Catequese

Carta Apostólica sobre o Ministério de Catequista

Este novo ministério reforça a responsabilidade daqueles (as) cuja missão é testemunhar e comunicar as verdades da fé cristã em nome da Igreja 

Foto: Cathopic

No dia 10 de maio de 2021, o Papa Francisco lançou sob a forma de “Motu proprio” a Carta Apostólica “Antiquum ministerium”, na qual estabelece o Ministério de Catequista.

O anúncio do Motu Proprio foi recebido com grande júbilo e surpresa por alguns; para outros, porém, a Igreja tardou em reconhecer a importante missão do catequista. 

A instituição do Ministério de Catequista pelo Papa Francisco, contudo, não significa apenas um destaque ou um simples reconhecimento à missão do catequista, como também reforça a responsabilidade de homens e mulheres para esse serviço e da própria Igreja, que deverá prepará-los para essa missão.

Um breve relato

Ana Júlia, uma catequista do Distrito Federal, relata que há quinze anos é catequista e sempre se dedicou com amor e cuidado à missão na catequese. Percebe, porém, que nos últimos anos a catequese mudou muito, deixou de ser apenas um tempo de preparação para os sacramentos, exigindo, dessa forma, uma adequada formação para tal missão.

Recorda que, certa vez, participou de uma formação para catequistas e o assessor falava sobre o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA) e sobre os tempos e as etapas do catecumenato. Ela, então, sentiu-se incomodada, pois, com tanto tempo atuando na catequese, ainda não conhecia o RICA, e muito menos o que são querigma e mistagogia.

Daí se deu conta de que não basta ter apenas boa vontade para ser catequista; no atual contexto, é preciso um conhecimento aprofundado do novo que está acontecendo na catequese.

Com a proclamação do Papa Francisco sobre o Ministério de Catequista, seu coração se entristeceu, pois reconhece o quanto precisa estar preparada para assumir esse ministério. E comenta: “Jamais serei uma ministra da catequese”; “O que muda?”; “Quem poderá ser um ministro da catequese?”; “Quais são as exigências necessárias para assumir esse ministério?”. Mesmo com o coração aflito, sua abertura ao novo e às exigências que se impõem a essa missão são esperançosas.

Catequese diante de novos cenários

É evidente que a catequese, nos dias atuais, se encontra diante de novos desafios e em contextos complexos e plurais, os quais exigem um olhar mais profundo e sábio da realidade por parte dos catequistas.

O novo Diretório para a Catequese, do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização,lançado em 2020, posiciona e reforça a missão da catequese na ótica da evangelização. Segundo ele, a catequese deve assumir papel fundamental no primeiro anúncio ou querigma, ocupar-se com a atividade evangelizadora da Igreja e, ainda, recuperar urgentemente o Ministério do Catequista na comunidade cristã.

Portanto, é preciso entender e acolher a proclamação do Ministério do Catequista a partir dessa renovada caminhada da catequese. 

A Carta Apostólica “Antiquum ministerium” é um texto simples e curto: primeiramente, aborda o sentido do ministério nas origens, com uma fundamentação bíblica; depois, sua evolução ao longo da história da Igreja e, por fim, a instituição do Ministério laical de catequista.

Um olhar sobre o ministério nas origens

A Antiquum ministerium nos relembra que o ministério dos leigos e das leigas não é uma novidade introduzida na vida eclesial, do Concílio Vaticano II. O que o Vaticano II apresentou como novidade é que os leigos podem assumir verdadeiros e próprios ministérios, permanecendo leigos. Dessa forma, a Igreja conciliar “compreendeu, com renovada consciência, a importância do compromisso do laicado na obra de evangelização” (AM, n. 4).

Ao lançarmos nosso olhar para a Igreja antiga, constatamos que os leigos e as leigas já assumiam verdadeiros ministérios. Esses ministérios permitiram à Igreja nascente consolidar-se, crescer e expandir-se. Na leitura do Novo Testamento, principalmente nas cartas paulinas, podemos verificar a diversidade de carismas, serviços e ministérios. Uma passagem clássica de 1Cor 12,4-31 afirma a ministerialidade vivida pela comunidade cristã. O cristianismo não poderia ter-se difundido tão rapidamente e alcançado muitos adeptos sem o testemunho e o serviço convicto e ardoroso dos homens e das mulheres. 

Ministério de Catequista – um serviço à Palavra

Com a renovada consciência do Concílio Vaticano II sobre a importância dos leigos e leigas atuantes na Igreja, o debate acerca do Ministério de Catequista tem sido evidenciado.

O Diretório Nacional de Catequese, publicado em 2006, por exemplo, enfatiza que a catequese faz parte do ministério da Palavra e do profetismo eclesial, e, portanto, o catequista é um autêntico profeta, pois pronuncia a Palavra de Deus na força do Espírito Santo (cf. n. 39).

A Antiquum ministerium reconhece que a missão de catequista é uma vocação: “o catequista é chamado, antes de tudo, a exprimir a sua competência no serviço pastoral de transmissão da fé, que se desenvolve nas suas diferentes etapas: desde o primeiro anúncio, que introduz no querigma, passando pela instrução, que torna consciente da vida nova em Cristo e prepara de modo particular para os Sacramentos da Iniciação Cristã, até a formação permanente” (AM, n. 6). Ao reconhecer tal vocação, a Igreja afirma de maneira solene a importância eclesial do Ministério de Catequista.

Instituição do Ministério

Quando os ministros recebem da Igreja, a partir de um discernimento, uma missão específica, evidencia-se o rito de instituição. Esse serviço requer estabilidade e preparação adequada para o bom exercício da missão.

A carta apostólica destaca que, “ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já uma madura experiência prévia de catequese” (AM, n. 8). O ministério instituído dá ao/à ministro/a, portanto, autoridade para transmitir as verdades da fé cristã em nome da Igreja. 

O documento finaliza proclamando a instituição do Ministério laical de Catequista; informa que, em breve, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos providenciará o Rito de Instituição do Ministério laical do Catequista e convida as Conferências Episcopais para que elaborem um itinerário formativo à pessoas chamadas a esse ministério.

Sem dúvida, a alegre notícia da Carta Apostólica Antiquum ministerium é um marco para ação evangelizadora da Igreja e para a história da catequese. O ministério instituído fortalecerá a missão de catequistas e qualificará o processo de formação dos/as discípulos/as missionários/as de Jesus Cristo, no itinerário da Iniciação à Vida Cristã.

 

Maria Vanderlane de Araújo é religiosa, pertence à congregação das Irmãs Paulinas. Possui graduação em Teologia (PUCSP), e pós-graduação em Catequese (UNISAL). Peregrina da fé. Gosta de estar com os catequistas e aprender com eles a vivência da fé cristã.

 

Site Desenvolvido por
Agência UWEBS Criação de Sites