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Mais amigos, menos solidão

É ao lado de um bom amigo que o ser humano constrói relações emocionais equilibradas, nas diferentes fases da vida

Foto: Pexels

Vivemos conectados a milhares de pessoas nas redes sociais, mas nos sentimos sós. Refletir sobre o valor da amizade é uma atitude essencial em tempos de amizades virtuais, que começam e terminam com um simples clique.

O professor de Filosofia do Ifes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) Edson Kretle lembra que, para o pensador Aristóteles, ser e ter amigos é uma das virtudes mais necessárias aos humanos, pois as coisas boas oferecidas pela vida, como saúde, alimento, bens materiais e lazer, não fazem sentido sem amigos à volta. “A amizade pode ser baseada na utilidade recíproca, no prazer ou no bem. As duas primeiras acabam quando o prazer e a utilidade cessam”, afirma.

Amigo da onça

Quem já não teve um “amigo” que se fazia presente constantemente quando tudo na vida ia bem, mas, diante da primeira dificuldade, sumiu, desapareceu? Veja como Confúcio traduziu esse tipo de amizade: “Para conhecermos os amigos, é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade, na desgraça, a qualidade”.

Professor de Filosofia do Ifes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) Edson Kretle. Foto: Arquivo Pessoal

Já a amizade alicerçada no bem é verdadeira, pois se apoia na comunhão solidária entre pessoas. Ela é marcada por afetos positivos e, para ser mantida, exige dedicação, cuidado, diálogo, perdão e bondade. “Um aspecto muito importante na teoria aristotélica da amizade é que ela é uma virtude que adquirimos pelo hábito, ou seja, se aprende a se tornar um bom amigo a cada dia, quando se coloca em prática e se cultiva o amor pelo próximo”, acrescenta o professor.

Sozinho ou solitário?

Estar sozinho não é estar solitário. Cultivar momentos em que ficamos sozinhos nos possibilita conhecer a nós mesmos. Já o sentimento de solidão faz surgir em nós emoções negativas que diminuem a potência do viver. O modo de vida baseado no egoísmo nos convenceu de que viver sozinho é mais fácil, afinal, não temos que “negociar” nada com ninguém.

Foto: Pexels

Hoje os celulares nos conectam com o mundo, acessamos as pessoas instantaneamente, a um clique a conversa já começa, a dúvida é sanada, o tédio e o vazio vão sendo preenchidos. Estamos com o mundo na palma da mão, mas por que nos distanciamos de nós mesmos e das pessoas que nos cercam?

Estamos cada vez mais alienados da vida real, pois conviver exige diálogo, renúncias e paciência. “Possivelmente, nenhum de nossos ‘amigos virtuais’ exige essas virtudes, afinal, contatos virtuais não portam defeitos reais. Caso comecem a demandar muito de nós, apenas com um toque no celular esse ‘amigo’ deixa de estragar o mundo perfeito que lutamos para construir com uma visão míope sobre política, religião, futebol, moral etc. O grande risco é que estamos desaprendendo a conviver com o outro sob a penalidade de não sabermos mais o caminho de encontrar o próximo. É um grande risco a solidão se tornar um hábito”, afirma Edson Kretle.

Amigos-irmãos

Compartilhar momentos, pedir e dar conselhos, dividir angústias, trocar segredos. É ao lado de um bom amigo que o ser humano constrói relações emocionais equilibradas, nas diferentes fases da vida. Por isso, devemos lutar contra a solidão e valorizar a importância das amizades.

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Ligue agora mesmo para seu amigo, envie uma mensagem perguntando como ele está, mande um áudio falando um pouco sobre você e declare sua admiração. Ter amigos é uma forma de Deus cuidar todos os dias de você! 

“O papa João XXIII diz que, ‘se Deus criou sombras, é porque foi para melhor enfatizar a luz’. Os amigos são essas luzes, pois só superamos a terrível fragilidade da condição humana quando agimos juntos. Que a vida nos conceda o dom de muitas amizades, já que, dessa forma, o reino de amor e respeito se estenderá sobre os desertos áridos da solidão”, finaliza Edson Kretle.

 

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