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Legado de Francisco: a missão das viagens apostólicas

"A missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Por isso, a Igreja continuará ultrapassando todo e qualquer limite, saindo incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor". (Sobre o Dia Mundial das Missões, fevereiro de 2024).

Apesar da idade avançada e de problemas de locomoção, Francisco foi o papa que realizou o maior número de viagens. Ao longo de seu pontificado, ele passou pelos cinco continentes e só foi parado pela pandemia de Covid-19, não realizando nenhuma viagem apostólica no ano de 2020. Qual foi a principal mensagem que Francisco transmitiu em suas viagens missionárias? Quem avalia as intenções de Francisco nesses lugares é:

Filipe Domingues, jornalista, analista do Vaticano.

Por uma Igreja em saída 

“O Papa Francisco é um papa que teve como principal objetivo abrir as portas da igreja para o mundo. Essa é a ideia do Jubileu, a porta aberta, escancarada, para qualquer um entrar. Ele pediu uma igreja em saída. Então, que a gente não fique esperando as pessoas virem até o encontro na Igreja, mas que a Igreja vá ao encontro das pessoas, onde quer que elas estejam. Francisco fala de periferias geográficas e existenciais. Isso engloba as periferias da sociedade, pessoas marginalizadas, a pobreza, a guerra, a violência, a imigração, tudo o que isola as pessoas, mas também as periferias existenciais, os doentes, os presos, os idosos, as pessoas que vivem sozinhas, as crianças, ele tinha a preocupação sobre o que vai acontecer com essa geração de crianças...

Foto: Viviani Moura, fsp

Em suas viagens ao longo de todo o pontificado, ele levou essa mensagem de ir ao encontro, e falar ‘vim aqui para mostrar que estou com vocês’. Cada viagem tem a sua prioridade, a sua ênfase, mas a ideia geral era essa, de falar ‘olha eu preciso chegar aonde ninguém chega, preciso falar no coração das pessoas onde ninguém consegue alcançar e mostrar que tem alguém prestando atenção nelas’, essa foi sua principal intenção, demonstrar essa proximidade. Ele fala que o estilo da Igreja é proximidade, compaixão e ternura, ele quer que a gente sinta o que o outro sente, no mesmo coração, quer a aproximação dos nossos corações. 

Sentir o que o outro sente, essa é a visão do Papa Francisco para a Igreja e as viagens sempre tiveram esse objetivo, de chegar próximo, demonstrar esse sentimento e essa ideia de que a Igreja está com vocês. Além disso, do ponto de vista estratégico e da comunicação, tem o fato de que nem todo mundo vê o que o Papa está dizendo no dia a dia aqui em Roma, né? Só que quando ele faz uma viagem desse tipo, sua mensagem ganha outro alcance. Às vezes são as mesmas mensagens que ele repete aqui tantas vezes, só que nas viagens ele consegue partilhar coisas que ele sempre diz, mas que não chegam a todos os lugares do mundo.

O papa Francisco fez viagens muito significativas e marcantes. As coisas que ele falou nas viagens, as entrevistas no avião, isso virou uma marca do seu pontificado. Toda vez que ele viajava, ele dava aquela entrevista no avião e dali saíam declarações, ideias novas, às vezes provocado pelos jornalistas, às vezes por espontânea decisão dele. Então, essas viagens tiveram também esse lado de ser aquele momento em que o Papa sai do Vaticano, se expõe ao que está acontecendo no mundo e entra em diálogo. Essa cena dele dentro do avião, com os jornalistas dialogando, transmitindo uma ideia, elucida bem o seu estilo de se comunicar diretamente e falar por si mesmo, sem mediação. Sobre a questão diplomática, ele sempre passou uma mensagem de paz, prosperidade, de unidade. Ele foi a muitos lugares e sempre buscou se encontrar com migrantes, vítimas de abuso e com as pessoas nas prisões. 

O espírito missionário do papa é típico de um jesuíta, ele deixou marcado seu estilo de ir ao encontro daqueles que estão longe, daqueles que estão nas periferias geográficas e existenciais”.

 

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