Foto: Juliene Barros
Dezembro chega envolto em encantos, com a beleza da esperança que floresce em cada coração, que anseia em celebrar o Natal: o nascimento do Menino Jesus.
Este Natal é um convite a contemplar a grandeza da encarnação do Filho de Deus, que, de maneira tão imprevisível, se faz presente na fragilidade de uma criança, deitada numa manjedoura.
Na delicadeza desse pequeno ser, deparamo-nos com o amor divino que vem ao nosso encontro, para reacender em nós a chama da solidariedade e da bondade.
É diante de um jovem casal, Maria e José, completamente inexperiente, e longe dos familiares, ao som do canto dos anjos e na presença dos pastores em Belém, que Deus nos chama a humanizar as relações, a cultivar gestos de ternura e compaixão; a desejar uma humanidade repleta de paz; renovar o compromisso por um mundo mais justo e reavivar nossos sonhos.
Neste ano de 2024, voltamos o olhar para a profecia de Ezequiel, cujas palavras ecoaram em nosso ser, questionando nossos atos e acendendo a chama da esperança, mesmo diante dos desafios que nos cercam.
Foi um ano de desastres ambientais que deixaram suas marcas: a enchente que devastou o Rio Grande do Sul, a seca que assolou terras férteis, e o fogo destruidor que trouxe dor e morte para tantas pessoas, animais e plantas. Presenciamos, também, a dor da guerra e o massacre de irmãos e irmãs, que perderam suas vidas por causa do poder e da ganância.
São clamores que talvez ainda não encontraram formas de romper esse nosso silêncio “inconveniente” diante da realidade, assumindo ações concretas de ousadia profética.
Entretanto, também vivenciamos momentos significativos, como as eleições municipais, que agora impõem a responsabilidade de acompanhar aqueles que foram escolhidos para servir.
A conclusão do Sínodo e o documento final, “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, surgem como frutos de anos de reflexão, convidando-nos a viver o estilo sinodal em nossas comunidades.
À medida que os dias passam, nos preparamos para o Ano Jubilar da Encarnação de Jesus, que começará com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro em 24 de dezembro de 2024, e novamente sentimos o apelo de renovar a fé e peregrinar na esperança rumo à paz.
O termo “Jubileu” ou “Ano Jubilar” se encontra na Bíblia unido ao Ano Sabático. A origem da palavra “jubileu” é incerta, alguns estudiosos encontraram uma afinidade com o termo hebraico “carneiro” referindo-se ao Shofar, um instrumento parecido com o berrante, no Brasil, que era tocado em momentos especiais, como na liturgia.
Outro significado seria “trazer de volta”, provavelmente baseado em Lv 25, que une o ano jubilar com o ano sabático, sendo esses caracterizados pelo repouso da terra e em cada 50 anos eram devolvidas as terras e as pessoas que tiveram que ser vendidas ao credor devido a dívidas, por isso a expressão “voltar ou trazer de volta”, dado que as pessoas retornavam para suas terras e casas.
Essa libertação era somente para as terras e escravos vendidos devido a dívidas e não todas as terras ou escravos. Encontra-se também uma menção ao Jubileu em Neemias, Is 61,1-2, sendo esse texto proclamado por Jesus em Lc 4,18-19.
Na tradição da Igreja Católica Apostólica Romana, o ano jubilar começou com o Papa Bonifácio VIII, em 1300, e era realizado a cada 100 anos, passando para cada 50 anos com o papa Clemente VI, em 1342, e por fim para a cada 25 anos com o Papa Paulo II, em 1470. Há também os jubileus extraordinários, como o da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco em 2015.
Há vários gestos que acompanham o ano jubilar, como a abertura da Porta Santa; a peregrinação aos lugares sagrados; a reconciliação; a ênfase na caridade e a profissão de fé.
A profissão de fé terá seu destaque, dado que 2025 recorda os 1700 anos da proclamação do credo niceno-constantinopolitano, originalmente elaborado em 325 pelo Concílio de Niceia, na atual Turquia, e aperfeiçoado no Concílio de Constantinopla, em 381.
O Papa Francisco, no dia 9 de maio de 2024, apresentou a bula “A esperança não confunde” (Spes non confundit), contendo a proclamação do jubileu ordinário do ano 2025.
Nesse documento, o Papa reflete sobre o tema da esperança para o Jubileu da Encarnação de Jesus Cristo. Seria importante lê-lo como preparação, nessas semanas do Advento, para melhor celebrarmos o grande mistério da fé contido no Natal: a encarnação do Filho de Deus.
Nós, irmãs paulinas do Serviço de Animação Bíblica, desejamos que o Natal seja um convite à reflexão, à gratidão, à solidariedade e ao compromisso de abraçarmos e vivermos a esperança de um novo começo e sermos testemunhas da PAZ!
Foto: Juliene Barros
Feliz Natal, a todas e todos que nos acompanham nessas “Dicas Bíblicas”! Que cada dia do novo ano seja iluminado pela esperança e que possamos continuar caminhando juntas e juntos em 2025!
Pausa para reflexão
1. Para aprofundar o tema do Ano Jubilar, leia a Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025, clique aqui.
Zuleica Aparecida Silvano, é irmã paulina, mestra em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e doutora em Teologia Bíblica pela FAJE. É assessora no Serviço de Animação Bíblica/Paulinas (SAB).
