Foto: Viviani Moura, fsp
"Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora".
“Também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs". (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2023)
Quais fatos ligados à Comunicação marcaram o pontificado do papa Francisco? Quem responde é:
Silvonei José Protz, jornalista e diretor-responsável do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano – Vatican News.
Comunicação de proximidade
“O papa Francisco é um grande comunicador, desde o primeiro momento, quando sai na sacada da basílica vaticana, abaixa a cabeça e pede primeiramente a benção da diocese de Roma. Antes de conceder a sua primeira bênção apostólica, pede a benção dos fiéis. Ali ele já começa a comunicar uma intimidade muito grande com a sua diocese. E a gente sabe que os gestos de Francisco nascem do coração, esse envolvimento que ele tem com o seu olhar, com as mãos, com um abraço, com selfies que fez com os jovens, ele transformou a maneira de ver o papa.
Essa intimidade de uma fotografia, um papa que assina um livro, dá um autógrafo, leva para casa uma flor para colocar aos pés de Nossa Senhora. Essa comunicação de proximidade o Santo Padre tem com todos: crianças, jovens, adultos, idosos, essa preocupação de estar intimamente ligado com o seu interlocutor.
Ele sempre destaca a importância da pedagogia do encontro, o encontro com o outro e sempre com o olhar no rosto do outro, poder olhar nos olhos para chegar ao coração.
Ele fala que não temos a permissão de olhar ninguém de cima para baixo, a não ser de estender a mão para tirá-lo do chão. Essa simplicidade dele na maneira de se comunicar conquista o nosso coração.
Ele nos chama a ser comunicadores da verdade e nos toca cada vez que fala sobre a beleza que é a comunicação. Beleza que podemos, através de nossas palavras, dos textos e imagens, levar a riqueza do Evangelho a todos. Vamos consumir as solas dos sapatos, o que significa uma comunicação em movimento e não parada. Ir ao encontro do outro, contar a sua história. Somos responsáveis por tornar o nosso próximo protagonista.
Dentro do universo da comunicação, foram tantos os momentos que ele se encontrou com os comunicadores, durante o próprio Jubileu dos Comunicadores, pediu para sermos ousados, jamais em detrimento do próximo, mas levando a verdade do Evangelho aos corações do mundo inteiro. Em cada encontro com os comunicadores, inclusive aqui com a gente da Rádio Vaticano e do Vatican News, o papa sempre falou sobre o seu sonho de levarmos a Palavra do Senhor a todas as criaturas, em todos os ângulos da Terra, através dos meios magníficos da invenção do homem: rádio, TV, internet, IA. Ele disse ‘não tenham medo da IA, tenham medo da inteligência natural’.
Ao chamar a atenção de tudo aquilo que hoje nos circunda nesse mundo da informação, ele quer que comuniquemos a autenticidade das nossas vidas, primeiramente vivendo essa comunicação. Todas as vezes em que se encontrou com os comunicadores, ele marcou a experiência de vida de cada um de nós, porque ele sempre agradeceu essa vocação e esse serviço, mas acima de tudo a abnegação e a construção de histórias que podem modificar a vida do nosso semelhante”.
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