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Em um mundo cada vez mais tecnológico, o hábito de se divertir com jogos de tabuleiro é algo raro. Uma pena, pois eles são uma ótima forma de estimular o raciocínio lógico, a estratégia, a concentração, a criatividade e a interação social.
Eles contribuem para o desenvolvimento infantil e representam uma forma de reunir a família e se divertir. Mas, se ao falar em jogo de tabuleiro, a sua referência são jogos como War, Banco Imobiliário e Detetive, saiba que há uma enorme diferença entre eles e os boardgames atuais.
Os jogos modernos são assim denominados por conta das mecânicas que utilizam. São jogos que dependem muito mais da evolução do jogador na partida do que do fator sorte. Eles podem até trazer algum elemento de aleatoriedade, mas, normalmente, são fatores estratégicos que fazem o jogador seguir bem na partida.
Eles possuem disputas mais dinâmicas, além de serem mais inclusivos. São amplamente usados como ferramentas nas áreas da Educação e da Saúde, e representam uma das mais divertidas opções para quem quer dar uma pausa e sair da frente das telas.
Especialista em Neuroaprendizagem e em jogos de tabuleiros modernos Juliane Pimentel. Foto: Arquivo Pessoal
“Os temas dos jogos trabalham contextos atuais, relacionados a nossa sociedade, e desenvolvem diversas habilidades, como abstração, competências matemáticas e flexibilidade cognitiva. Os jogos ampliam a capacidade de solução de problemas na vida adulta, as memórias de longo e curto prazo e o controle inibitório (muito bom para crianças neuroatípicas), sem falar das habilidades sociais e emocionais diretamente relacionadas à interação com outras pessoas”, explica a especialista em Neuroaprendizagem e em jogos de tabuleiros modernos Juliane Pimentel (@universoludicobg).
Jogar em família
Um grande desafio para pais e filhos atualmente é sair da frente das telas. O jogo de tabuleiro permite que todos deixem os aparelhos eletrônicos e se mantenham estimulados e em total interação. O momento em família torna-se prazeroso com a experiência sensorial, as risadas e estratégias impulsionadas pelos boardgames.
“São muitos os benefícios que os jogos de tabuleiro proporcionam para as famílias: eles representam um tempo de qualidade e criam memórias afetivas positivas. A reunião familiar sai daquele lugar de obrigação, afinal é possível tirar um pouco do vício de tela substituindo por algo prazeroso e estimulante”, acrescenta Juliane.
Ferramenta pedagógica
Na Educação, os jogos de tabuleiro representam uma forma lúdica de ensinar e aprender. Eles ajudam as crianças a assimilar regras e a segui-las. Com isso, elas terão de lidar com a frustração de maneira saudável ao perder uma partida e não desrespeitar o oponente em caso de vitória.
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“A escolarização continua quase do mesmo jeito ao longo do tempo, o que é muito cruel, porque, se entendemos que cada indivíduo é único, não podemos dizer que a forma como todos aprendem é igual. O jogo proporciona esses diversos caminhos de aprendizagem, é possível chegar ao mesmo lugar de formas diferentes, testando várias habilidades, explorando não apenas os pontos fortes, mas também aqueles que precisam ser trabalhados”, afirma a especialista, que ministra cursos de capacitação para profissionais da Educação e da Saúde.
Como escolher?
Na hora de decidir qual é o jogo mais indicado para sua família, leve em consideração os seguintes critérios:
- Verifique a indicação etária: isso vai garantir que o seu pequeno entenda melhor o jogo;
- Considere a duração média da partida: partidas extensas podem acabar tornando o processo chato para as crianças;
- Avalie a complexidade do jogo: pesquise antes para entender o nível de dificuldade, pois esse fator pode impactar o tempo de duração do jogo e a recomendação da faixa etária.
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“Bora” jogar?
É hora da diversão em família! Confira as indicações de jogos da especialista em Neuroaprendizagem e em jogos de tabuleiros modernos Juliane Pimentel.
- Abstratus, da Ludens Spirit / Idade recomendada: 8+ – Cada jogador recebe uma caixinha com várias peças abstratas com as quais deve construir algo que represente palavras secretas. Trabalha muito a questão do sair do óbvio e demanda um recurso manual que acaba atraindo pessoas que não estão habituadas a jogar.
- Triminó, da Ludeka / Idade recomendada: 7+ – Funciona como um dominó, só que com três pontas, e duas devem sempre estar conectadas. É um sistema mais moderno e, ao mesmo tempo, familiar para todos. Trabalha a flexibilidade cognitiva.
- Bandido, da Papergames / Idade recomendada: 6+ – É um jogo cooperativo em que todos devem unir forças a fim de não deixar o bandido escapar. Ótimo para trabalhar a escuta, a fala e os processos de planejamento, além de lidar com a questão de saber jogar junto.
- Lhama, da Papergames / Idade recomendada: 7+ – Indicado para quem está começando, pois remete ao tão famoso UNO. Trata-se de um jogo de cartas bastante dinâmico, garantia de muitas risadas.
- Histórias ao Cubo, da Ludens Spirit / Idade recomendada: 5+ – Jogo composto por 9 dados com 6 imagens cada e 19 cartas que representam cenários onde acontecem as histórias. Possui 5 formas diferentes de jogar com até 4 jogadores, e o objetivo é contar histórias baseadas nas figuras que saem nos dados.