Tuiuiús. Foto: Pixabay
Quando atravessei a estrada que liga Campo Grande a Corumbá, me vi no paraíso. Era um dia ensolarado e eu estava na janela de um ônibus. Ao longo do percurso, milhares de tuiuiús, jacarés, capivaras e toda exuberância das criaturas. Parecia o primeiro dia da criação.
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Na seca que o Pantanal atravessa nos últimos anos, vemos nas fotos animais aninhados em pequenas reservas de água, magros, como que morrendo de fome e sede.
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Ainda mais, animais recolhidos em hospitais veterinários, a maioria de voluntários, para tentar sanar queimaduras e outros ferimentos diante do fogo e da devastação do bioma.
Aquela que já foi a maior área alagada do mundo (210 mil km²), agora parece o Semiárido, com algumas poças d’água depois das chuvas. O Pantanal já perdeu cerca de 30% de sua superfície de água, mas no ano de 2023 a diminuição foi de 60%.
Há tempos se denuncia a entrada do agronegócio no Pantanal, principalmente em áreas de nascentes de rios. Há tempos que o fogo devasta o bioma para fazer renascer o pasto para o gado.
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Ainda mais, o Pantanal depende dos rios que nascem no Cerrado (Planalto), e os aquíferos do Cerrado dependem dos rios voadores que vêm da Amazônia.
Ao devastar a Amazônia, os aquíferos do Cerrado perdem poder de recarga, incluindo aí a devastação e compactação dos solos pelo agronegócio. Tudo está interligado nessa Casa Comum.
Então, quando cheguei a Corumbá, os amigos me levaram a uma oficina de artesanato, e lá estava uma imagem de Nossa Senhora do Pantanal, com seu manto coberto de animais e vegetações típicas do bioma.
Vi que ali havia um arquétipo comum a muitas manifestações marianas pelo mundo e pelo Brasil, sempre alicerçado no mesmo tripé: uma figura feminina, elementos da natureza e pessoas simples que recebem essas manifestações. Ali tive a intuição de fazer o álbum Maria e Ecologia.
Sem ter mais o que dizer sobre a devastação do território brasileiro, incluindo o Pantanal, replico aqui a canção que fiz para a Senhora do Pantanal:
Nossa Senhora do Pantanal. Foto: Divulgação
Senhora do Pantanal.
Nossa Senhora do Pantanal
Livra do mal os tuiuiús
As capivaras, todas as araras
Piraputangas e os pacus
Nossa Senhora, além de nós
Livra do mal os peixes,
As aves e os rios.
E olha-nos com os olhos das águias
E guarda-nos com o instinto das onças
E dá-nos a astúcia das cobras
E dá-nos a inocência dos pássaros.
E a força da boca desses jacarés
E a paz que rola mansa sob os igarapés
Peixes, matas, águas, aguapés
Peixes, matas, águas, água e fé.
Peixes, matas, águas, aguapés
Peixes, matas, águas, água é fé.
Amém!
(Senhora do Pantanal. Animação Pe. Edegard)
(CD Maria e Ecologia – disponível também em outras plataformas)