelas novas filosofias que criavam um abismo entre ciência e fé, desde jovem sentia-se impulsionado a fazer o Evangelho e a Bíblia chegar às mãos do povo. Era um tempo em que o povo não podia ler a Bíblia, nem o Evangelho. Ainda seminarista, Alberione dedicou-se ao ensino do catecismo e do Evangelho durante 6 anos.
Alberione a caminho da missão paulina
A “particular luz”, intensa e forte, iluminou caminhos, aparentemente estreitos, mas com uma direção claramente dirigida à missão evangelizadora com a comunicação social, o Evangelho, a Liturgia, a Catequese, iniciando sempre na pobreza de um presépio, gradativamente, no encaminhamento e irresistível impulso de desenvolvimento.
Deu vida à Família Paulina, formada por cinco Congregações Religiosas, uma Associação de Leigos e quatro Institutos Seculares, onde as forças são unidas, a dedicação é total, a doutrina mais pura. Sonhou com São Paulo redivivo, com uma “comunidade apostólica vivente hoje”, formada de homens e mulheres que vivem com alegria o Evangelho e o comunicam.
Beato Tiago Alberione e a Venerável Irmã Tecla Merlo. Foto: Arquivo Paulinas
Alberione, de modo admirável, prospectou a presença da mulher consagrada na evangelização com a comunicação social. Em particular, a Primeira Mestra Tecla, mulher de sabedoria criativa e grande coração, foi uma presença feminina determinante e iluminadora para a obra do Beato Tiago Alberione. Ele mesmo diz que ela, e tão somente ela, foi, sobretudo, mãe do Instituto.
Alberione às portas do mundo
Admirador do espírito e missão do Apóstolo Paulo, Alberione lança o carisma da comunicação evangelizadora ao mundo, quando, em 1938-1939, envia dois paulinos e duas paulinas ao Brasil, com um programa místico-apostólico chamado paulino.
No dia da partida, ele os abençoa e lhes entrega um corajoso programa: Vocês irão espalhar a divina palavra com a imprensa: deem-na com o mesmo coração que teve Jesus Mestre ao pregar; com o ardor que animou São Paulo ao difundi-la; com a graça e a humildade pela qual a Santíssima Virgem tornou-se a Mãe do Verbo encarnado. Suas edições sejam as mais pastorais, as que teriam feito São Paulo se vivesse agora. Assim vocês são enviados: Como o Pai me enviou... (cf. Rolfo, p. 257).
Com profunda persuasão, Alberione atribui a paternidade de toda a obra paulina a São Paulo, dizendo: Todos devem “considerar como pai, mestre, modelo, fundador, somente São Paulo, apóstolo. Ele o é de fato. Por meio dele nasceu, por meio dele foi alimentada e cresceu, dele tomou o espírito.
Quanto a ele mesmo, confessa que deseja desaparecer da cena e da memória... pertencer à admirável Família Paulina como servo agora e no céu, onde intercederá pelos que usam os meios modernos e mais eficazes de fazer o bem, na santidade, em Cristo e na Igreja. (cf. AD 2).
Alberione às portas da casa do Pai
Poucas horas antes de morrer, no dia 26 de novembro de 1971, Alberione recebeu a visita de despedida, em nome da Igreja, do Papa Paulo VI, o qual, colocando a mão sobre sua cabeça agonizante, o abençoou em silenciosa oração. Dias antes, consciente de sua partida ao céu, Alberione despediu-se: Estou morrendo... Estou rezando por todos!
Alberione a caminho da santidade
Selando o reconhecimento oficial da Igreja àquele que foi um homem santo, um profeta, apóstolo da comunicação evangelizadora, o Papa João Paulo II, a 27 de abril de 2003, declarou Padre Tiago Alberione Bem-aventurado.