Notícias
Notícias

Lucca: o milagre de 800 gramas

Ana Paula Ribeiro enfrentou o desafio da prematuridade extrema com coragem, oração e confiança no cuidado de Nossa Senhora — e hoje celebra a vida do pequeno Lucca

Lucca com seus pais e irmãos. Foto: Arquivo Pessoal

Gerar uma vida é uma das experiências mais intensas que alguém pode viver. Independentemente de como aconteça, o nascimento de um filho é sempre um momento marcante na vida de uma mulher. O sonho costuma ser o mesmo: uma gestação tranquila e um parto seguro. No entanto, nem sempre as coisas saem como o planejado.

Todos os anos, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros no mundo — isso representa mais de 10% de todos os partos. A prematuridade ocorre quando o bebê nasce antes das 37 semanas completas de gestação. Diversos fatores podem levar a esse desfecho, como hipertensão, diabetes gestacional, idade materna, malformações fetais e outras condições que afetam a saúde da gestante.

Para entender melhor os desafios da prematuridade — e para homenagear as mães desses pequenos guerreiros — conversamos com Ana Paula Ribeiro, 30 anos, moradora de Brasília.

Foto: Arquivo Pessoal

Casada com Halerson Rogério há treze anos, o casal é pai de quatro filhos: três na terra e um no céu. Gabriel, de 11 anos, e Romeu, de 7, são os mais velhos. Mas hoje a história é sobre Lucca dos Santos, de apenas 7 meses.

Neste testemunho, Ana Paula compartilha como a fé e a confiança em Deus foram fundamentais durante a jornada de luta pela vida do pequeno Lucca. Confira:

“Tinha receio de engravidar mais uma vez, já que a gestação do meu segundo filho foi de risco. Tive deslocamento de placenta com três meses e precisei ficar de repouso. No fim, correu tudo bem. Sempre quis ter uma família grande e pedi muito para que Deus me concedesse isso.

Em maio de 2023, sofri um aborto espontâneo com seis semanas de gestação. Não houve causa específica, mas foi um momento muito doloroso. Um luto que carrego até hoje. Surgem muitos questionamentos, mas a gente confia em Deus, né? Com o tempo, entendi que aquilo aumentaria minha fé.

Como sou devota de Nossa Senhora, fui até o Santuário em Aparecida. Pedi a ela que me abençoasse. Eu tinha medo, mas o desejo de gerar uma nova vida era ainda maior.

Santuário Menino Jesus de Praga. Foto: Arquivo Pessoal

Pouco tempo depois, tive um encontro espiritual com Nossa Senhora. Ela me acalmou e mostrou que isso iria acontecer — mas não seria do meu jeito, nem no meu tempo. Em maio de 2024, com a chegada da imagem de Nossa Senhora à Paróquia do Santuário Menino Jesus de Praga, senti algo forte no coração e resolvi fazer um teste de gravidez: positivo!

Eu já carregava dentro de mim um presente de Nossa Senhora. Sabia que daria tudo certo, mas, claro, vieram o medo, a insegurança, a preocupação... ainda assim, acima de tudo, veio a fé.

Já no terceiro mês de gestação, durante um exame de rotina, a médica me disse que eu estava tendo um aborto. Meu mundo desabou. Corri para o hospital.

Os médicos disseram nunca ter visto algo parecido: eu não sentia dor, não havia sangramento, mas meu útero estava aberto, como se estivesse expulsando o bebê. No meu caso, não seria possível realizar a cerclagem uterina — um procedimento que reforça o colo do útero para evitar um parto prematuro.

Passei por muitos sustos nos dias subsequentes. Fiquei internada, tomei várias medicações, tudo para manter o bebê dentro de mim o máximo possível. Mas, com apenas 25 semanas, pesando 800 gramas e medindo 33 centímetros, meu Lucca nasceu.

Aquele foi só o começo de uma longa caminhada de UTI neonatal. Foram os 122 dias mais difíceis da minha vida. Ele ficou entubado por 14 dias; o pulmão ainda não estava maduro. Só pude pegá-lo no colo depois de 21 dias. Que emoção! Naquele momento, senti que Deus estava agindo e que Nossa Senhora cuidava de tudo.

Depois veio a fase de ganhar peso. Mais tarde, Lucca pegou uma infecção e precisou ser entubado novamente — ficou em estado grave. Após muitas investigações, os médicos descobriram que, em algum momento da minha vida, tive contato com o citomegalovírus.

Com a amamentação, o vírus foi reativado e passou para o Lucca pelo leite materno. Fiquei arrasada, me culpei muito... foram mais 29 dias entubado.

Batizado do Lucca ainda entubado. Foto: Arquivo Pessoal

Com o estado de saúde oscilando bastante, resolvi chamar um padre da minha paróquia para batizá-lo. Eu temia que ele não sobrevivesse. Minha fé ficou abalada. Confiei, mas tive muito medo. Foram inúmeras conversas com Deus. Uma caminhada árdua, em que minha fé foi colocada à prova diariamente — mas eu fui forte.

Deus cuida de todos os detalhes... Mesmo sendo um prematuro extremo e tendo feito uso prolongado de oxigênio, Lucca não teve sequelas graves. Precisou apenas de uma cirurgia na artéria ocular, para completar o desenvolvimento da visão. Graças a Deus, deu tudo certo.

Apresentação do Lucca à comunidade. Foto: Arquivo Pessoal

Essa jornada da prematuridade é longa, instável e dolorosa, mas também me aproximou de Deus e fortaleceu minha família. Rezo todos os dias. Agradeço à minha rede de apoio, que foi essencial, e aos profissionais de saúde que nos assistiram com tanto carinho. Pude estar todos os dias no hospital — e sou imensamente grata por isso.

Nossa Senhora, com seu colo de mãe, cuidou de mim e de toda a minha família. Quando a gente caminha com Deus, não significa que tudo será fácil — mas temos a certeza de que Ele está conosco. Tive essa confiança todos os dias.

É com muita alegria que compartilho minha história de fé, uma história sem nenhuma sequela. Lucca é um bebê lindo e maravilhoso, que segue se desenvolvendo no tempo dele. Existe algo chamado ‘idade corrigida’... então, mesmo que ele tenha 7 meses cronológicos, seu desenvolvimento físico e motor ainda corresponde a um bebê de 3 meses.”


 

Site Desenvolvido por
Agência UWEBS Criação de Sites