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Como conquistar o equilíbrio emocional em um mundo digital?

“Palavra do ano” alerta para a deterioração do bem-estar emocional causado pelo consumo incessante de conteúdos on-line de baixa qualidade

Foto: Pexels

Difícil quem não se identifica com esta situação: com o intuito de relaxar, a pessoa senta no sofá e, por horas, fica rolando o dedo na tela, se distraindo com os conteúdos da rede social.

Da próxima vez que sentir vontade de “relaxar” dessa forma, pergunte a si mesmo: isso colabora para o meu desenvolvimento ou degeneração cerebral?

O termo “brain rot” ganhou destaque nos últimos meses e foi escolhido como a palavra do ano de 2024 pelo dicionário de Oxford. Ele descreve a deterioração do bem-estar intelectual e emocional causado pelo consumo incessante de conteúdos on-line de baixa qualidade.

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Porém, essa “degeneração cerebral” vai além da mera distração. A falta de prudência no uso das redes sociais tem proporcionado uma sensação de infelicidade, já que baseamos nossa vida na realidade “instagramável”, comparando nossa existência com a dos outros. 

“O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855) diz que ‘a raiz da infelicidade humana está na comparação’. Do ponto de vista social, somos uma sociedade cada vez mais acelerada, por isso poderíamos reformular o antigo ditado popular para: ‘Diga-me como utilizas teu tempo e te direi quem és’. Isso nos leva à sensação de falta de tempo. Os dias ainda possuem 24 horas, mas, em nossa percepção, parecem ter apenas 18 horas, para alguns, até menos. Portanto, não são os dias que estão mais curtos, eles estão mais atarefados como nunca antes na história”, explica o professor de Filosofia do Ifes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo), Edson Kretle.

Saúde emocional

Impossível não atrelar o ritmo acelerado da vida digital com uma maior ansiedade e estresse. Para o professor, é essencial questionar um estilo de vida que tem apenas potencializado doenças como a depressão e a Síndrome de Burnout. É preciso pensar em “puxar o freio de mão” e buscar o equilíbrio emocional.

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“No contexto em que somos afetados por um turbilhão de informações, torna-se cada vez mais difícil o ser humano se esculpir como pessoa. Somos moldados pelas cobranças e metas impostas pelos superiores e, se não bastasse, como carrascos de nós mesmos, dobramos esses objetivos e nos esquecemos de que somos seres limitados. Admitir isso é o começo da cura para a sociedade da aceleração. Como nos autoconstruir e nos realizar, se o pouco tempo que temos é ocupado com coisas que não edificam, mas apenas nos mantém distraídos e eternos fugitivos de nós mesmos?”, questiona Edson Kretle.

Felicidade coletiva

A tarefa não é simples: restaurar a saúde mental e encontrar equilíbrio em um ambiente projetado para cativar – e sobrecarregar – a nossa mente. O caminho passa pelo autoconhecimento, pela espiritualidade e por uma felicidade mais coletiva e menos individualista.

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“Essas são alternativas para atenuarmos os impactos negativos de uma sociedade que trocou o brilho dos olhos pelo brilho das telas. Vivemos cobrando uns dos outros e de nós mesmos uma excelente atuação em tudo: academias, escolas, trabalho e relacionamentos. Todos os bons resultados são oferendas e preces aos deuses, Facebook, Instagram, TikTok, etc. Diante das incertezas deste tempo em que vivemos, resgatemos o alerta do filósofo grego Aristóteles que ensina que a verdadeira serenidade só é alcançada na intimidade, por meio da reflexão. Isso não significa que a felicidade esteja restrita ao isolamento, mas que o autoconhecimento é um caminho essencial para a busca da paz interior e para o ‘resgate’ do nosso cérebro e de relações saudáveis”, finaliza.

 

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