Comunicação

Da Revolução Industrial à Digital: de Leão XIII a Leão XIV- Um olhar a partir da comunicação

O Cardeal Robert Prevost surpreendeu o mundo com a escolha do nome, Leão XIV, e muitas foram as indagações.

O papado de Leão XIII (1878-1903), já tão distante no tempo, mas próximo nas questões por ele abordadas e vivenciadas, tanto na dimensão social quanto no campo da comunicação.

Além de ser o Papa que escreveu a primeira encíclica social, Rerum novarum (das coisas novas), sobre a questão operária, no contexto da Revolução Industrial, um marco na mudança no modo de produção da comunicação, ele iniciou o relacionamento da Igreja com a comunicação.

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A imprensa escrita era hegemônica e o cinema ensaiava os primeiros passos. A tecnologia do rádio estava sendo testada, buscando como transmitir sinais de voz à distância, quando o Papa marca a presença da Igreja neste contexto. 

Para Puntel, com o papa Leão XIII a Igreja Católica começa um segundo e importante período nas relações referentes à comunicação, já que o primeiro foi de condenação aos meios de comunicação. “A Igreja começa a mostrar alguma flexibilidade em relação à imprensa e às novas tecnologias da comunicação, particularmente o cinema e o rádio, embora ainda agindo com cautela”. Um marco histórico de Leão XIII é ser o primeiro papa a dar entrevista a jornalistas e o primeiro a posar para o cinema, com a tecnologia disponível daquele final do século XIX. 

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A Revolução Industrial causou grande mudança nos hábitos de vida e de consumo e o Papa procura dialogar com a sociedade do seu tempo, abrindo-se em relação aos meios de comunicação. Ao lado da questão social, no vigésimo terceiro ano do seu pontificado, Leão XIII escreve a encíclica Tametsi Futura sobre Jesus Cristo Redentor, por ocasião do Ano Santo (1900), pela qual propõe à sociedade fragmentada da época, viver a centralidade em Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida, o Cristo todo para o ser humano inteiro. 

E quase no final dessa encíclica, o Papa escreve: “Se Deus quiser, chegaremos ao século seguinte, com a esperança de uma era melhor”. Passou o século XX e estamos no 25º ano do século XXI, também no Ano Santo, com o tema “peregrinos de esperança”.

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O contexto contemporâneo e a Revolução Digital motivaram o Cardeal Robert Prevost a assumir o nome de Leão XIV, nesta era contemporânea marcada por tantos desafios sociais, econômicos, políticos e comunicacionais. 

Somada aos desafios sociais, o desenvolvimento tecnológico, a Inteligência Artificial em crescente desenvolvimento, e tantos outros, Leão XIV se depara com novas questões de comunicação não só decorrentes dos avanços da tecnologia, mas do diálogo e entendimento entre os povos, tanto que suas primeiras palavras, no dia 8 de maio, foram em favor da paz. 

Evocando a paz do Ressuscitado, o Papa saudou a todos: “A paz esteja com todos vós”!, desejando que esta saudação entre nos corações, chegue às famílias e pessoas, onde quer que se encontrem, a todos os povos, a toda a terra. Invocando a paz para o mundo, ele lembra que a paz de Cristo Ressuscitado é desarmada e desarma, é humilde e perseverante.

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Além do empenho em refletir e acompanhar os avanços da Inteligência Artificial, oportunidades e desafios éticos, Leão XIV fala com imagens de comunicação. Ao dizer que precisamos procurar juntos o modo de ser uma Igreja missionária, traz a imagem de construir pontes, construir o diálogo, ser Igreja sempre aberta para acolher a todos, como a Praça de São Pedro que, em sua configuração, está de braços abertos. Uma comunicação e acolhida a todos os que precisam da nossa caridade, presença, diálogo e amor.

Em relação à pessoa que comunica, nas imagens que vemos de Leão XIII, percebemos uma pessoa sorridente, acolhedora. Em Leão XIV chama a atenção a serenidade de seu semblante, com um leve sorriso, seu modo de olhar atento, centrado na escuta do outro, nos gestos que comunicam leveza e proximidade. Sem dúvida alguma, a palavra acompanhada pelo testemunho aumenta sua eficácia.  

Helena Corazza pertence à Congregação das Irmãs Paulinas, jornalista, doutora em Ciências da Comunicação pela USP, escritora, coordenadora de cursos no SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação), co-autora do livro “Pastoral da Comunicação, diálogo entre fé e cultura” e “Espiritualidade do comunicador”, Paulinas - SEPAC, entre outros. 

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