Irmã Nilza P. da Silva, autora do livro "A vocação do comunicador católico". Foto: Arquivo Pessoal

Em um mundo marcado pela velocidade da informação e pelos desafios da cultura digital, a Igreja Católica é chamada a comunicar o Evangelho com criatividade e profundidade.

É nesse contexto que surge o livro "A vocação do comunicador católico", escrito pela Irmã Nilza P. da Silva, religiosa do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt.

A obra, voltada a bispos, padres, religiosos, seminaristas e leigos engajados na Pastoral da Comunicação (PASCOM), busca formar e inspirar aqueles que assumem a missão de anunciar a Boa Nova por meio das mídias e do testemunho.

Com vasta experiência em comunicação eclesial, a autora reúne em sua trajetória formações em pedagogia, teologia, jornalismo e filosofia da linguagem, além de anos de atuação pastoral.

Irmã Nilza já coordenou equipes de comunicação em âmbito nacional e internacional no Movimento Apostólico de Schoenstatt, além de ter editado publicações de espiritualidade com tiragens impressionantes, alcançando milhões de famílias. Atualmente, integra a Pascom Brasil, como membro da Equipe de Espiritualidade do Regional CNBB Sul 1, contribuindo para a reflexão sobre espiritualidade e comunicação.

O livro integra a Coleção Comunicação Pastoral, que oferece subsídios para a formação e o planejamento de agentes da PASCOM. Nele, a autora explora a dimensão teológica e espiritual da comunicação, convidando os leitores a se tornarem instrumentos de transformação em um mundo carente de esperança.

Com linguagem acessível e profundidade reflexiva, a obra aborda como os meios de comunicação podem ser usados para promover uma cultura de paz, justiça e amor, sempre guiados pelo Espírito Santo.

"A vocação do comunicador católico" não é apenas um manual técnico, mas um convite à missão profética da comunicação. Irmã Nilza destaca que, em meio aos ruídos da sociedade contemporânea, os comunicadores católicos são chamados a ser vozes que ecoam a verdade e a misericórdia de Deus.

O livro é um recurso valioso para quem deseja aliar competência técnica e espiritualidade, fundamentando seu trabalho na identidade cristã e no serviço à Igreja.

Como a espiritualidade de Schoenstatt influencia sua visão sobre a comunicação na Igreja?

Irmã Nilza P. da Silva - A espiritualidade de Schoenstatt é fundamentada na Aliança de Deus conosco e o núcleo do carisma do Pe. Kentenich é a Aliança de Amor com Mãe e Rainha, em seu Santuário. Ele ensina que “a Aliança de Amor com a Mãe de Deus tem de se tornar, sempre mais, uma Aliança de Amor com o Deus Trino, Aliança de Amor com todos os homens do mundo”. Isso só se realiza com uma boa comunicação. Como escrevo no livro, comunicar é construir pontes, manter e fortalecer os vínculos.

Quais são os maiores desafios enfrentados pelos comunicadores católicos hoje, e como superá-los?

Irmã Nilza P. da Silva - A resposta para esta pergunta dá um novo livro. Entre tantos desafios, cito esses: Conseguir anunciar o Evangelho, com profundidade e de modo atraente, nessa era digital, de mudanças velozes, repleta de vozes que, estrategicamente, anunciam mentiras que parecem verdades. Usar as potencialidades da IA com princípios éticos e cristãos. Estar presente com sua mensagem no espaço digital, dando a mesma oportunidade de saber aos que não acesso a internet. Viver imerso em conexões virtuais, sem perder a humanidade das vinculações e relações pessoais com Deus e com o mais próximo. 

Esses desafios são chamados de Deus para renovarmos sempre de novo a consciência de que é Ele quem dirige a história, somos seus pequenos instrumentos, e deixar o Espírito Santo agir. Precisamos aceitar nossa incompletude e rezar, viver dos sacramentos, confiar na atuação da graça, e fortalecer os vínculos humanos, deixar-se complementar e dar de si ao outro. A vinculação a Maria é o meio mais eficientes para crescermos como filhos de Deus, pessoas humanas, que nunca tiram os pés do chão, mas, vivem da esperança divina.

De que forma a teologia pode enriquecer a prática pastoral da comunicação?
 
Irmã Nilza P. da Silva - A teologia é que esclarece o sentido da prática pastoral, dá o fundamento para as verdades que anunciamos, torna a mensagem confiável. Sem a teologia, a prática deixa de ser pastoral e se torna apenas ação estratégica. Penso que, em grande parte, precisamos aprender a simplificar a linguagem nos discursos teológicos, sem perder a profundidade, para que seus fundamentos alcancem mais do que a intelectualidade acadêmica. Tentei fazer um pouco disso no livro e espero ter conseguido.

Que conselho daria a um jovem que deseja se engajar na PASCOM, mas teme os obstáculos do mundo digital?

Irmã Nilza P. da Silva - Em primeiro lugar, há um imenso espaço não digital, que precisa ser lembrado e ocupado. Não nos esqueçamos que o mural da paróquia é uma mídia, as mensagens impressas funcionam muito bem. Depois, olhe para mundo digital como uma oportunidade, um espaço aberto, no qual podemos levar o Evangelho e apresentar a atuação de Deus, por meio das pessoas, em nossa comunidade. Mas, a PASCOM é mais do que o mundo digital. Conheça o que é de fato ela é.

Corremos o risco de estreitar a PASCOM em produção: escrever textos, criar imagens e editá-las. É muito mais do que isso. Há espaço para todos os talentos nessa pastoral com seus quatro eixos transversais: espiritualidade, formação, articulação e produção. O site pascombrasil.org.br traz muitas informações valiosas.

Aproveito o espaço para dar um conselho também aos que já estão na PASCOM: Sua entrega é maravilhosa e a Igreja precisa e se alegra com sua participação, mas, cuide para não se sentir máquina de produção. Reze e dialogue na equipe, para cada um conseguir aqueles momentos em que se está na Igreja, sem ter que se ocupar com o trabalho pastoral, mas, como membro que vivencia, reza e convive. 

O livro "A vocação do comunicador católico" está disponível nas Paulinas Livrarias de todo o Brasil e também no site paulinas.com.br.

 

Sobre  a autora: 

Irmã Nilza P. da Silva, do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, possui formação em pedagogia, teologia, jornalismo (PUCPR) e mestrado em filosofia da linguagem. Com vasta experiência pastoral, atuou como assessora e coordenadora da Campanha da Mãe Peregrina, editando publicações com tiragem de 2 milhões de exemplares.

Por quase 10 anos, coordenou a Comunicação Internacional de seu Instituto e colaborou com o Movimento Apostólico de Schoenstatt. Atualmente, integra a equipe de comunicação internacional, colabora com a PASCOM Brasil e é membro da PASCOM no Regional CNBB Sul 1, além de coordenar a comunicação nacional do Movimento Apostólico de Schoenstatt, no Brasil.