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Inteligência Artificial e as relações humanas

A tecnologia de interação entre máquina e ser humano se aperfeiçoa e oferece conforto, mas, ao mesmo tempo, gera isolamento e limitação

Foto: Pexels

“A máquina vai substituir o homem”, “A inteligência artificial vai dominar o mundo”. É fácil se deparar com conteúdos polêmicos na internet que, em vez de instruir, causam ainda mais confusão nas pessoas. O intuito é ganhar a sua atenção, aguçar a curiosidade e fazer você clicar.

Mas pode ficar tranquilo: os especialistas em Inteligência Artificial (IA) afirmam que a máquina não substituirá o homem, até porque ela depende das informações que o ser humano fornece para o seu banco de dados.

Novidade?

Não se deixe levar pelo modismo de que tudo o que se refere à IA é inovador e atual. A presença da IA em nosso cotidiano não é uma novidade, ela remonta ao início da internet. A diferença é que hoje é mais fácil identificá-la, já que está presente nos motores de busca, nos assistentes virtuais, nos sistemas de reconhecimento de imagem e de voz, nos softwares de análise de imagem; incorporada nos drones, carros autônomos e robôs.

Elizabeth Saad, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e coordenadora do grupo de pesquisa COM+. Foto: Arquivo Pessoal

“Convivemos com a IA há bastante tempo, os celulares estão com esta condição técnica embutida. Ela não é novidade, mas apresenta avanços. Processos baseados neste tipo de tecnologia estão trazendo uma eficiência maior nos resultados industriais, comerciais e informativos. Isso ajuda a educação, a saúde e os negócios como um todo. Esse processo acelera tarefas, traz melhores correlações, mas ainda existem coisas a serem aperfeiçoadas”, explica Elizabeth Saad, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e coordenadora do grupo de pesquisa COM+.

Avanços 

Ainda há muitas melhorias a serem desenvolvidas em relação à IA. Isso é fácil de perceber quando buscamos algo e obtemos respostas completamente fora de contexto. “O sistema faz a busca em bases de dados não adequadas, mostrando que o problema está nas fontes de informação. Se você não oferece para a máquina as orientações corretas, ela vai buscar onde quiser, e o erro pode ser enorme”, adverte a professora.

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É clássica a discussão entre a experiência do homem e da máquina no trabalho. A IA é capaz de substituir o trabalho humano em algumas áreas – principalmente em funções repetitivas e de alto risco –, mas o que se espera é que a parceria entre humanos e máquinas seja predominante. “Trata-se de uma colaboração que vai se sofisticar ao longo do tempo. O sistema vai aprender com os dados que eu estou imputando, guardando esse aprendizado em seus registros, e me oferecer respostas cada vez mais rápidas, eficientes e muito próximas daquilo que eu preciso”, afirma Elizabeth Saad.

Relações isoladas

Você já percebeu o tamanho da influência da IA no âmbito das relações humanas? Quantas vezes você se distraiu com o celular e deixou de dialogar com o amigo que estava sentado ao seu lado? Fique atento, pois esse tipo de comportamento vai piorar.

A tendência é que os dispositivos se integrem ao nosso corpo, como se fizessem parte da estrutura física do corpo humano. Algo parecido já ocorre com quem usa um smartwatch, o relógio inteligente que tem a função de aceitar ou recusar ligações e mensagens, entre outras.

A tecnologia de interação entre máquina e ser humano se aperfeiçoa e oferece conforto, mas, ao mesmo tempo, gera isolamento e limitação.

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“Teremos uma sociedade cada vez mais dependente de dispositivos. E essa dependência tem uma relação direta com a redução da autonomia e do poder de escolha. Outra questão diz respeito à formação da opinião pública, hoje em dia, bem ou mal, temos o jornalismo como um ente social que nos fornece informação de maneira explicativa. Portanto, eu consigo entender um cenário a partir daquilo que foi trabalhado por um jornalista ou uma visão editorial. A sociedade caminha para um contexto onde esse papel editorial é reduzido e as pessoas apenas têm acesso à informação”, explica Elizabeth.

Desinformação 

“Se a máquina falou então é verdade!”, “Dei uma busca e este foi o resultado”. Cuidado! Não aceite o resultado da busca como aquilo que é correto. Temos sempre que checar, procurar por fontes de informação confiáveis, comparar resultados.

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Hoje em dia, todos têm acesso à informação, mas uma notícia sem contexto e sem explicação só serve para criar ainda mais dúvidas. “Esse cenário nos conduzirá para uma limitação da busca pelos porquês, isso deixa as pessoas lineares e superficiais. Ter acesso a informações sem contexto é prejudicial para o cenário de polarização que temos hoje e gera ainda mais desinformação, o que não é nada bom”, finaliza Elizabeth Saad.

 

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