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É janeiro! Ainda ressoam as vozes dos anjos que anunciaram aos pastores o programa de vida do Salvador nascido em Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens nos quais ele se compraz.” (Lc 2,14). Ao eco do coro celeste, a Igreja recorda, no primeiro dia de cada ano, o Dia Mundial da Paz, e o Papa sugere um tema de reflexão voltado para aquela paz ampla, profunda e duradoura que é sinal da chegada do Salvador e da presença do Reino de Deus na Terra.
Assim, o tema para a reflexão da Igreja e da sociedade para o Dia Mundial da Paz, deste ano, é acerca do uso das Inteligências Artificiais (IA), que podem ser ferramentas tecnológicas para aproximar as pessoas e abrir caminhos de dignidade humana e de reconciliação. Lembra o Papa que é urgente um diálogo aberto acerca das novas tecnologias e do impacto que elas trazem à humanidade. A meta deste diálogo é colocá-las a serviço do cuidado da Casa Comum como condição indispensável para a justiça e a paz no mundo. A paz, já conquistada ou ainda apenas sonhada, perpassa toda a Bíblia, desde a esperança messiânica dos profetas, até a promessa que o Senhor Ressuscitado fez à Igreja nascente: “Dou-vos a minha paz” (Cf. Jo 14,27).
Nesse mês também recordamos o Domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco no 3º domingo do Tempo Comum, no começo do ano litúrgico da Igreja, que neste ano cai em 21 de janeiro.
Neste tempo de tantos ruídos desconexos e barulhos dispersivos, o tema do Domingo da Palavra de Deus traz a todas as comunidades da Igreja, em todas as línguas de todos os povos da terra, o convite consolador de Jesus: “Permanecei na minha Palavra” (Cf. Jo 8,31). Este tema que o Papa escolheu é uma afirmação da esperança e da certeza da Igreja, de que a Palavra da Escritura é luz e graça a guiar e fortalecer quem caminha na fé e procura viver o amor e a paz trazidos por Jesus.
Assim, estes dois fortes marcos de diálogo e paz de janeiro, se estendem pelo ano todo por meio de outros temas bíblicos que, em 2024, serão estudados, meditados e rezados pelo Povo de Deus.
O Mês da Bíblia é um evento da Igreja do Brasil, cujo ponto mais alto se dá sempre em setembro. Porém, como nas datas já citadas, também a mensagem do livro bíblico escolhido a cada ano torna-se uma luz a clarear o estudo orante e compartilhado que as comunidades e os grupos bíblicos praticam durante boa parte do ano. À luz da promessa de Deus: “Porei em vós o meu espírito e vivereis” (Cf. Ez 37,14), o livro escolhido para 2024 é a profecia de Ezequiel, um dos mais longos, densos e complexos da Bíblia.
O profeta Ezequiel viveu no meio do Povo de Deus num tempo de incertezas, decepções, perda de identidade, desconfiança da fé, tentação de desanimar e procurar caminhos mais fáceis e atraentes. Tempos estes, que não são muito diferentes do que toda a humanidade vive agora, quando a mudança de época põe em risco os valores perenes da revelação bíblica e da prática do Evangelho.
O “permanecei” que o Senhor sugere no Domingo da Palavra, unido ao diálogo que constrói a paz, são frutos do “espírito novo” que Deus infunde em quem nele confia. Esta profecia de Ezequiel está contida no lema do Mês na Bíblia de 2024: “Porei em vós o meu espírito e vivereis”.
O espírito novo que Deus promete colocar no coração dos israelitas para que vivam, é o próprio espírito de Deus que move a quem segue o lema de vida de Jesus: “Glória a Deus e paz na terra”, é um espírito de permanência na Palavra do Mestre e de testemunho da paz e da justiça nos ambientes e nas ferramentas tecnológicas. O desafio do momento à inteligência natural e à consciência cristã é o de impregnar a própria Inteligência Artificial com o espírito novo do Evangelho.
Reflexão pessoal ou comunitária
• Para que a Igreja se ocupa da Inteligência Artificial e de outros temas novos que surgem na sociedade?
• De que modo o tema do Domingo da Palavra de Deus: “Permanecei na minha Palavra”, leva-nos a dar testemunho da fé nos dias atuais?
• O lema do Mês na Bíblia de 2024 é: “Porei em vós o meu espírito e vivereis”. Onde o espírito de Deus é mais necessário e a vida é mais ameaçada no mundo de hoje?
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