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A alimentação tem um papel fundamental na saúde e no desempenho escolar dos estudantes. Uma alimentação controlada, equilibrada, rica em nutrientes e vitaminas é crucial para o crescimento e desenvolvimento das crianças, podendo melhorar a memória, a concentração e o desempenho acadêmico.
Mas como trazer para as crianças essa consciência, sendo que o maior desafio que encontramos hoje é a vasta opção de lugares para comer e a praticidade dos embutidos, alimentos processados e ricos em açúcares, inclusive no ambiente escolar?
Para compreender melhor o que fazer, conversamos com a nutricionista Thaís Huertas, que atua há mais de dez anos atendendo crianças dos 5 anos até a pré-adolescência. Ela nos conta que a transição alimentar, na qual a criança passa a sentar-se à mesa com a família, é o momento em que há uma fusão de hábitos.
Na introdução alimentar, a dedicação dos pais para que a criança coma com excelência, com diversidade, é muito alta, pois os pais têm essa preocupação. Às vezes, no entanto, eles preparam o alimento para o filho e não o comem; preparam frutas, verduras, as porções de carboidrato, com diversidade, montam um prato colorido, mas não têm o hábito de consumir esses alimentos.
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No período da amamentação, quando a criança tem fome e chora, a mãe, por exemplo, dá o leite em livre demanda, e, quando essa criança percebe que está saciada, para e interrompe o consumo – isso é algo intuitivo da criança.
Já maior, quando ela passa a sentar-se à mesa, é um start da perda desse senso de fome e saciedade, porque existem regras e conflitos relacionais da família com o alimento: a criança tem que comer até o fim, para então poder brincar, ou é forçada de outras formas, por meio de estímulos. Dessa forma, ela acaba perdendo essa questão da consciência de saciedade, de saber se está com fome ou não.
É ainda importante destacar que, no momento da refeição, quando nos sentamos à mesa para comer com alguém de quem gostamos, nós conversamos, rimos; há a partilha, o servir, e isso tudo vai construindo memórias afetivas, atenção. Esses momentos de refeição se tornam marcas que se estendem para toda a vida, tanto positivamente quanto negativamente.
A maior parte do dia das crianças é passada na escola, e é nesse ambiente que se forma a consciência das melhores escolhas, que a doutora chama de “escolhas inteligentes”.
O que ela aponta é que é importante que a criança saiba escolher o que quer comer; é claro, porém, que a criança não saberá, inicialmente, fazer uma escolha saudável, inteligente, então o adulto pode dar a ela opções que, independentemente da escolha, serão boas para ela, dando uma “liberdade com responsabilidade”.
O alimento é muito sensorial: cheiro, cor, aparência, textura, crocância e maciez, tudo isso importa para a criança. A melhor forma de conscientizar as crianças é despertá-las para o fato de que um alimento não é só um alimento, mas tem vários aspectos, como o preparo, a organização, a distribuição do espaço, a experimentação de novos alimentos – são informações que serão levadas para a vida.
Na escola, é possível trabalhar a organização e a criatividade com forminhas e desenhos; com naturalidade e aos poucos, os pequenos tomarão consciência da importância do que comem.