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Você já caminhou sozinho ou sozinha (em segurança, é claro) em uma trilha de uma floresta? Já tive esta oportunidade de caminhar muitos quilômetros sozinha, ouvindo somente o som dos meus passos, o som da natureza, folhas, vento, riachos, pássaros ... Foi realmente uma experiência única, uma graça especial que eu gostaria que fosse possível para tantas pessoas.
Eu sei, você vai me dizer que isto é quase impossível de se fazer. Mas se eu te disser que esta densa “floresta” é bem aí dentro de você. Sim, bem aí neste “cantinho escondido, recheado de saudades”, como diz uma canção de Marisa Monte: “Eu posso até mudar, mas onde quer que eu vá, o meu cantinho há de ir, dentro”. Se você quiser fazer uma pausa na leitura… escute este sambinha simpático.
E aí? Ouviu? Gostou? Deixou pra depois? Pode ser que você não goste de um sambinha raiz… Tudo bem. Eu também sou um pouco exigente com as músicas que deixo entrar no meu ouvido e no meu coração… é um lugar precioso. A propósito, olha o que escreveu Angelus Silesius:
“Deus, o diabo, o mundo e tudo mais querem entrar no meu coração:
quão maravilhoso e nobre ele deve ser!”
Falar sobre o silêncio
Antes de tudo, o que é o silêncio? Resposta óbvia: o silêncio é a ausência de barulho. Silêncio é silêncio e ponto. Por que precisamos dizer o que é o silêncio se ele mesmo, este tal senhor silêncio, não quer dizer nada? O silêncio é silencioso.
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Basta um mínimo de convivência com o ritmo da noite, com o vai e vem da cidade frenética para perceber que ali o silêncio não tem lugar. O silêncio é um estranho, um indesejado, o silêncio perturba e deve ser eliminado, o silêncio deve ser ocupado pelo barulho, ainda que seja com uma música de qualidade questionada, regada a muito álcool.
Pobre silêncio. Indesejável silêncio. Tem alguém que goste de você neste mundo barulhento? Existe alguém que não se sinta constrangido na sua companhia? Existe, com certeza.
Para quê?
Para escutar. Simples assim. Escutar quem? Primeiro a nós mesmos, escutar o nosso corpo, respirar e expirar profundamente, escutar os nossos sentimentos, inspirações… Silêncio é para escutar quem me fala. Se não se faz silêncio, não se pode dialogar. Silêncio para ler um livro, escutar uma música, para estudar…
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O silêncio é a língua de Deus… Então, para quê fazer silêncio? Para escutar a voz de Deus!!!
Um simples exercício
O silêncio nos ajuda a escutar a nós mesmos, mas se isto é difícil e desagradável, comece fazendo silêncio para escutar as muitas vozes que circundam a nossa existência quotidiana. Para isso, um simples exercício: Quando você for dormir, procure escutar os sons ao seu redor, na sua casa, fora dela. Escute os sons que ouve perto e longe, identificando cada som. Exemplos:
- Passa uma moto, pense na pessoa que está guiando aquela moto, aonde vai? Talvez um motoboy correndo pelas ruas para mais uma entrega, para ganhar uns trocados a mais.
- Passa uma ambulância: escute a sirene, pense nas pessoas que ali estão. Motorista, enfermeiros, paramédicos, um doente, um acidentado, uma mulher, um homem, um jovem, uma criança. Quem será?
E assim, lentamente, identificando os sons, você estará em profundo silêncio, você estará em profunda oração!
Vou me despedindo…
Penso que se você chegou até o final desta conversa, é porque dentro de você existe o desejo de uma vida mais silenciosa. O primeiro passo é “fazer” silêncio: desligando a música contínua, tirando os fones de ouvido, deixando um pouco de lado o smartphone, desligando a TV. Sim, você verá que é possível e concordará comigo: é fácil “fazer” silêncio. Não é um monstro.
E continuamente tem gente que faz silêncio, que vive na solidão. O difícil, meus caros amigos e amigas, é “tornar-se” silêncio. Mas isso é assunto para o nosso próximo encontro. Combinado? Obrigada pela sua companhia e até logo.
