Foto: Cathopic
A devoção a Maria vem dos inícios da Igreja. Tanto no Oriente como no Ocidente, a piedade e a liturgia, desde os primeiros séculos celebram a santidade e pureza da Mãe de Jesus, Mãe de Deus.
No século VIII celebrava-se a festa litúrgica da Conceição de Maria em 8 de dezembro ou nove meses antes da festa da natividade de Nossa Senhora, comemorada no dia 8 de setembro.
A reflexão dos teólogos atravessou os séculos, tendo opositores e defensores da doutrina da Imaculada Conceição. Coube a um teólogo franciscano, Duns Scott (1266-1308), avançar no debate teológico, argumentando que Maria foi preservada do pecado original em previsão dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador. Segundo ele, Deus concedeu a Maria o privilégio, fazendo-a participar da redenção de Jesus de forma antecipada e preventiva.
O dogma
A posição de Duns Scott foi se firmando, pouco a pouco, sobre as restrições e hesitações dos grandes teólogos da Igreja. No Concílio de Trento (1545-1563) nenhuma objeção teológica abalou a crença na Imaculada Conceição, mas os participantes julgaram que a questão não estava ainda madura.
Com o passar dos séculos, a reflexão foi se aprofundando. No século XIX, o Papa Pio IX interrogou os bispos dos diversos países, mostrando que declarar o privilégio da Imaculada Conceição de Maria exprimiria o sentimento comum de toda a Igreja.
No dia 8 de dezembro de 1854, Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, foi feita a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição de Maria. Assim o Papa se expressou:
“Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por todos os fiéis”.
Fundamentos bíblicos
No Evangelho, São Lucas diz que Maria é “cheia de graça” (Cf. Lc 1,28), significando que ela está plena do favor de Deus, da graça divina. Se está totalmente possuída por Deus, não há, em sua vida e coração, lugar para o pecado.
Em Lc 1,31 encontramos a expressão “conceberás em teu seio”. Maria tornou-se, em grau vivo e pleno, o que eram a tenda do Senhor no deserto e o Santo dos Santos no templo de Jerusalém.
Em Gn 3,15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. O Filho de Deus não poderia nascer de uma mulher sujeita ao mal, ao pecado. Portanto, Maria devia ficar imune ao pecado original.
Imaculada Conceição na arte
Grandes artistas expressaram na música, nos escritos, na arte, a Imaculada Conceição. Entre eles:
Dos inúmeros escritos, citamos um: o Poema à Virgem, escrito por São José de Anchieta, nas areias da praia de Iperoig, em 1563, com quase 5 mil versos.
A pintura a óleo de Murillo, com cerca de duas dúzias de versões (1650), Velázquez, (1618), Juan Antonio Escalante (século XVII), Imaculada Conceição de Piero di Cosimo (1505), Carlo Maratta (1689), Santa Maria degli Angeli, Roma, Aldo Locatelli, Brasil (século XX), Domenico De Lorenzo, Palmi (1925), Immacolata Concezione de Tiepolo (1767– 68).
Ofício da Imaculada
O Ofício da Imaculada Conceição é a oração escrita no século XV, na Itália, pelo franciscano Bernardino de Bustis, e aprovado pelo Papa Inocêncio XI, em 1678. Muitos cristãos o rezam ou o cantam todos os dias.
Entre muitos motivos que nos levam a rezar a Maria, destacamos este: Maria nos aponta o Cristo. Nós que muitas vezes nos perdemos no caminho, Maria nos aponta seu Filho, aquele que é o “Caminho, a Verdade e a Vida”.
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