Um desafio de aliar as notas musicais, compor uma melodia e dar ritmo a um texto, versos e sentido para quem vai ouvir. Para aquele que deseja lançar-se na arte da composição religiosa, algumas dicas importantes do mestre e catequista das canções, Pe. Zezinho, scj:
Eu saúdo vocês que receberam luzes do Espírito Santo, motivados por amor à Igreja e à catequese, para que continuem estudando, lendo Bíblia, documentos da Igreja, sociologia, teologia e, sobretudo, a dor do povo. Para que vocês possam compor sentindo as dores do povo, além das dores e esperanças da Igreja. Eu dou a minha bênção porque eu também tento ser compositor há anos.
Por trás de tantas canções, de variados estilos e gerações, eles estão por trás. Alguns ficam famosos, outros nem tanto. Mas toda música parte de sua inspiração. É o compositor quem primeiro “sente” a música, seja nas palavras ou notas. A música é uma das expressões artísticas que mais sensibilizam os sentimentos e emoções. O autor se fundamenta em conhecimentos musicais, culturais, históricos, sobre seu público e outros elementos a fim de cumprir a missão de tocar os corações e também manifestar ideias, opiniões e um dos componentes mais importantes da vivência humana: a fé.
Pe. Zezinho, scj: quase 1500 composições na Paulinas-COMEP (Foto: Juliene Barros)
No caso da música religiosa, há ainda outros desafios. Ou melhor, há a oportunidade de comunhão através das canções: a missão de levar os fiéis a “sentirem” Deus. A música, enquanto expressão humana, tem o poder de elevar até o espiritual.
Além das preciosas dicas de Pe. Zezinho, scj, seguem outras pistas importantes para os compositores:
1. Reconhecer que o dom vem de Deus
Dentro da vocação do leigo, a Igreja chama os fiéis a participarem da obra de evangelização de diferentes modos. Um deles é a música, seja no canto, instrumentos e composição. Desta forma, a primeira atitude é reconhecer o dom e a inspiração do Espírito Santo. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5): é o que o Senhor ressalta sobre a graça que vem Dele e nos chama a sermos instrumentos em Sua mãos.
2. Permanecer em espírito de oração e de serviço
Na vida de qualquer cristão, a intimidade com o Senhor necessita sempre de ser alimentada. E é por meio de uma vida de oração que sustentamos a intimidade e configuração a Cristo. No dia a dia, o músico também precisa se nutrir da oração através de diferentes práticas: leitura orante da Palavra de Deus, oração do Santo Terço, Santa Missa, confissão, jejum, adoração eucarística, retiros etc. O compositor é um evangelizador e precisa, por meios da letra e versos, levar o amor e a misericórdia de Deus que ele mesmo experimentou primeiro. Assim, o trabalho será direcionado a Deus e aos irmãos, e não como vanglória própria.
3. Não deixar de praticar e estudar
É dom, mas também é tarefa! Além da vida de oração, o compositor precisa praticar as técnicas musicais, ter formação musical e apresentar um conteúdo de qualidade com letras que atinjam o coração e sejam adequadas aos diferentes momentos de execução musical (Missa, adoração, grupos de oração, retiros, entre outros). Para tal, é importante se aprofundar na Sagrada Escritura, normas litúrgicas, doutrina da Igreja, documentos eclesiais e manuais de profissionais da música.
4. Definir a quem quero me dirigir
Para uma evangelização eficaz, a música precisa ser adequada à realidade, faixa etária e contexto em que será tocada. Com isso, o compositor pode fazer uma leitura do cotidiano, da realidade do povo e nunca estar fora desse contexto.
5. Ter suas referências
Quem é da área tem uma vida embalada pela música! Sem deixar de ter sua identidade e criatividade próprias, sempre é interessante buscar outras referências musicais, ouvir muitas canções e observar como atingem seu público. Uma outra indicação é compartilhar com profissionais, amigos e familiares. Torna-se proveitoso saber a opinião de outras pessoas a fim de ter outras visões, sugestões e avaliações acerca da composição.
A arte da composição na Paulinas-COMEP
A gravadora e editora musical Paulinas-COMEP é uma grande precursora da música religiosa no Brasil. Seu amplo acervo faz dela um dos pilares da evangelização por meio da música no país. São composições de diferentes, autores, ritmos e temas, mas sempre marcantes na história de fé do povo brasileiro.
Confira abaixo os números mais expressivos da gravadora ao longo de mais de 60 anos de trajetória:
Edição Paulinas e Pe. Zezinho, scj: 1496 obras
Edição Paulinas e Walmir Alencar: 173 obras
Edição Paulinas e J. Thomaz Filho: 1063 obras
Edição Paulinas e Ir. Míria Kolling, icm: 188 obras
Edição Paulinas e Pe. Fábio de Melo: 80 obras
Um legado de composições
Muitas músicas conhecidas na vida da Igreja fazem parte do acervo da gravadora e, com certeza, você conhece:
Salmo 23 - O bom Pastor (Pelos prados e campinas)
J. Thomaz Filho: mais de mil composições (Foto: Arquivo Paulinas-COMEP)
Produções de autoria de J. Thomaz Filho, um grande compositor da Paulinas-COMEP há mais de 30 anos. Suas autorias na gravadora contabilizam 1063 obras. Em muitas composições, em grande parte litúrgicas, trabalhou em parceria com Frei Fabreti, ofm.
Em suas criações, uma tônica sempre presente: seguir os passos de Jesus. “O que Jesus enfrentou no tempo Dele são desafios que continuam presentes. A fibra Dele precisa ressoar em nós e, muitas vezes, deixamos muito a desejar. Nessa caminhada, então, a música, os textos e a Liturgia são desafios para mim, para o povo e para as Paulinas também, que, com os pés no chão, abrem espaço para quem trabalha tentando um mundo melhor”, ressalta o compositor ao desejar ainda que esse trabalho de evangelização frutifique cada vez mais, inclusive para fora da Igreja para que o mundo se torne melhor.
Outro destaque no âmbito das canções litúrgicas é a série “Cantando os Evangelhos” de Frei Luiz Turra. Para cada ciclo do calendário litúrgico, o sacerdote tem assinado músicas inspiradas nos evangelhos dominicais dos Anos A, B e C do Tempo Comum.
Como é perceptível, a Paulinas-COMEP é referência quando o assunto é música religiosa. Seja qual for o estilo e compositor o objetivo sempre é o mesmo: exaltar o nome de Jesus Cristo e tocar o evangelho nos corações.