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Irmã Rosita Milesi recebe Prêmio Nansen por sua incansável luta pelos refugiados

Uma religiosa que faz um “trabalho incrível” em favor de migrantes e refugiados

Foto: ACNUR/Marina Calderón

Irmã Rosita Milesi, religiosa scalabriniana, recebeu no dia 14 de outubro, em Genebra, Suiça, o Prêmio Nansen do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) 2024, uma das mais tradicionais e maiores honrarias internacionais, por sua atuação extraordinária na defesa dos direitos das pessoas refugiadas.

Ao apresentar a grande vencedora da cerimônia, o Alto Comissário do ACNUR, Filippo Grandi, falou da admiração de longa data dos trabalhos humanitários realizados por Irmã Rosita: “Irmã Rosita é uma lenda para muitos no ACNUR. Ela faz um trabalho incrível para migrantes e refugiados no Brasil. Ela ajuda com documentos, aulas, comida, lar. Isso é cuidar. Mas também sabemos que as irmãs guiam. Ela tem sido uma guia fenomenal. Ela conseguiu mudar a legislação em seu país”, comentou Grandi.

Foto: ACNUR/Marina Calderón

Segue abaixo a entrevista realizada com Irmã Rosita por ocasião da premiação.

Irmã Rosita, algum indivíduo específico, refugiados ou outros, inspirou seu trabalho ou teve um impacto duradouro em você? 

A maior inspiração vem do histórico de nossa Congregação e do fundador  Scalabrini - e co-fundadores – Madre Assunta e Pe. Marchetti. Uma vez que havia decidido pertencer à Congregação das Scalabrinianas, a opção e o rumo da minha vida seria a fidelidade, o empenho para corresponder àquilo que sempre entendi como um chamado de Deus.

Quais qualidades ou características pessoais são mais valiosas para ter sucesso no trabalho que você faz?

  • Compromisso com a causa ou trabalho que assumo. Nada me abate diante disto;
  • Fé em Deus e a convicção de que esta é a missão que Deus me deu;
  • Resiliência; 
  • Buscar sempre uma solução para qualquer dificuldade, sendo transparente e buscar dialogar, sem renunciar ao fim principal;

Foto: ACNUR/Marina Calderón


Quais foram alguns dos maiores desafios que você enfrentou em sua vida e trabalho, e o que você aprendeu com eles?

Por princípio, eu sempre acredito que enfrentar uma dificuldade, grande ou pequena, ou um desafio, ou mesmo passar por uma experiência negativa, por um fracasso, tudo isto é aprendizado. Quando saímos de uma situação difícil, complexa ou mesmo frustrante, somos mais fortes do que o momento em que tivemos que enfrentar aquele desafio. 

Grandes desafios que enfrentei:

- Trabalhar na construção de um hospital, área na qual eu não tinha experiência e tampouco havia passado por qualquer mínima situação de doença ou tratamento que  me levasse a conhecer, na prática, o funcionamento de uma unidade de saúde. 

- Prestar assistência a estrangeiros presos, ver as difíceis situações em que se encontravam e respeitar ou encontrar uma solução viável, minimamente razoável, frente às duras regras de assistência num cárcere, local de sofrimentos e de sérias violações de direitos...

Foto: ACNUR/Marina Calderón

Que lições você pode compartilhar do seu trabalho com governos e outras instituições sobre a melhor forma de defender os direitos e interesses dos refugiados?

Optar sempre pela busca de soluções dialogadas, envolvendo os atores que têm responsabilidade ou atuação na causa;

Levar aos órgãos públicos e outras instituições participantes em qualquer causa argumentos claros, transparentes sobre a dimensão positiva, humana, humanitária que o tema envolve;

Partir do princípio da dignidade que todas as pessoas são portadoras, independente do local de nascimento, da cor, e da posição social ou econômica.

Estamos vendo deslocamentos devido às mudanças climáticas e desastres. Como especialista em assistência e proteção a refugiados, você poderia nos contar como as mudanças climáticas estão mudando seu trabalho e a vida das pessoas para quem você trabalha? Você tem algum conselho para os governos sobre como abordar esses novos desafios?

Os deslocamentos decorrentes das mudanças climáticas e dos consequentes desastres socioambientais estão aumentando e provocando mortes, destruição e deslocamentos massivos de pessoas. 

Fiquei impactada por alguns nigerianos que vieram para o Brasil por esta causa. Eram homens. E do outro lado, estavam extremamente preocupados com as esposas que se encontravam na Nigéria, necessitando de apoio porque a seca não lhes dava perspectivas de sobrevivência. Eis um desafio. Como ajudar os núcleos familiares que não conseguiram se deslocar. Redução das taxas para que as remessas possam chegar com menos custo aos familiares... facilitar a reunificação familiar, etc. 

Mas, acima de tudo, há que fortalecer a luta contra os danos à natureza, contra a destruição da Casa Comum – o planeta Terra – como fala o Papa Francisco.

Foto: ACNUR/Marina Calderón

Premiação 

Ir. Rosita Milesi fala sobre o Prêmio Nansen 2024 

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