Serviço de Animação Bíblica (SAB)

Deus vê tudo o que é bom! Dicas Bíblicas / Março 2025

Foto: Eliane Cordeiro de Souza

Em pleno Jubileu da Esperança, podemos recordar o provérbio que diz: “Nós vemos todas as sementes contidas em uma maçã, enquanto Deus vê todas as maçãs que uma semente contém”. Se uma só sementinha for plantada, crescer e produzir novas maçãs, outras incontáveis sementes frutificarão no futuro.

É esse o olhar de Deus: ele enxerga todo o bem em potencial e multiplica os frutos de nossas pequenas ações boas, para muito além do tempo e das aparências, das fraquezas e dos limites de quem procura praticar sua Palavra e viver em seu amor.  

O que é bom sempre volta

Todos os anos a Campanha da Fraternidade trata de um assunto indispensável para a vida. Seja na Igreja, na sociedade ou no mundo. Neste ano, propõe mais uma vez a urgência imperiosa de uma consciência ecológica na Terra, unindo Fraternidade e Ecologia Integral, focando no olhar de Deus sobre a criação: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). 

Foto: Zuleica Silvano, fsp

Os aspectos do tema, sugeridos ao estudo das comunidades, ajudam a ver e escutar os dados resultantes da crise ambiental global, os desafios de superar as causas e a necessidade da Ecologia, que precisa da ação integral de quem crê em Deus e se integra em seu projeto de vida.

A conversão, própria do tempo quaresmal, nos chama a discernir os sinais e perceber a ação de Deus que sempre renova a aliança feita desde o princípio com todos os seres vivos da terra (Gn 9,17). Mas cabe ao ser humano, por convite divino, cultivar e guardar a Criação (Gn 2,15) por meio de ações que restauram e conservam a Obra do Criador em todas suas dimensões, para que assim “todas as maçãs contidas em uma semente” cresçam e frutifiquem ao longo dos tempos. 

O símbolo das sementes de maçã nos faz lamentar as práticas desumanas, de pessoas e grupos que não aceitam o compromisso de guardar e proteger a Terra e os seres que a habitam.

Pessoas cegadas e ensurdecidas pelo pecado da ganância, que só enxergam lucro nos recursos naturais, vivem na contramão do senso comum, dos tratados internacionais e leis nacionais de proteção ambiental, desprezam o ensinamento divino revelado na Lei bíblica e não sabem o que é amar a Deus e ao próximo. 

Romanos, carta ecológica 

Ecologia quer dizer: falar da natureza. A Carta aos Romanos revela um diálogo quando dá a entender que também as coisas criadas falam da existência do Criador. A Carta aos Romanos é o livro escolhido neste ano para o Mês da Bíblia – sempre em setembro - quando a Igreja do Brasil se dedica ao estudo, oração e prática dos ensinamentos de um dos escritos bíblicos.

Foto: Zuleica Silvano, fsp

O primeiro capítulo de Romanos explica que a natureza fala da verdade e aponta para a existência e a ação do Criador, mas as pessoas não quiseram enxergar o Invisível e o trocaram por imagens de ídolos e figuras de animais. Preferiram a mentira e se entregaram a paixões degradantes, à injustiça, à perversidade, ao orgulho e à falta de compaixão.

No capítulo 2, o autor dialoga com os leitores acerca do juízo de Deus. Mostra que, se os gentios foram reprovados porque não quiseram escutar o que a criação lhes revelou, também os judeus estão em pecado, porque conheceram a revelação de Deus por meio da Lei, mas muitos deles foram incoerentes e injustos em sua prática. 

A primeira parte de Romanos trata da resistência dos cristãos originários do judaísmo em admitir que pessoas de religiões pagãs seguissem Cristo. O principal pressuposto para a rejeição consistia na ignorância dos gentios acerca da Lei ensinada por Moisés a Israel, povo escolhido por Deus para a Aliança e a Promessa do Messias.

A Carta não mede palavras para convencer os leitores de que, com a morte e ressurreição de Jesus, já não é a Lei que rege o caminho para Deus, mas a fé em Jesus Cristo; e que o verdadeiro impedimento a segui-lo é o pecado. Esse, sim, desperta a justiça de Deus que, nos tempos bíblicos, se traduzia por “ira”. Hoje, esse vocábulo soa negativo, porém, quando a carta foi escrita, entendia-se ira por comoção profunda, reação, necessidade de agir para converter os pecadores.

Um dos temas de destaque dos capítulos 1,18–3,20 é o dom gratuito da salvação a todo ser humano. Tanto judeus como gentios são igualmente salvos, não pelo mérito de praticar a Lei de Moisés, mas pela justificação vinda da morte e ressurreição do Senhor. Justa é a pessoa que, pela fé, se reconhece pecadora e permite que Deus a perdoe, converta e santifique por sua graça (Rm 1,18–4,25). Essa santidade se traduz nas obras do amor que incluem a paz, a reconciliação e a esperança, sob a luz do Espírito Santo.

Algumas pessoas de autoridade no judaísmo ensinavam a Lei ao povo e, ao mesmo tempo, cometiam o que ela condenava: o roubo, o adultério e a apropriação de bens dos templos de ídolos. Assim, davam péssimo testemunho aos gentios sobre a crença em Deus.

Quem despreza a Lei, mas externamente finge ser justo para receber elogios, blasfema contra Deus (Rm 2,24); quem procura de coração viver o Amor e não a letra da Lei é elogiado por Deus, seja judeu, seja gentio, diz o autor de Romanos.

Foto: Cátia Capellari, fsp

A primeira parte da Carta se encerra com uma questão: qual seria a superioridade judaica? Os judeus receberam a Lei e a Promessa. Mesmo assim, não são melhores que os gentios, porque estão igualmente submetidos ao pecado e à injustiça (Rm 3,12-18) e a Lei a ninguém justifica, mas dá apenas o conhecimento do pecado, cujo perdão só vem pela fé em Jesus Cristo, única fonte da salvação (Rm 3,20).

O eco da Carta aos Romanos ressoa desde o primeiro século da Igreja até hoje. Suas palavras mostram que a natureza é sagrada, é caminho para conhecer e aceitar Deus. Quem destrói a criação dá as costas para a lei do Criador e caminha para o pecado e a morte.

O apelo de conversão do tempo quaresmal e do Ano Santo da Esperança é iluminado pelo olhar de Deus que vê todas as maçãs contidas no potencial de uma semente plantada, enquanto a Terra existir. De nossa parte, o apelo é de caminharmos como Peregrinos da Esperança, na conquista da Ecologia Integral, para que a Bíblia volte a ser escutada quando diz: Deus viu que tudo era muito bom! 

Pausa para refletir

1. Fraternidade é um termo bem conhecido na Igreja. Ecologia Integral é uma expressão nova: 

  • O que a Ecologia Integral tem a ver com a fraternidade? 
  • O que ela nos inspira a realizar?

 

2. Romanos 1,18-23 diz que os gentios (os não judeus) não reconheceram Deus como poderiam.

  • Pode-se dizer que as práticas de agressão à natureza são contrárias à fé e ao amor cristão? 
  • Recordemo-nos de que hoje existem também práticas de respeito a Deus e de benefício da Ecologia Integral e da fraternidade. Pensemos nelas.

 

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