Catequese

Conheça as dimensões da espiritualidade que o catequista deve cultivar a cada dia

Foto: Juliene Barros

Para realizar a missão de fazer ecoar a Boa Nova, o catequista é convidado a cultivar diariamente as seguintes dimensões cristãs que se encontram no livro” Espiritualidade e missão do catequista”, do autor, Padre Vicente Frisullo:

Dimensão cristocêntrica: consiste em seguir a Jesus Cristo, buscá-lo no encontro pessoal através da oração, da leitura da Palavra de Deus no cotidiano, na comunhão, no encontro com irmãos, até que Cristo se forme no catequista. 

Dimensão trinitária: Cristo é o caminho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Cf. Jo 14, 6). Mas a meta é a Trindade, pela qual fomos mergulhados no dia do batismo. Ela é a fonte do amor inesgotável que leva ao compromisso de viver e construir unidade e comunhão, na família, na sociedade e na Igreja.

Dimensão litúrgica sacramental: Após a Ressurreição de Jesus Cristo, agora só o encontramos, através de sinais, de forma sacramental.  Por isso, é vital para o catequista crescer na intimidade com Jesus Cristo Eucarístico, cultivar a vida de comunhão com Ele através da Eucaristia, “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu nele”(Cf. Jo 6, 56). A Eucaristia é o mistério e o centro da vida cristã. Nela, o catequista se configura a Cristo Orante, que o ensina a orar, e, sobretudo, em comunidade ir ao encontro do Senhor Jesus Cristo.   

Foto: Juliene Barros

Dimensão bíblica: a fé do catequista nasce da Palavra. Foi São Paulo que afirmou: “Certamente a fé vem do anúncio, e o anúncio por intermédio da Palavra de Cristo”(Cf. Rm 10,17).  Portanto, a missão do catequista é ser um servidor da Palavra. A iniciação à vida cristã exige conhecimento da Palavra de Deus, para despertar nos catequizandos o sabor pela Palavra de Deus que é alma da catequese. “Toda Escritura é inspirada por Deus, é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (Cf. 2Tm 3, 16-17). Por isso, é tão importante que o catequista busque aprofundamento na Sagrada Escritura.  

Dimensão eclesial: Através do Batismo o catequista faz parte da família de Deus, está inserido, vive da e na Igreja, porque ele prepara novos membros para ela. O catequista fala da Igreja com paixão de quem tem a missão de introduzir novos membros através da iniciação à vida cristã. Dentro da comunidade eclesial que o catequista é chamado à missão de viver uma forte e atraente experiência eclesial. 

Dimensão mariana: apesar da discrição de Maria nos Evangelhos, é compreensível porque Jesus é o centro, único mediador entre Deus e nós. Porém, Maria é citada 125 versículos, isto é suficiente para compreender o lugar que ela ocupa na história da salvação. Para o evangelista João, Jesus antes de morrer entrega sua mãe à Igreja e a Igreja à sua mãe, porque ela é mãe da nova humanidade em Cristo.

Maria é modelo para o catequista de como se aproximar da Palavra de Deus. Como o Papa Francisco afirmou: “ Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto” (EG 288).

Foto: Cathopic

Dimensão solidária: a fé não é mero sentimento. É ação. No livro do Êxodo, Deus disse: “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-los”(Cf. Ex 3,7).

O amor de Deus para com seu povo se traduz em ação concreta. Deus intervém e envia seu Filho Jesus que veio para servir e dar vida plena para todos. Jesus toma para si, a missão do servo sofredor que carrega sobre si o sofrimento do povo.

O amor compaixão de Jesus para com os pobres e sofredores é tão grande, que ele chega a se identificar com eles: “Venham a mim benditos de meu Pai...pois estava com fome..estava com sede e me deste de beber...(Cf. Mt 25,34-40).1 

Portanto, nesse sentido, as dimensões da espiritualidade cristã servirão de bússola para o catequista se orientar, aprofundar cada vez mais, e se conscientizar da linda missão de  discípulo e missionário, de ser mistagogo, ou seja, de iniciar, conduzir os irmãos ao mistério de Cristo, orientando-os para Deus, sendo intérprete da alegria do Evangelho. É o que o mundo espera de nós, catequista.

 

Para ler o artigo: Espiritualidade e missão do catequista, clique aqui

 

Irmã Renata S. Soares Pereira é irmã paulina, filósofa e pós-graduada em Catequese no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). Missionária na Livraria Paulinas do Rio de Janeiro (RJ).

 

 1FRISSULLO, Vicente. Espiritualidade e missão do Catequista:a partir do documento da CNBB n.107. São Paulo:Paulinas. 2017.p.40-51

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