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O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968, por São Paulo VI e é celebrado no primeiro dia de cada ano, com uma mensagem do Papa. Em 2025, o tema é a oração pedindo a Deus: “Perdoai-nos as nossas ofensas: dai-nos a Vossa Paz”.
Âmbitos que necessitam de conversão
Partindo da observação da realidade, dos conflitos e dos pecados sociais que afligem a humanidade hoje, podem emergir orientações concretas que levem a uma mudança tão necessária nos âmbitos espiritual, moral, social, econômico, ecológico e cultural.
Somente mediante uma verdadeira conversão, pessoal, comunitária e internacional, poderá florescer uma paz autêntica, que não se manifeste apenas na conclusão dos conflitos, mas em uma nova realidade onde as feridas sejam curadas e cada pessoa seja reconhecida como filha de Deus.
“Violência aos pedaços”
Em 2016, neste dia, o Papa Fancisco falava de uma violência “aos pedaços”, de formas diferentes e em vários níveis, que provocava enormes sofrimentos como: guerras em diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; a devastação ambiental. “E para quê?” - perguntava Francisco.
Com sabedoria, o Papa afirmava que a violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. “Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra.
Onde acontecem as guerras
Para o Papa Francisco, o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: “Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos” (Mc 7, 21). Mas, perante esta realidade, a resposta que oferece a mensagem de Cristo é radicalmente positiva: Ele pregou o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou os seus discípulos a amar os inimigos (Cf. Mt 5, 44).
O caminho da não-violência Quando impediu, aqueles que acusavam a adúltera, de a lapidar (Cf. Jo 8, 1-11) e na noite antes de morrer, quando disse a Pedro para repor a espada na bainha (cf. Mt 26, 52), Jesus traçou o caminho da não-violência que Ele percorreu até ao fim, até à cruz, tendo assim estabelecido a paz e destruído a hostilidade (Cf. Ef 2, 14-16).
Por isso, quem acolhe a Boa Nova de Jesus, sabe reconhecer a violência que carrega dentro de si e deixa-se curar pela misericórdia de Deus, tornando-se, assim, instrumento de reconciliação.
Começar pela família
Se a origem da violência é o coração humano, então é fundamental começar por cultivar a não-violência dentro da família. É um componente daquela alegria do amor que o Papa Francisco apresentou na Exortação Apostólica Amoris Laetitia.
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Isto é, entre pais e filhos, irmãos e irmãs que aprendem a se comunicar e a cuidar uns dos outros desinteressadamente e onde os atritos, ou mesmo os conflitos, são superados, não pela força, mas com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão (Amoris Laetitia, 90-130).
A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade.
O perdão é uma carta magna da não-violência
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A magna carta da não-violência cristã não consiste em “render-se ao mal”, mas em responder ao mal com o bem (Cf. Rm 12, 17-21) O verdadeiro perdão supõe a máxima “amai os vossos inimigos” (Cf. Lc 6, 27).
Quando a Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1979, declarou claramente qual era a sua ideia de não-violência ativa: “Na nossa família, não temos necessidade de bombas e de armas, não precisamos destruir para edificar a paz, mas apenas de estar juntos, de nos amarmos uns aos outros (...).”