Catequese

Novas linguagens e metodologias comunicacionais na Iniciação à vida cristã

Dinamização das linguagens e metodologias em âmbito comunicacional na Iniciação à Vida Cristã

 

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Diante do atual contexto social em que as novas tecnologias estão inseridas, faz-se importante observar, dialogar e introduzir essas novas mídias e as suas linguagens no processo de Iniciação da fé.

No caminho eclesial, vários impulsos foram dados para a abertura do pensamento comunicacional na utilização das novas tecnologias para a atualização da mensagem evangélica.

O fundador da Família Paulinas, o bem-aventurado Pe. Tiago Alberione , impulsionado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, motiva para a vivência de uma comunicação evangelizadora na Igreja, como forma de encontro com a Pessoa de Jesus.

O anúncio da fé, a partir da contribuição das novas tecnologias, e a experiência querigmática da Iniciação Cristã caminham juntas na atualização evangélica, de forma especial, entre os adolescentes e jovens que dia a dia convivem, interagem e criam laços fraternos também com o auxílio das novas tecnologias, ao diminuir as distâncias e ao percorrer outros caminhos de partilha de vida e experiências. 

Desse modo, a base da mensagem comunicativa no caminho querigmático é a Palavra de Deus, que é “comunicada a partir de uma vivência e  prática cristã que conduzem os catequizandos a um encontro pessoal cada vez mais intenso com Jesus Cristo” (Doc. 99, n. 69).

A partir desse aspecto, podem-se elencar possibilidades colaborativas de inserção das novas tecnologias na Iniciação à Vida Cristã.

Meios tecnológicos no processo de comunicação da fé

Uma primeira possibilidade é a contribuição dos meios tecnológicos no processo de comunicação da fé. É importante ressaltar que quando a Iniciação Cristã dialoga, interage e se utiliza dos recursos tecnológicos,“deve visar sempre a participação eclesial e litúrgica. A experiência digital deve ser vista como um meio, para um fim que é a Iniciação à Vida Cristã” (MARCHINI; PARO, 2021, p. 95).

Com a atual virada comunicacional, o método “transmissor-receptor” caiu em desuso, e cada pessoa é “agente e transmissor”; partícipe da interação comunicacional e faz com que o caminho de fé se torne uma experiência vivencial e de partilha, permeada pelo encontro, fraternidade e eclesialidade. Dessa maneira, vale ressaltar a importância dos recursos tecnológicos no dia a dia da Iniciação Cristã.

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Os “materiais audiovisuais, as produções musicais, cinematográficas e televisivas, os sites, blogs e redes de relacionamento, com conteúdos culturais e religiosos, apresentam-se, dessa forma, como preciosos recursos para os catequistas e catequizandos” (Doc. 99, n. 73).

Formação para a comunicação

A segunda possibilidade é a formação para a comunicação, pois, atualmente se faz necessária uma contínua atualização na formação dos catequistas em seus diversos aspectos: doutrinal, litúrgico, eclesial, bíblico, psicológico e comunicacional.

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Através de um caminho formativo concreto e vivencial, o catequista aprofunda a experiência da própria fé, compreende como ela é vivida no ambiente pastoral em que atua, busca a melhor forma para transmitir a fé aos catequizandos e suas famílias, além de conscientizar e reconhecer a contribuição das tecnologias e seus avanços para que a transmissão de fé seja cada vez mais difundida e vivenciada.

Educomunicação

A terceira possibilidade é a educomunicação na Iniciação à Vida Cristã, que pode ser compreendida por reunir “conceitos de educação, comunicação e suas inter-relações” (CORAZZA, 2016, p. 21).

A educomunicação pode auxiliar na Iniciação à Vida Cristã através da metodologia e suas interpretações como apoio pedagógico no caminho querigmático, pois, “a educação para a comunicação na pastoral diz respeito à compreensão e prática dos processos comunicacionais, ao relacionamento das pessoas com os meios de comunicação, tanto na recepção dos produtos midiáticos quanto no cotidiano” (CORAZZA, 2016, p. 44). Compreender o processo educativo do iniciado contribui para um melhor desenvolvimento da fé no seguimento a Jesus.

