Foto: Freepik
Jesus de Nazaré é, sem dúvida alguma, modelo de comunicação no modo de sua abordagem com as pessoas. Basta observar como ele inicia um diálogo, nas mais diferentes circunstâncias. Hoje, convido você a contemplar o encontro de Jesus com a mulher da Samaria (Jo 4), sabendo que a samaritana representa um povo pagão, excluído, com grande rivalidade com os judeus.
Jesus chega ao poço de Jacó, ao meio dia, cansado de caminhar, pois estava atravessando a Samaria para ir à Galileia. Chega uma mulher da Samaria, com seu cântaro para pegar água, uma rotina diária. E Jesus lhe pede: “dá-me de beber” (Jo 4,7). E ali começa a conversa. “Como, sendo judeu, me pedes de beber, a mim que sou samaritana?” (Jo 4,9).
Jesus continua a conversa projetando o foco da conversa para mais longe. “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ’Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva” (Jo 4,10). A pedagogia de Jesus ou a estratégia que ele adota, não é de acentuar o que divide, judeus e samaritanos, mas de ajudar a pessoa a olhar para o horizonte onde uma realidade intangível, existencial, que todo o ser humano tem grande desejo de alcançar: preencher a própria existência com um sentido que permanece e não se prende ao transitório, à materialidade.
A provocação de Jesus faz com que a mulher encontre desculpas para não ir a fundo: “você não tem vasilha e o poço é fundo, de onde podes tirar essa água viva? És porventura maior que nosso pai Jacó?” E o Mestre vai conduzindo o diálogo, procurando mostrar que a água que buscamos todos os dias no poço, na fonte, não é suficiente para nunca mais ter sede”.
Foto: Freepik
Ela se sente tão desafiada que suplica: dá-me desta água para que eu não precise mais vir buscar. E ao desafiar a mulher da Samaria em sua crença, pois ela representa um povo que adorava muitos deuses e a imagem do marido também se refere à idolatria, Jesus chama ao encontro profundo com a pessoa dele, o Deus único e verdadeiro. “Vem a hora e é agora em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade”. As pontuações de Jesus vão fazendo com que a mulher entre no mais profundo de si mesma e se encontre com o verdadeiro Messias, aquele que sacia a sede profunda: “sou eu que falo contigo”.
O encontro com a pessoa de Jesus faz com que a mulher abandone o cântaro, o balde, aquele ‘instrumento’ que lhe dava segurança. Deixou, pois o cântaro e correu à cidade para dizer a todos: “Vinde ver um homem que disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?” (Cf. Jo 4,29). Jesus sabe preparar o coração do seu interlocutor para jogar a semente da vida eterna, de modo que a pessoa faça a descoberta por si mesma e não porque outros contaram e esta experiência permanece.
A abordagem de Jesus ilumina a nossa. Numa sociedade de escolhas, os métodos da espiritualidade precisam favorecer às pessoas o caminho interior e fazerem a própria descoberta, neste encontro profundo e pessoal com o Mestre da comunicação.
Para ler outros artigos de comunicação, clique aqui.