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São muitos os dons que o Espírito Santo derrama sobre sua Igreja. Em todos, o Paráclito nos leva ao amor a Deus e ao próximo. Dentre esses dons, destacamos as aparições da Virgem Maria.

Talvez cause estranheza começarmos falando do Espírito Santo, uma vez que a aparição é um fenômeno que parte da Mãe do Senhor em direção a poucos videntes. Contudo, descartar esse divino ponto de partida seria uma visão muito estreita e que coloca a aparição como um espetáculo e não como um convite ao seguimento de Jesus. 

Se uma aparição mariana não fosse um dom do Espírito não poderíamos falar de Ordens religiosas, como os Servos de Maria e a Companhia de Jesus, que nasceram dessa experiência mística; não poderíamos falar do incessante convite à oração pela paz no mundo; de santuários marianos como centros de renovação da fé etc.

Pelos frutos de muitas manifestações extraordinárias de amor da Virgem Maria podemos dizer que a verdadeira raiz desses frutos se encontra no Espírito Santo. 

Desse modo, podemos dizer que uma autêntica aparição da Virgem Maria é uma graça (dom gratuito) de Deus em que a Virgem Maria é vista por alguns videntes numa situação em que é incomum ou impossível de explicar, segundo a ordem natural das coisas.

Contudo, mesmo contendo algo de extraordinário, a atenção da comunidade de fé não deve centrar-se nesse aspecto, mas no conteúdo da mensagem e no modo como suscitam sinais autênticos de vida cristã. 

As aparições de Maria não se situam na ordem do “necessário”, uma vez que as Sagradas Escrituras conservam viva a Revelação que alcança sua plenitude em Jesus Cristo. Não obstante, Deus não fecha os mais diversos canais de sua comunicação conosco, de modo que devemos estar atentos à sua voz.

Logo, deduzimos que uma mensagem da Virgem Maria não é uma outra revelação paralela ou equivalente às Escrituras. Dizer isso implica em afirmar que Maria não nos daria uma mensagem contrária ao Evangelho, que não conservasse a unidade da Igreja e o devido bom-senso no entendimento de que o querer divino concorre para o bem da vida humana.

 

Frei Jonas Nogueira da Costa, OFM. Doutor em Teologia Sistemática (pesquisa em Mariologia) pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Vice-presidente da Associação Brasileira de Mariologia; membro da Equipe de Assessoria Teológica da Academia Marial de Aparecida e professor no curso de pós-graduação em mariologia da Faculdade Dehoniana (Taubaté/SP). Contato: [email protected]