Irmã Maria Goretti de Oliveira, religiosa paulina. Foto: Viviani Moura, fsp
Sinto a minha vocação como escolha e chamado. Deus me escolheu em sua misericórdia e me chamou a viver mais perto dele, e a fazer da minha vida uma oferta contínua no serviço do seu Reino. O meu agir missionário tem como fundamento:
- O encontro com Cristo, a experiência com o Senhor crucificado-ressuscitado que se dá por meio da fé, na oração pessoal e comunitária, em sua Palavra, nas mediações, e nos acontecimentos do cotidiano;
- A experiência da graça. Mesmo me reconhecendo fraca, ele me dá a força: “Basta-te minha graça” (2 Cor12, 9);
- A certeza de que Deus caminha comigo: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Ele está contigo! Esta é a certeza que me faz seguir apesar do medo, das dificuldades e desafios, e do que às vezes parece não fazer sentido. Eu não estou sozinha, há alguém que me acompanha e é fiel.
São essas experiências que me fazem desejar que mais pessoas encontrem a Cristo e sua Palavra de Salvação, para que possam viver com fé e esperança, e acolham o amor.
No âmbito da minha resposta pessoal ao seu chamado dentro da vida religiosa consagrada paulina, busco:
- Integrar vida ativa e vida contemplativa. Aprender a contemplar a vida e os acontecimentos à luz da fé e, ao mesmo tempo, levar para a vida o que contemplo no silêncio e na oração; ter o olhar voltado para o Alto, sem esquecer do irmão/irmã que encontro nos vários lugares de missão ou que convive comigo. Fé e vida, contemplação e ação não se separam. Consiste em um desafio criar unidade em todos os aspectos/dimensões que compõe a nossa vida de mulheres consagradas comprometidas com a causa do Reino, para isso é necessário o cultivo de uma vida interior e um caminho de conversão pessoal e comunitária.
- Viver a comunhão que o papa Francisco chamava também de sinodalidade. A comunhão é própria da nossa vocação de discípulas missionárias, uma vez que a Trindade é comunhão, e a Eucaristia é escola de comunhão e participação no mistério pascal. Aprender a viver essa comum-unidade não é fácil, pois a tendência do mundo atual é o individualismo e a busca dos próprios interesses, sem muito espaço para ver o outro, mas somos chamadas a viver em comunhão.
Irmã Maria Goretti com a provincial das Irmãs Paulinas do Brasil, Irmã Ana Marlene Konzen. Foto: Viviani Moura, fsp
- Crescer na comunicação que acontece em todos os âmbitos, sobretudo a comunicação humana, a presença, o diálogo, os pequenos gestos de acolhida, a empatia... os nossos relacionamentos precisam ser geradores de vida e salvação. E dentro desse aspecto, a comunicação impressa e digital como meio de ir ao encontro dos mais distantes, chegando às várias realidades, pois são muitos os lugares de salvação.
- E, como nos pede o nosso fundador, o bem-aventurado Tiago Alberione, estar atenta aos sinais dos tempos, buscando discernir os vários contextos, às necessidades do mundo atual, com cenários tão desafiadores à luz do Espírito. A Igreja nos pede para termos atenção às causas sociais e humanitárias, como a preservação e o cuidado com a “casa comum”, a crescente desigualdade social que afeta tantos povos, a violência e a intolerância. Diante dessas realidades, fomentar uma cultura de paz, acolhimento das diferenças e justiça social. Não se trata apenas de mudanças estruturais, mas de mudanças de mentalidade, de adaptação ao novo, valorizando o passado, mas sem se deixar prender ao que não responde mais aos tempos atuais.
- Descobrir a missão paulina, como lugar de profecia. Por meio da nossa natureza docente, despertar consciências, compartilhar saberes e conhecimentos que sejam geradores de vida, de igualdade para todos, de respeito ao outro. Refiro-me à docência não no sentido escolar ou acadêmico, mas no dom e na tarefa de comunicar os conteúdos e a experiência de fé. Preparar-se para chegar a todos, com todos os meios. O que requer uma preparação humana, espiritual, técnica e profissional.
O artigo n. 1 da exortação Christus vivit inicia com a afirmação mais importante e fundamental do cristianismo: “Cristo vive. Esta é a nossa fé, a nossa esperança.” O papa Francisco enfatiza: “Cristo vive e te quer vivo. Ele é a vida verdadeira.” Que possamos responder ao chamado de Deus caminhando sempre com essa esperança.
