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O universo digital oferece um mundo de possibilidades, mas também desafios, especialmente quando se trata de nossos filhos. Com plataformas como Discord e uma infinidade de jogos online, a preocupação dos pais com a segurança e o bem-estar dos pequenos é mais do que justificada.
Mas como podemos protegê-los sem privá-los das experiências digitais? A resposta está no controle parental consciente, informando-se e utilizando as ferramentas certas.
1. O papel do direito e a proteção dos mais jovens
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) são marcos legais importantes que visam proteger os direitos de crianças e adolescentes, inclusive no ambiente online.
A LGPD exige consentimento parental para a coleta de dados de menores, e as plataformas digitais têm a responsabilidade de garantir um ambiente seguro. No entanto, a lei sozinha não basta. É fundamental que as famílias se engajem ativamente nessa proteção.
2. Discord e jogos on-line: navegando com segurança
Discord, por exemplo, é uma plataforma de comunicação muito popular entre jovens gamers. Ela permite que conversem por voz, texto e vídeo, participem de comunidades e joguem juntos. Seus recursos são ótimos para interação, mas também podem expor as crianças a conteúdos inadequados, estranhos mal-intencionados ou cyberbullying.

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Os jogos online, por sua vez, podem viciar, expor a linguagem imprópria e até a compras indesejadas dentro do jogo (as chamadas "microtransações").
3. Ferramentas práticas de controle parental e segurança digital
A boa notícia é que existem diversas ferramentas e estratégias para criar um ambiente digital mais seguro para seus filhos:
3.1 - Diálogo aberto e constante: A primeira e mais importante ferramenta é a comunicação. Converse com seus filhos sobre os riscos on-line, a importância de não compartilhar informações pessoais, como se comportar com estranhos e o que fazer se algo os incomodar. Estabeleçam juntos as regras de uso.
3.2- Configurações de privacidade nas plataformas:
- Discord: Explore as configurações de privacidade e segurança. É possível desativar mensagens diretas de desconhecidos, filtrar conteúdo explícito e controlar quem pode adicionar seu filho como amigo. Crie um servidor familiar para eles jogarem com amigos conhecidos, mantendo-os em um ambiente controlado.
- Jogos: A maioria dos jogos on-line e consoles (PlayStation, Xbox, Nintendo Switch) oferece robustas configurações de controle parental. Elas permitem restringir o acesso a jogos por classificação etária (ESRB/PEGI), limitar o tempo de jogo, desabilitar compras no jogo e controlar a comunicação com outros jogadores.
4. Filtros de conteúdo e tempo de tela:
- Roteador/Wi-Fi: Muitos roteadores domésticos permitem configurar filtros de conteúdo para bloquear sites inadequados e gerenciar o tempo de tela em dispositivos conectados.
- Sistemas operacionais: Windows, macOS, Android e iOS possuem ferramentas de controle parental nativas. Elas permitem definir limites de tempo de uso para aplicativos, bloquear downloads e compras, e monitorar a atividade online.
- Aplicativos de controle parental: Existem aplicativos como o Family Link (Google), o Tempo de Uso (Apple) ou soluções de terceiros (Qustodio, Norton Family) que oferecem um controle mais detalhado sobre o uso do dispositivo, localização e relatórios de atividade.

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5. Uso de contas restritas
Certifique-se de que seus filhos utilizem contas de usuário limitadas nos computadores e consoles, sem permissões de administrador. Isso impede que instalem softwares sem sua autorização ou alterem configurações de segurança.
6. Educação digital contínua
Mantenha-se atualizado sobre as novas plataformas e tendências. Ensine seus filhos sobre pegada digital, cyberbullying e a importância de pensar antes de postar ou compartilhar. Eles precisam entender que o que acontece online pode ter consequências na vida real.

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Desta forma, proteger nossos filhos no ambiente digital é um desafio contínuo que exige atenção, diálogo e o uso inteligente das ferramentas disponíveis. Não se trata de proibir, mas sim de orientar e capacitar. Ao combinar a conscientização das leis, a exploração das configurações de segurança e, acima de tudo, uma comunicação aberta e honesta, podemos garantir que nossos filhos desfrutem do melhor que o mundo digital oferece, de forma segura e responsável.
Gabriel Carvalho dos Santos, mestre em Direito da Sociedade da Informação pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo (FMU). Residente Jurídico no TJPR. Contato: [email protected].
