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Nova Encíclica de Francisco sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus 

Depois de Lumen fidei, Laudato Sì e Frattelli Tutti, esta é a quarta Encíclica de Francisco: “Dilexit nos” (Amou-nos)

Foto: Freepik

Neste documento, Francisco pede para recuperarmos aquilo que é mais importante e necessário: o coração. Ele propõe a toda a Igreja e “a um mundo que parece ter perdido o coração”, o culto ao Sagrado Coração de Jesus.

A encíclica Dilexit foi publicada no dia 24 de outubro, durante as celebrações do 350º aniversário da primeira manifestação do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em 1673.

Jesus pediu a Margarida que a sexta-feira após a Solenidade de Corpus Christi fosse dedicada à Festa do Sagrado Coração de Jesus. Em 1856, Pio IX decidiu que esta festa fosse estendida a toda a Igreja.

No século XIX, a devoção se espalhou rapidamente com consagrações e surgimento de congregações masculinas e femininas.

O amor de Cristo representado em seu Coração

Em uma sociedade que vê a multiplicação de “várias formas de religiosidade sem referência a uma relação pessoal com um Deus de amor”, em que o cristianismo muitas vezes esquece “a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa”, Francisco propõe um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo representado em seu Coração e nos lembra que, no Coração de Cristo, “encontramos todo o Evangelho”…

Apresentação do documento 

Depois de uma introdução, a encíclica “Dilexit nos” é apresentada em cinco capítulos: A importância do coração; Gestos e palavras de amor; Este é o Coração que tanto amou; Amor que dá de beber; Amor por amor. E encerra, com breve conclusão.

A importância do coração

O que entendemos quando dizemos “coração”? O que diz a Bíblia?

O problema da sociedade líquida atual é a desvalorização do centro íntimo do homem: o coração. E isto vem de mais longe: encontramo-la já no racionalismo grego e pré-cristão, no idealismo pós-cristão ou no materialismo nas suas diversas formas.

É preciso regressar ao coração e o mundo pode mudar a partir do coração.

Gestos e palavras de amor

Jesus está sempre à procura, sempre próximo, sempre aberto ao encontro. Contemplamos isto quando se detém a conversar com a Samaritana, junto do poço onde ela ia buscar água (cf. Jo 4, 5-7).

Vemo-lo quando, no meio da noite escura, encontra Nicodemos, que tinha medo de ser visto perto d’Ele (cf. Jo 3, 1-2). Admiramo-lo quando, sem se envergonhar, deixa que uma prostituta lhe lave os pés (cf. Lc 7, 36-50); quando diz, olhos nos olhos, à mulher adúltera: “Não te condeno” (Jo 8, 11). Cristo mostra que Deus é proximidade, compaixão e ternura.

Se curava alguém, preferia aproximar-se: “Jesus estendeu a mão e tocou-o” (Mt 8, 3); “tocou-lhe na mão” (Mt 8, 15); “tocou-lhes nos olhos” (Mt 9, 29). E, como faz uma mãe, curou os doentes até com a própria saliva (cf. Mc 7, 33) para que não o sentissem alheio às suas vidas.

Este é o coração que tanto amou

A devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus. O que contemplamos e adoramos é a Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito homem, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração.

Neste capítulo trata da adoração a Cristo, a veneração à sua imagem. É preciso haver amor sensível, pois num coração humano não pode haver ódio, indiferença e egoísmo.  No Coração de Jesus contempla-se a Santíssima Trindade.

É muito interessante as expressões recentes do Magistério da Igreja sobre o tema. Leão XIII, Pio XI, Pio XII, João Paulo II, Bento XVI.
Apresenta também algumas propostas, como a comunhão eucarística nas primeiras sextas-feiras do mês, a hora de adoração às quintas-feiras e o compromisso comunitário e missionário.

Amor que dá de beber

“Da ferida do lado de Cristo continua a correr aquele rio que nunca se esgota, que não passa, que se oferece sempre de novo a quem quer amar. Só o seu amor tornará possível uma nova humanidade”, afirma.

Traz ressonâncias da Palavra na história em expressões muito oportunas de Santo Agostinho, São Bernardo, São Boaventura e o relato de várias mulheres santas.

A devoção ao Coração de Cristo transcendeu gradualmente a vida monástica e encheu a espiritualidade de santos mestres, pregadores e fundadores de congregações religiosas que a difundiram nas regiões mais remotas da terra.

Forte é o contributo de São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.

Há também ressonâncias nos Exercícios Espirituais, onde Santo Inácio convida a colocarmo-nos diante do Evangelho que nos diz sobre Jesus: “ferido com a lança, o seu lado jorrou água e sangue”.

Quando o exercitante se encontra diante do lado ferido de Cristo, Inácio lhe propõe entrar no Coração de Cristo. Qualquer exercitante pode reconhecer que nos Exercícios há um diálogo de coração para coração.

Amor por amor

A partir da segunda grande manifestação a Santa Margarida, Jesus exprime dor porque o seu grande amor pelos homens “não recebia senão ingratidão e friezas”.

“Recebi de Deus graças muito grandes do seu amor, e senti-me impelida do desejo de lhe corresponder de algum modo e de lhe pagar amor por amor” 

É preciso voltar à Palavra de Deus para reconhecer que a melhor resposta ao amor do seu Coração é o amor aos irmãos: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

“Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5, 14).

Conclusão

Francisco termina pedindo ao Senhor Jesus Cristo que, “para todos nós, do seu Coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno”.
 

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