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A 29ª Conferência do Clima da ONU (COP) começou na segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão. Enquanto todo mundo tem pela frente duas semanas de difíceis negociações para resolver o problema de financiamento de ações climáticas, paira no ar o fato de que o maior emissor histórico do planeta – e um dos que mais deveriam colaborar, os Estados Unidos – deve abandonar essa causa a partir do próximo ano, segundo John Podesta, enviado especial de Biden na COP29.
Organizações não governamentais debateram a questão, no início da COP29, pela perspectiva de que as demais nações devem tentar suprir essa lacuna a todo custo e não deixar que um único país estrague tudo.
O que diz o enviado especial de Biden
Em entrevista coletiva, John Podesta não poupou palavras e quase pediu desculpas ao mundo pelas ações de seu país. “Estou muito ciente da decepção que os Estados Unidos às vezes causam às partes do regime climático, que já vivenciaram lideranças fortes, engajadas e eficazes dos EUA, seguidas de um desengajamento repentino após uma eleição presidencial nos EUA”, afirmou.
“Como o presidente Biden disse na semana passada, retrocessos são inevitáveis, mas desistir é imperdoável. Este não é o fim da nossa luta por um planeta mais limpo e seguro. Os fatos ainda são fatos. A ciência ainda é ciência. A luta é maior que uma eleição, um ciclo político em um único país. Essa luta é ainda maior porque todos nós estamos vivendo um ano definido pela crise climática em todos os países do mundo”.
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Ele citou os furacões Helene e Milton que atingiram recentemente os Estados Unidos, a pior seca em décadas no sul da África, que “põe 20 milhões de crianças sob risco de desnutrição e morte por fome”, como ele disse. Citou também a seca histórica e as queimadas que atingiram a Amazônia e o Pantanal; as chuvas torrenciais na Espanha e o supertufão Yagi, que atingiu o Sudeste Asiático.
“Nada disso é uma farsa. É real. É uma questão de vida ou morte”, complementou.
Papa Francisco em sua mensagem pede justiça
Aos mais de 50 mil participantes da COP29, em Baku, no Azerbaijão, o secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, levou o apelo do Papa Francisco lançado na Bula Jubilar Spes non confundit, desta vez acompanhado do duplo convite para implementar "uma nova arquitetura financeira internacional", ousada e criativa, e demonstrar, através da Cúpula sobre o Clima, que “existe uma Comunidade internacional disposta a olhar para além dos particularismos e a colocar no centro o bem da humanidade e a nossa Casa comum, que Deus confiou ao nosso cuidado e responsabilidade”.
Dívida externa e dívida ecológica, duas faces da mesma moeda
Devemos, portanto, “fazer esforços para encontrar soluções que não comprometam ainda mais o desenvolvimento e a capacidade de adaptação de muitos países já sobrecarregados por uma dívida econômica paralisante”. “Ao discutir o financiamento climático, é importante lembrar que a dívida ecológica e a dívida externa são duas faces da mesma moeda, que hipoteca o futuro”, escreve o Papa Francisco. E diz mais:
"Os recursos humanos e tecnológicos existem para “inverter a tendência” e “prosseguir o círculo virtuoso do desenvolvimento integral verdadeiramente humano e inclusivo”.
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O apoio da Santa Sé e desafio do nosso século
Parolin, em nome do Papa, garantiu o apoio da Santa Sé em todos estes esforços, especialmente no campo da educação ecológica integral e na conscientização para o meio ambiente como um “problema humano e social em vários níveis” que requer acima de tudo um compromisso claro, por parte de todos: “Não podemos passar e olhar para o outro lado. A indiferença é cúmplice da injustiça." E não há mais tempo para indiferença.
Não podemos lavar as mãos sobre isso, com o distanciamento, com o descuido, com o desinteresse. Este é o verdadeiro desafio do nosso século