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Corpus Christi: fé, partilha e esperança nas ruas e nos corações

Celebrada 60 dias após a Páscoa, a solenidade reúne fiéis em missas, procissões e tapetes coloridos

Foto: Pexels

A festa de Corpus Christi tem como centro a celebração da Eucaristia, sacramento instituído por Jesus Cristo na Última Ceia, quando ofereceu pão e vinho aos discípulos dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo... Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue”.

Padre Matheus da Silva Bernardes, professor de Teologia da PUC-Campinas. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o padre Matheus da Silva Bernardes, professor de Teologia da PUC-Campinas e presbítero da Arquidiocese de Campinas (SP), a celebração eucarística é o momento mais elevado da vida eclesial. “É uma grande ação de graças trinitária: o Filho rende graças ao Pai no Espírito Santo. Nós, pelo Batismo, fomos incorporados no Filho e nos tornamos templos vivos do Espírito”, explica.

Mesa de ação de graças

Celebrar Corpus Christi é celebrar a vida eucarística, que é partilha, ação de graças e compromisso com a esperança. “Rendemos graças pela grandeza e pela beleza de todas as obras das mãos do Pai, especialmente pela Criação e pela Redenção”, destaca. Neste sentido, a celebração de Corpus Christi é muito mais do que um rito: é a expressão de uma vida eucarística.

Foto: Pexels

A palavra “Eucaristia”, de origem grega, significa exatamente “ação de graças”. Ao reunir-se para celebrar, a comunidade cristã reconhece que tudo vem de Deus e se compromete com uma resposta de gratidão e serviço.

A celebração eucarística é profundamente comunitária, não é o sacerdote sozinho que celebra: toda a comunidade se une em torno do altar para partilhar do mesmo pão e do mesmo cálice. “Por se tratar da dinâmica da partilha da própria Trindade, a Eucaristia jamais pode ser celebrada e vivida individualmente. Essa partilha faz da Eucaristia um verdadeiro sacramento de unidade. Todos, ao comungarem do mesmo pão, tornam-se corpo de Cristo”, completa padre Matheus.

A tradição dos tapetes

Em muitas cidades brasileiras, a festa de Corpus Christi ganha as ruas com procissões e os tradicionais tapetes coloridos. Feitos de sal, serragem e outros materiais, os tapetes lembram a acolhida festiva de Jesus em Jerusalém, quando o povo espalhava ramos no caminho. “Hoje, ao levarmos Jesus Eucarístico às ruas, fazemos o mesmo: adornamos o caminho com arte, devoção e fé”, comenta o padre.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A prática chegou ao Brasil por influência portuguesa e, ao longo dos anos, tornou-se símbolo da criatividade popular a serviço da espiritualidade. Os desenhos muitas vezes retratam símbolos cristãos, cenas bíblicas e mensagens de paz.

Neste ano, a solenidade ganha um sentido especial ao ser celebrada dentro do contexto do Jubileu da Esperança. “Vivemos tempos de ódio e discórdia. A Eucaristia, como memorial da Páscoa do Senhor, infunde esperança e convida todos a se unirem ao redor da mesa da partilha e da reconciliação”, afirma padre Matheus.

Partilhar o pão

A vida eucarística vai além do templo: “Somos chamados a partilhar não só o pão e o vinho consagrados, mas também o pão cotidiano, especialmente com os mais pobres, os excluídos, os que sofrem”.

Assim, a festa de Corpus Christi é mais do que um evento religioso: é um chamado a viver de modo eucarístico todos os dias, com gratidão, solidariedade e comunhão. “Ao enfeitarmos nossas comunidades, ao realizarmos nossas procissões com o Corpo do Senhor, proclamamos ao mundo uma esperança que nasce da partilha da vida de Deus. Que possamos nos alegrar com a Eucaristia, memorial da Páscoa, refletir sobre ela e novamente nos comprometermos com o próprio Senhor Jesus e sua Igreja”, conclui o sacerdote.

 

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