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O cultivo da espiritualidade no envelhecimento

 

Foto: Pixabay

Uma base importante para o ser humano é a espiritualidade e a transcendência, e para aqueles que não professam uma crença específica, algo que o motive a encontrar-se com o sagrado.

A partir da concepção cristã católica, sobre a espiritualidade ou teologia espiritual, pode-se definir o que consiste em “tentar compreender nossa relação com Deus. Mas ‘espiritual’ pode também referir-se mais diretamente a uma dimensão do ser humano que muitas vezes se chama ‘coração’, e que é a alma, a interioridade, a capacidade de entrar em relação com Deus” (LACOSTE, 2004, p. 660). 

Dessa forma, cada pessoa precisa de um tempo para o cultivo interior, e na terceira idade, se torna um momento de crescimento, de fortalecimento da saúde e de uma melhor qualidade de vida. Segundo Carlos Afonso Schmitt, terapeuta holístico e especialista em saúde integral, “somos seres espirituais em expressões humanas. Nosso espírito e nossa mente precisam de cuidados especiais. E tem gente que esquece, quase por completo, que tais cuidados são vitais para sua realização como ser humano” (SCHMITT, 2009, p. 49).

Na espiritualidade do envelhecer, a oração é o impulso do espírito. Quanto mais o ser humano encontra consigo mesmo, mais busca caminhos para transcender-se e encontrar-se com Deus, na oração, nas pessoas, nas situações do dia a dia e com todos os demais elementos presentes no universo.

A oração também é ternura. Ternura de se deixar encontrar por Deus e ouvir seus apelos, que constantemente aparecem no impulso do coração. Segundo Jean-Pierre Dubois-Dumée, “se devemos envelhecer ‘rejuvenescendo’, isso se aplica também ao domínio essencial da oração. Rejuvenescer a nossa oração para rejuvenescer o nosso coração. Rejuvenescer a nossa oração à medida que envelhecemos” (DUBOIS-DUMÉE, 1999, p. 58). 

Rejuvenescer não significa pausar o processo do envelhecimento ou voltar às etapas anteriores da vida, mas é ter uma qualidade de vida e consciência no processo natural e biológico que se vive. Dessa forma, o envelhecimento e a espiritualidade estão intrinsecamente ligados nesse processo comum da vida. Assim como as outras dimensões humanas, a espiritualidade pode ser levada em consideração de forma leve e espontânea, sem rigidez, mas como uma experiência transcendental, que vai além de formas rotineiras, já tão utilizadas ao longo da vida.

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A oração, como base do cultivo espiritual no envelhecimento, pode ser compreendida como “sobretudo, não a rejuvenescer como camadas de tinta fresca sobrepostas a camadas de tintas velhas, mas fazê-la brotar do coração, novinha, como se nunca tivesse existido. Não só redescobri-la, mas descobri-la” (DUBOIS-DUMÉE, 1999, p. 58).

Outro aspecto importante na espiritualidade do envelhecimento é colocar-se à escuta de Deus na oração. Silenciar-se para ouvir os apelos que Deus tem a dizer na vida de cada pessoa é um passo importante para um envelhecimento saudável. A oração é uma força que move para sair e ir além da solidão que permeia a terceira idade, ela é “o segredo da serenidade. O segredo da alegria. O segredo da juventude para a qual não deixamos, apesar da idade, de ser convidados” (DUBOIS-DUMÉE, 1999, p. 59).

Através da espiritualidade bíblica, é possível cultivar uma vida interior de encontro diário com Deus através da Palavra. Como Dubois-Dumée afirma, envelhecer é o tempo das bem-aventuranças. O tempo da renovação. As bem-aventuranças são o contrário do hábito. Dirigem-se, por certo, a todos, a todas as idades entre nós. Envelhecer bem é simplesmente fazê-lo conforme as oito bem-aventuranças: desapego, calma, compaixão, tolerância, pureza de coração, etc. (DUBOIS-DUMÉE, 1999, p. 59).

 

Irmã Alexsandra Araujo, é bacharela em Teologia e graduanda em Sistemas para Internet. No momento, é responsável pelo Departamento de Internet – Paulinas Brasil.
 

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