Mídias digitais

A quarta possibilidade são as novas tecnologias e mídias digitais para uma Iniciação Cristã interativa. Elas estão presentes nos ambientes eclesiais com a participação efetiva da juventude, como afirma o Diretório de Comunicação na Igreja do Brasil: “as redes sociais digitais, presentes na vida de grande parte dos catequizandos, são outra oportunidade de encontro e reflexão no processo catequético. Tais redes podem integrar na catequese novas possibilidades de participação efetiva na vivência cristã” (Doc. 99, n. 76).

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Dessa maneira, a aproximação maior com estes meios é frequente e rápida, tanto para a utilização quanto para a mudança de aparatos tecnológicos.

Um fator de termômetro são as escolas que frequentemente atualizam-se e investem em formação para integrar positivamente os meios tecnológicos no dia a dia da vida escolar. Assim, a pedagogia da iniciação também precisa contar com estes meios para uma melhor e mais eficaz utilização da tecnologia na catequese.

Arte e cultura a serviço da evangelização

A quinta possibilidade é arte e cultura a serviço da evangelização, que são uma temática por vezes esquecida ou deixada de lado, mas torna-se uma expressão de grande valia na interação entre as diversas faixas etárias, além de uma exteriorização daquilo que pode ser proposta como síntese dos encontros e eventos, tanto na catequese quanto nos eventos eclesiais.

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Vale ressaltar que “o caminho da beleza é um percurso particularmente eficaz na nova evangelização” (SÍNODO DOS BISPOS, 2012, disponível na internet), ou seja, a linguagem eclesial, os rituais, a experiência de Deus e o caminho de Iniciação à Vida Cristã, são simbólicos e mistagógicos. 

Ser amigo

A sexta possibilidade é ser amigo(a) de caminhada na vida do iniciado. Não se trata aqui em tirar a responsabilidade dos pais no acompanhamento dos filhos em relação ao cultivo da fé, mas conhecer a realidade e como vivem os catequizandos, para construir laços de abertura, confiança, empatia e liberdade.

Assim, também é na convivência interpessoal e na relação através das tecnologias. Pode-se tomar, por exemplo, os ensinamentos de Jesus, ao falar com seus discípulos, muitas vezes utilizava parábolas para que eles pudessem compreender.

Ao contemplar os ensinamentos do Mestre Jesus, o catequista, chamado para esta tão bela missão, convida e conduz também tantas pessoas para se aproximarem de Jesus, para ouvir, aprender e seguir os seus passos. 

Catequese familiar

A sétima possibilidade é a catequese familiar e as novas tecnologias. Há algum tempo, os novos itinerários de Iniciação Cristã apresentam a relação entre a família, o(a) iniciado(a) e a comunidade eclesial, pois, “pensar uma catequese junto às famílias é essencial para um processo catequético mais eficiente” (MARCHINI; PARO, 2021, p. 110).

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Dessa maneira, é um momento importante de encontro e partilha em família, um espaço de evangelização e amadurecimento da fé, também para os pais. Para as famílias que sentem maior dificuldade de ir até sua comunidade eclesial, “a internet pode ser um bom instrumento para compor uma catequese familiar” (MARCHINI; PARO, 2021, p. 110).

Linguagem comunicativa

Assim sendo, a oitava possibilidade são as novas tecnologias e a metodologia com uma linguagem comunicativa na Iniciação à Vida Cristã. A metodologia da Iniciação Cristã parte da fidelidade ao anúncio do Evangelho e tem por referência a Palavra de Deus, mensagem autêntica de Deus na vida do seu povo.

O Diretório para a Catequese afirma que “a Igreja, ao manter viva a primazia da graça, sente com responsabilidade e sincero cuidado educacional a atenção aos processos catequéticos e ao método” (Doc. 53, n. 195), por conseguinte, a metodologia e os processos catequéticos são dinâmicos, interativos e que se abrem para adequação das novas tecnologias no caminho catequético.

A linguagem é permeada por algumas outras maneiras de expressão que a comunicação se faz presente: bíblica, simbólico-litúrgica, doutrinal, performativa, etc.

Portanto, a Iniciação à Vida Cristã se insere num movimento comunicativo e experiencial na transmissão da fé e as novas tecnologias tornam-se elementos importantes neste caminho por sua interação, dinamicidade e ludicidade no ambiente eclesial.

 

Ir. Alexsandra Araujo é bacharel em teologia e graduanda em sistemas para internet. No momento, é responsável pelo departamento de Internet/Paulinas.
 

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