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Tem gente que faz contagem regressiva e não é apenas na virada do Ano Novo. Há mais de dez anos as pessoas contam os dias para a chegada da Black Friday, que ocorre sempre na última sexta-feira de novembro. O dia é uma tradição nos Estados Unidos, onde se realizam grandes promoções na proximidade do feriado de Ação de Graças.
Como o Brasil não comemora esta data, o comércio encontrou outro motivo para aumentar suas vendas pegando carona neste período: o pagamento do 13° salário. Mas, é importante controlar a ansiedade frente às super liquidações e tomar alguns cuidados antes de sair comprando por aí.
Muitas empresas maquiam o preço para que o produto pareça mais barato. Ou seja, sobem o valor na véspera e baixam na data como se fosse uma oferta. Essa prática é considerada publicidade enganosa e o estabelecimento pode ser penalizado. Para evitar esse tipo de prática, o ideal é visitar sites e lojas diferentes com, pelo menos, duas semanas de antecedência.
Ione Amorim, coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Foto: Arquivo Pessoal
Não deixe de verificar além do preço, as condições de venda e as especificações do produto. “Para quem já sabe o que vai comprar, a orientação é acompanhar com antecedência de dois meses, pois assim se verifica a flutuação dos preços antes da data da promoção. Alguns sites e os Procons fazem monitoramento de preço para ajudar os consumidores a escolherem empresas com boa reputação. Para se resguardar, guarde o folheto ou tire um print screen (foto da tela do computador ou celular) com a demonstração do produto, valor, e também com informação do link, nome da empresa, data e hora em que foi feita a pesquisa. Quanto maior a antecipação do acompanhamento do preço, mais fácil é fugir de falsas promoções”, explica a coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Ione Amorim.
Vendas on-line
Com a tendência de alta nas compras on-line, o consumidor precisa observar as condições de segurança para navegação pelos sites e aplicativos das lojas.
Além de pesquisar as ofertas, também é importante fugir de publicidades enganosas e se atentar sobre as informações sobre prazo de entrega, custo do frete, política de troca para produtos com defeitos ou que não atendam às especificações da oferta. “O consumidor deve ficar atento no momento da finalização da compra sobre o risco de mudança do preço proposto. Faça o print da tela para garantir que a informação apresentada no momento da compra será cumprida pelo fornecedor. É importante ter em mãos informações que irão subsidiá-lo numa contestação judicial em caso de descumprimento de oferta”, orienta Ione Amorim.
Ouvi a palavra “promoção”?
Ela não perde uma promoção! Vive atrás de cupom de desconto e barganha sempre pelo “frete grátis”. A recepcionista de 24 anos, Gisele Cristina Leite dos Santos, conta que já entrou em algumas furadas comprando pela internet.
Gisele Cristina Leite dos Santos. Foto: Arquivo Pessoal
Aficionada por perfumes, cremes e maquiagem, Gisele já fez duas compras em sites indicados por famosos que ela segue no Instagram. “Essas compras nunca foram entregues e as lojas não responderam meus contatos. Hoje em dia desconfio quando o preço é muito mais barato e só compro depois de verificar se o site é seguro”, afirma a recepcionista.
O exemplo de Gisele está relacionado a outro cuidado importante: pesquisar a idoneidade da loja. Certifique-se de que a empresa existe, verificando se possui endereço físico e canal de relacionamento com o consumidor. Confira o histórico de reclamações no Procon de seu município e no site consumidor.gov.br, do Ministério da Justiça, para verificar a reputação da loja.
É golpe!
Cada vez mais comuns, as práticas de fraudes na internet ocorrem via e-mail, sites e mensagens de WhatsApp. A atenção durante o período de Black Friday deve ser redobrada. Confira as orientações da profissional do Idec:
• Desconfie sempre de empresas com as quais ainda não teve nenhum relacionamento ou que não conheça, e tome cuidado com golpistas que usam páginas que imitam grandes lojistas.
• Além disso, ao acessar o endereço eletrônico, verifique se aparece um cadeado no canto esquerdo da barra de busca. Caso esteja visível, provavelmente a loja é segura.
• Evite sites que só aceitam pagamento via boleto, pois além de não passar pela verificação da administradora do cartão, caso haja fraude, não conseguirá reaver o valor pago. Ao se deparar com uma empresa falsa, denuncie ao Procon.
• Antes de clicar nos links com ofertas imperdíveis, desconfie. Golpistas aproveitam do aumento das transações para ludibriar consumidores. Os ataques de phishing - crime em que os internautas são convencidos a revelar informações pessoais, como senhas e dados de cartão de crédito - costumam fraudar o internauta, utilizando e-mails inexistentes e domínios que embora pareçam com o original não têm relação com a empresa da suposta oferta. Além disso, preços muito abaixo da média praticada também são indícios de fraude.
Juliana Borga é jornalista, três vezes vencedora do Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa. É mãe coruja da Helena e adora escrever sobre temas que colaboram para um mundo mais humano e solidário. Instagram: @juborgajornalista