Foto: Pexels
Ninguém gosta de se sentir frustrado. Mesmo os adultos enfrentam dificuldades de ouvir “não” como resposta e seguir em frente. Porém, educar uma criança para compreender a frustração também é uma forma de ajudá-la a enfrentar as adversidades da vida.
A decepção, o fracasso e a insatisfação fazem parte da vida. A gente não tem tudo o que deseja e as coisas não acontecem do jeito que queremos o tempo todo. A vida se desenrola às custas de muitas negociações, concessões, conciliações, perdas e ganhos. Por isso é essencial que as crianças e adolescentes vivam essas situações no seu cotidiano.
“As crianças hoje possuem muito mais dificuldade para lidar com as frustrações porque os adultos ainda enfrentam este problema. São adultos que estão predispostos a encarar qualquer obstáculo ao invés de lidar com o sofrimento de seus filhos”, afirma a diretora da Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha), Ligia Mori.
Na escola
A criança começa a ter mais clareza de que não é o “centro do mundo” quando vai para a escola. Agora ela precisa lidar com os colegas, adaptar-se a novas regras e começa a entender o que é viver em sociedade.
Foto: Pexels
“Num ambiente coletivo a criança precisa lidar com a frustração, não tem escapatória. Os adultos precisam ser aqueles que vão dar contorno para a criança, vão permitir que ela entenda que se frustrar faz parte da vida, que não ter o seu desejo atendido imediatamente faz parte da realidade”, completa Ligia Mori.
Calma e conversa
A frustração gera estresse, torna a pessoa mais reativa e diminui a capacidade de pensar com clareza. Por isso é fundamental manter a calma e esperar a criança ficar mais tranquila.
Depois da “tempestade”, a orientação é conversar: acolha os sentimentos da criança, escute-a e fale sobre as formas de lidar com a frustração. Mostre que controlar a respiração pode ajudar e ensaie estratégias de como agir nessas situações. Assim, o pequeno terá opções de reagir de outra forma ao enfrentar novamente um momento como este.
Superproteção
Os pais e educadores não devem adotar atitudes que impeçam que a criança se frustre. A superproteção acaba criando condições desfavoráveis para a formação de um adulto saudável.
Foto: Pexels
Ninguém gosta de ver o filho numa situação de desconforto, mas é necessário que ele fique entediado, chateado e frustrado, pois só vai aprender a lidar com estas emoções a partir da exposição e da prática.
“A melhor forma de ensinar é permitindo que tenham essa vivência, mas precisamos ter também uma experiência de adultos mais resilientes, convictos dos nossos papéis e fortes para compreender que o sofrimento dos filhos não é o sofrimento de uma doença, é um sofrimento do limite que as relações colocam”, finaliza Ligia Mori.
Foto: Pexels
Afinal, quem disse que crescer não dói? Trata-se de um processo desafiador, permeado por frustrações, mas essencial para o desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais. Evitar o desconforto a todo custo não prepara a criança para o mundo real; ao contrário, limita sua capacidade de lidar com as adversidades.
Ao reconhecer que crescer dói, mas é indispensável, contribuímos para a formação de indivíduos mais fortes, autônomos e preparados para os desafios que a vida apresenta.
“Crescer dói, e se você não quer se fortalecer para suportar a dor, continue pequeno”
(Sebastião Marcos Feliciano)