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Mulheres da Bíblia, cuidadoras da criação

Na Bíblia, muitas são as memórias de mulheres que se destacaram como mães, pastoras, cantoras, líderes comunitárias, guerreiras, apóstolas, escravas, rainhas, profetizas, juízas…

Foto: Freepik

Abra a sua Bíblia com o olhar voltado para as mulheres e descubra muito mais! 

Já no início, no livro do Gênesis, no belo hino da Criação, vemos que “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus os criou, macho e fêmea os criou”(1,27).

A ambos, homem e mulher, Deus os abençoou e deu-lhes uma missão: “Dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres que se remexem sobre a terra... as ervas que estão sobre a terra inteira… todas as árvores… todas as feras, todas as aves do céu e todo bichinho da terra” (Cf 1,29ss). 

O primeiro capítulo do Gênesis traz a grande afirmação: “E Deus viu que tudo era muito bom”(1,31).
Com a criação, já foi confiada a missão ao homem e à mulher de cuidar de todos os seres, da Casa Comum.

Mulheres cuidadoras da criação

Desde as parteiras do Egito, até a diaconisa a quem o Apóstolo Paulo confia a circulação da Carta aos Romanos, muitas são as mulheres que abraçam o cuidado da Criação.

No Antigo Testamento, sob a dominação do patriarcado, aconteceram fortes experiências libertadoras por parte das parteiras hebreias. 
Joel Antonio Ferreira, autor do livro da Paulus, “Mulheres que conquistaram espaço e voz na Bíblia - resistências ao patriarcado”, escreve de forma brilhante sobre as mulheres parteiras que se posicionavam contra o assassino faraó. O primeiro capítulo de Êxodo fala desta resistência.

Questionadas pelo rei do Egito, porque deixavam os meninos viverem, quando a ordem era deixar viver as meninas e morrer, os meninos, ao nascerem, com sabedoria, assumiam a defesa da vida: “As mulheres hebreias não são como as egípcias. São cheias de vida e dão à luz antes que as parteiras cheguem” (Ex 1,19).

Moisés foi um dos meninos que viveu esta experiência. Para as parteiras, era preciso salvar os bebês de qualquer forma e salvar as mamães das dores profundas da perda de um filho. Foram mulheres que fizeram eco à missão de cuidar da vida, missão confiada por Deus na Criação.

Uma diaconisa é portadora da carta de Paulo

Paulo Apóstolo termina a Carta aos Romanos mencionando o nome de vinte e nove pessoas. A primeira delas é uma mulher que leva a carta, de Corinto, aos grupos cristãos em Roma. 

Recomendo a vocês nossa irmã Febe, diaconisa da igreja de Cencréia. Recebam-na no Senhor, como convém a cristãos. Dêem a ela toda a ajuda que precisar, pois ela tem ajudado muita gente e a mim também" (Cf. Rm 16,1-3).

Neste sentido, Febe foi portadora da Carta, que revela a todos nós a certeza de que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Cf. Rm 8,19.28).

A Apóstola dos Apóstolos

Muitas são as mulheres que imprimiram, também no Novo Testamento, sua voz e seu testemunho de vida. Entre elas, Maria Madalena. 

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O Papa Francisco elevou o dia em que se festeja Maria Madalena, 22 de julho, de um dia memorial para um dia festivo, em pé de igualdade com os outros apóstolos.  Tanto o decreto, de 3 de junho de 2016, quanto a carta de acompanhamento da Congregação para o Culto Divino, são intitulados "Apóstola dos Apóstolos".

Santa Maria Madalena é uma figura central para a fé cristã: discípula de Jesus, esteve presente aos pés da cruz quando ele foi crucificado e foi a primeira testemunha da ressurreição. “Apóstola dos Apóstolos”, não temeu ser julgada, mas correu para anunciar: “Eu vi o Senhor!” (Cf. Jo 20, 18).

Sem dúvida, este foi um importante passo para a reabertura de posições de autoridade e poder para mulheres na Igreja. 

Mulheres, protagonistas no cuidado da criação

Desde os inícios da Igreja, as mulheres desempenharam a missão de catequistas, palestrantes, ministras da comunhão extraordinária, líderes nas diversas pastorais e testemunhas de vivência cristã em família e nas comunidades.

Foto: Pexels

Em setembro de 2014, o Papa Francisco surpreendeu o mundo quando nomeou uma mulher brasileira, religiosa comboniana, Irmã Luiza Premioli, como membro de pleno direito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Até então, “membros” das congregações romanas eram sempre homens: cardeais, bispos e às vezes superiores de ordens religiosas masculinas.

Quase cinco anos depois, em 8 de julho de 2019, Francisco causou mais surpresa quando nomeou sete mulheres entre as 23 pessoas recém-nomeadas como membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Em janeiro de 2025, o Papa Francisco nomeou prefeita do mesmo Dicastério, Irmã Simona Brambilla, missionária da consolata. 

Em 1º de março de 2025, tomou posse a nova governadora do Vaticano, a franciscana da Eucaristia, Irmã Raffaella Petrini. Todas com o cuidado da criação.

“E Deus viu que tudo era muito bom!”

 

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