A palavra “itinerário”, de raiz latina (iter), faz pensar, por si, em uma caminhada bem determinada com metas claras, com passagens intermediárias, e indicações oportunas para chegar à meta desejada.
Nas diretrizes básicas (Doc CNBB n°55) as etapas indicadas são quatro:
“Despertar para a vocação humana, cristã e eclesial; discernir os sinais indicadores do chamado de Deus; cultivar os germes da vocação e acompanhar o processo de opção vocacional consciente e livre” (n° 27).
1ª Etapa- Despertar
É importante que cada pessoa tome consciência de que não é inútil neste mundo, não nasce, vive e morre por acaso. Há um mistério de vocação na vida, uma missão pessoal, própria de cada um, que Deus preparou e confia aos filhos e filhas, visando sua melhor realização e um eficaz serviço ao mundo.
Foto: Cathopic
A etapa do despertar é dirigida especialmente aos adolescentes e jovens, que se deparam com o projeto de Jesus e a proposta que ele faz individualmente a cada um, partindo de sua história de vida e compromisso na vida cristã.
Esse despertar acontece, quando o vocacionado encontra testemunhos de alegria no seguimento de Jesus, nas várias vocações existentes no seu convívio, seja na família ou na comunidade de fé.
2ª Etapa – Discernir
Após o despertar, é hora do discernimento, onde a pessoa precisa buscar dentro de si mesma as reais motivações para responder às inquietudes do seu coração.
Foto: Arquivo Paulinas
Nessa etapa, a presença de um orientador se faz indispensável, em vista de um confronto sincero e realista de si mesmo com a opção de vida que demonstra querer assumir para toda a vida. É imprescindível, nessa etapa, um profundo encontro com Deus na vida de oração.
É a tomada de consciência da realidade-mistério de sua vocação. Deus Trindade a chamou à vida e a chama ao seguimento de Jesus, visando a colaboração no seu projeto de salvação. É necessário que as diferentes vocações da Igreja (leigos, consagradas e sacerdotais) sejam apresentadas “honestamente” aos jovens, sem cair na tentação de orientar cedo demais para uma vocação específica.
O guia pedagógico de pastoral vocacional da CNBB indica quatro condições que ajudam no discernimento.
Atitude de escuta e de fé
Escuta que supõe e aprofunda a fé, torna-se sempre mais abertura ao mistério da presença de Deus na vida de toda pessoa chamada, e ajuda-a a compreender-se como mistério para si mesmo, mistério esse que, aos poucos, vai dando sempre maior espaço para a ação de Deus.
Inserção numa comunidade eclesial
O cristão, sobretudo o jovem e a jovem comprometido com a comunidade, encontra na vida da Igreja uma oportunidade de servir, colocando suas capacidades num dinamismo missionário.
Busca da maturidade humana
O guia pedagógico apresenta a maturidade como sendo uma condição importante para garantir a opção fundamental do jovem vocacionado. O desenvolvimento equilibrado e integrado dos principais aspectos da personalidade implica em uma constante atenção ao seu mundo emocional, intelectual, social, moral e espiritual.
Motivações vocacionais
Do ponto de vista vocacional, a motivação é um conjunto de fatores humanos e espirituais, que determina a opção, predispõe a pessoa do chamado para uma resposta que a faz justificar os valores e os porquês. Nesse âmbito, o serviço do acompanhante será esclarecer as motivações presentes no processo de discernimento, no intuito de aprofundá-las, purificá-las e amadurecê-las.
3ª Etapa- Cultivar
É uma etapa do Itinerário vocacional que foi inserida, desdobrando a segunda nos últimos documentos ( Doc. 55,n° 27).“Cultivar os germes da vocação”.
Foto: Cathopic
O acompanhador vocacional deve estar atento para que os três aspectos da pessoa: humano, cristão e vocacional, possam crescer e garantir sempre mais um amadurecimento dos seus frutos. Cultivar os aspectos humanos (afetivos, intelectuais e volitivos), ajudar a crescer na fé e no amor a Cristo, implica em um compromisso diante da responsabilidade do vocacionado, rumo a uma definição vocacional a ser assumida para toda a vida.
Toda vocação nasce de um encontro pessoal, vivo, autêntico com a pessoa de Jesus Cristo, um encontro que pode decidir uma vida. Implica em descobrir Cristo vivo, perceber nele um modelo de vida plena e deixar-se “seduzir” por Ele. Desta experiência brota o apelo a uma sequela para a doação gratuita da própria vida.
4ª Etapa – Acompanhar
O acompanhamento é a parte conclusiva do processo de opção vocacional. Preparado pelas etapas precedentes do Itinerário, o vocacionado é chamado a escolher aquela vocação que descobre como proposta específica de Cristo para sua vida.
Nesse processo, o acompanhador deve, sobretudo, garantir sua presença ao lado do vocacionado numa ação pedagógica.
Diante disso, pode-se dizer que, vocação e mistagogia devem caminhar juntas, numa busca sempre maior de proximidade ao mistério de um indivíduo concreto, que Deus chama por uma via sempre particular e única, através de uma série de escolhas que estruturam a sua condição de vida (matrimônio, ministério ordenado, vida consagrada, etc); independente da escolha feita, toda pessoa é chamada a um autêntico compromisso com a pessoa de Jesus e seu Reino.
Nós também, Irmãs Paulinas, nos dispomos a acompanhar você, jovem, que deseja fazer um caminho de discernimento vocacional.